Edson Athayde, CEO/CCO FCB Lisboa
“Não é o número de leões que define a qualidade criativa de um mercado”
“Quando ganhamos, comemoramos. Quando não, trabalhamos para ganhar no ano a seguir. Assim é a vida”, diz Edson Athayde
Rui Oliveira Marques
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Edson Athayde, presidente e director criativo da FCB Lisboa, avaliou a categoria de Brand Experience & Activação do festival Cannes Lions. O M&P ouviu-o antes do arranque do festival.
Meios & Publicidade (M&P): O festival de Cannes continua a ser uma competição onde é possível encontrar inspiração para o resto do ano?
Edson Athayde (EA): Cannes continua a ser botão de reset anual da indústria publicitária mundial. Perdeu algumas funções do passado. Antes, era lá que descobríamos as coisas, agora é lá que vamos ver muitas das ideias que já conhecemos ser consagradas. Mas ainda tem uma relevância ímpar. Meca é Meca, não dá como fazer de conta que não existe. São milhares de publicitários reunidos num mesmo lugar (fora os que acompanham pela web) a discutir coisas, a estabelecer conexões, a aprovar ou a questionar formatos.
M&P: Quem é que acha que irá este ano vai dar que falar? Quais as agências, casos ou temas que acredita que vão marcar a agenda?
EA: Isto já é mais complicado de dizer. Há sempre um tema, uma campanha, uma agência que só se destacam quando o festival começa. Sabemos que alguns projectos vão ter muito destaque, claro, mas dá para dizer que serão as âncoras do evento. Por acaso, uma das campanhas que tem tudo para bombar este ano é o Whooper Detour, para o Burger King, criada pela FCB Nova Iorque. Não é por ser de casa, mas é o tipo de projecto que vem arrasando nos últimos festivais e que reúne uma boa ideia, uma grande marca, tecnologia, humor e muito investimento, ou seja, a receita que mais funciona hoje em dia.
M&P: Após anos mais apagados em termos de prestações de leões, considera que o mercado português ainda valoriza os Cannes Lions?
EA: Não é o número de leões que define a qualidade criativa de um mercado. Pobre de quem precisa dessa justificação para fazer valer a sua auto-estima profissional. Há que se manter a cabeça erguida e acreditar no próprio trabalho, com ou sem Leão. Os meus primeiros (e os do país, que são os mesmos) foram em 1992. Houve anos que voltei a ganhar e outros que não. Quando ganhamos, comemoramos. Quando não, trabalhamos para ganhar no ano a seguir. Assim é a vida. Feita de presente e de futuro, de quem crê na força das ideias, de estoicismo e dedicação, não de lamúrias e recriminações.
M&P: No caso português, um leão pode mudar o percurso profissional de um criativo ou de uma agência?
EA: Um leão é sempre melhor ter do que não. Mas daí a mudar totalmente a vida de um profissional ou empresa não é automático. Isso pode até acontecer, mas aí o Leão terá sido a cereja no bolo de um processo que começou antes dele e continuará a seguir. Leão é prova de um momento mas não é atestado de qualidade para a eternidade.