IA generativa vai acelerar inovação e alterar paradigmas de consumo, antecipa estudo da Accenture
O mundo está a mudar e os próximos anos prometem ser ainda mais desafiantes para a humanidade. “Metade dos consumidores estão a alterar significativamente os seus objetivos de vida, dando […]
Luis Batista Gonçalves
Um terço dos portugueses está a gastar mais em compras online
José Guerreiro reforça departamento criativo da Lisbon Project
Perplexity já permite fazer compras
Cristina Ferreira trava execução de sentença de primeira instância da SIC
BA&N faz parceria com consultora SEC Newgate
António Zambujo é o embaixador dos vinhos da Vidigueira
ERA recorre ao humor para atrair gerações Y e Z (com vídeo)
“Cream é não provar” as novas Amarguinhas Creme
McDonald’s escolhe Wandson Lisboa para campanha de Natal (com vídeos)
Natal da Coca-Cola divide opiniões (com vídeos)
O mundo está a mudar e os próximos anos prometem ser ainda mais desafiantes para a humanidade. “Metade dos consumidores estão a alterar significativamente os seus objetivos de vida, dando mais prioridade à estabilidade no emprego e à reforma do que ao casamento ou à obtenção de um diploma universitário. Outros 48% fazem planos para as suas vidas com menos de 12 meses de antecedência ou não fazem qualquer planeamento”, sublinha o estudo “Accenture life trends 2024”.
“Esta mudança de mentalidade, provocada em parte pelo rápido avanço da tecnologia, está a alterar a sociedade e a criar um nível de incerteza e fragilidade para as empresas. As pessoas estão agora a desconstruir passos habituais nas suas vidas”, alerta o décimo-sétimo relatório anual da Accenture.
“Estamos a entrar numa década de desconstrução impulsionada pela mudança dos valores dos consumidores, pelo crescimento explosivo da inteligência artificial [IA] e pela velocidade implacável da mudança”, refere Mark Curtis, global sustainability lead da Accenture Song, organização da consultora que desenvolve estratégias que associam “conhecimentos e precisão analítica à criatividade, empatia e ambição”.
“Estas alterações estão a fazer com que os líderes empresariais se questionem por onde devem começar. Na nossa ótica, devem priorizar a chamada de atenção para a excelência, dando espaço para que as procuras do engenho humano e da criatividade floresçam”, defende o responsável, salientando as cinco tendências macroculturais globais identificadas pela Accenture que, acredita, “deverão revolucionar a forma como as empresas e os líderes se mantêm relevantes para os seus clientes, ao mesmo tempo que aceleram o crescimento”.
Deficiências nos serviços de apoio afastam clientes
Durante décadas, a correlação entre a experiência do cliente e o crescimento das receitas levou muitas organizações a colocarem-no no centro de todas as decisões. Nos últimos anos, muitas viram-se na contingência de forçar cortes nas empresas, o que tem gerado fricção entre os clientes e as marcas em todos os canais, “sob a forma de aumentos de preços, redução da qualidade, uma avalanche de subscrições e um mau serviço ao cliente”, aponta a consultora.
Terem máquinas a atender pessoas, uma das (r)evoluções da IA, é uma das principais críticas. “As reduções de qualidade e de dimensão, os declínios no serviço, as deficiências no serviço ao cliente e as subscrições indesejadas estão a dar origem a uma sensação de que as marcas estão a reverter discretamente as suas promessas”, refere. “As estratégias de sobrevivência das empresas são vistas, algumas delas, como estratégias de ganância por parte de alguns clientes”, adverte o documento.
A IA também está a mudar a experiência dos utilizadores na internet. Apesar de 77% já estarem familiarizados com as interações com chatbots, só 42% é que se sente confortável com a sua utilização. “Esta tecnologia acabará por mudar a maioria das interfaces que utilizamos. As marcas tentarão utilizar esse conhecimento para criar produtos, serviços e experiências hiper-relevantes, ao passo que as marcas inteligentes irão mais além, passando a desenvolver marcas reativas”, vaticina.
A década de alegada desconstrução que agora se inicia
A IA generativa é encarada, por muitos, como uma ameaça à criatividade humana tradicional. “Agora que os algoritmos e a tecnologia se interpõem frequentemente entre o criador e o público, é necessário seguir novas regras, o que está a influenciar o produto final, por vezes para pior”, critica a Accenture. “35% dos inquiridos considera que os designs das aplicações são [atualmente] indistinguíveis entre as marcas”, refere ainda a consultora.
“Este desafio da mediocridade não se vai resolver sozinho e pode até piorar à medida que a IA generativa se torna um ator mais importante nos processos criativos. As empresas inteligentes verão aqui uma oportunidade. Num mar de familiaridade, a originalidade destacar-se-á sempre, tal como o investimento em talento criativo”, assegura o “Accenture life trends 2024”. “A relação das pessoas com a tecnologia está a atravessar um momento crítico”, garante o relatório.
“Quase um terço dos [15.227] consumidores [inquiridos em 21 países em agosto] afirma que a tecnologia complicou as suas vidas tanto quanto as simplificou”, avança o documento. “Os percursos de vida tradicionais estão a ser redirecionados por novas limitações, necessidades e oportunidades. As pessoas estão a desafiar ideias antigas e a moldar novas formas de pensar, agir e viver. Parece que está a começar uma década de desconstrução e o impacto nos sistemas e serviços será de grande alcance”, conclui.