Opinião: Como vão os humanos comunicar em 2024?
À medida que nos aproximamos do final do ano e planeamos os desafios do próximo, a comunicação enfrenta transformações avassaladoras e as tendências prometem desafiar empresas a se adaptarem e […]
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À medida que nos aproximamos do final do ano e planeamos os desafios do próximo, a comunicação enfrenta transformações avassaladoras e as tendências prometem desafiar empresas a se adaptarem e inovarem num ápice.
No total da população portuguesa, segundo o estudo “Os Portugueses e as Redes Sociais” produzido pela Marktest, a média de tempo passado nestas plataformas situa-se nos 111 minutos por dia, ou seja, uma hora e 51 minutos. Há um dado paralelo ainda mais pertinente – nos últimos cinco anos, o tempo médio que os portugueses passam a consultar redes sociais aumentou 25 minutos. Duas horas podem parecer pouco, mas equivalem a quase 10% do dia de cada consumidor que as marcas podem alcançar.
É precisamente por causa deste dado que cada Organização se poderá distinguir em 2024, desenvolvendo uma proximidade pessoal com os consumidores, mesmo que através de um ecrã. O foco é a mensagem, não somente o canal.
Vamos explorar essas tendências em quatro questões, onde a criatividade e a experiência do consumidor desempenham um papel essencial, com a inteligência artificial (IA) como um dos motores dessa metamorfose.
• Os eventos virtuais a passar para o metaverso ou os eventos físicos a não perder tração?
Pode parecer contraditório, num momento em que a tão complexa e curiosa espécie humana demonstra vontade de regressar à famosa dinâmica “presencial”, aos eventos e aos encontros. É precisamente por esse facto que o metaverso poderá crescer. A proximidade, a empatia e o toque estão lá, mas reunidos num só campo de frequências digitais.
Em 2024, o destaque recairá sobre conteúdos envolventes, como vídeos interativos e realidade aumentada, permitindo às marcas cativar os consumidores de forma mais ativa. O metaverso emerge como um terreno de exploração, possibilitando a criação de experiências imersivas. A realidade virtual e a realidade aumentada também se tornarão cada vez mais comuns nas estratégias de marketing.
• A hiperpersonalização vai aproximar-nos ou afastar-nos?
A personalização de conteúdo continua a evoluir, fazendo uso da IA e da análise de dados para comunicações altamente específicas, adaptadas às necessidades individuais dos consumidores. É este mais um dos pontos em que o físico e o digital se encontram num ponto de consenso, porque só a partir dos dados é que a magia da precisão de colocar o consumidor no sítio certo, à hora certa, a ver o conteúdo certo, se torna realidade.
• O Marketing de conteúdo a longo prazo ou o regresso aos famosos “6 segundos”?
Quem não se lembra da famosa aplicação Vine, que deixou uma marca indelével no Youtube com as suas compilações que ainda são visualizadas milhões e milhões de vezes, com conteúdos criativos, bem-humorados e… rápidos. 6 segundos eram suficientes para contar uma história. Na comunicação, sabemos que o paradoxo é o desafio a desvendar diariamente. Em contrapartida às campanhas de curto prazo, as empresas investem em estratégias de conteúdo perene para cultivar relacionamentos mais profundos e duradouros com os clientes.
Em 2024, diferentes preferências irão continuar a viver em simultâneo. Tanto o micro conteúdo continuará a ser rei no Tik Tok como o long form continuará a abrir caminho, em especial com a crescente aposta das empresas nos podcasts corporativos. O ponto em comum, seja durante seis segundos ou três horas, é que as marcas não vão comunicar serviços nem inovações. Vão contar histórias humanas.
• A sustentabilidade vai tornar-se insustentável?
É, diria, o maior dilema que as organizações, no seu geral, e os departamentos de marketing & comunicação, em particular, enfrentam no panorama atual. Sendo a comunicação dos fatores ESG um ponto fulcral e até mesmo, face às recentes regulamentações da União Europeia, uma formalidade necessária, tornar-se-á cada vez mais relevante que as marcas sejam capazes de coadunar os seus reports de sustentabilidade aos seus atos diários.
“O elemento mais poderoso da comunicação é a verdade”. Esta frase de William Bernbach mostra-nos, de forma simples, que a autenticidade é uma métrica chave para as marcas e deverá estar intrinsecamente ligada à comunicação ESG. Ser transparente é a única rota possível para criar uma ligação emocional duradoura com qualquer stakeholder e isso não poderá ser mais atual em 2024 do que em qualquer outro momento. É desta forma que acredito que o próximo ano será aquele no qual as equipas de comunicação se vão afirmar verdadeiramente como consultores estratégicos, não só produzindo o racional, o briefing e executando, mas orientando as empresas e desbravando o caminho certo para marcas positivas e sustentadas. Quem sabe, com mais chief communications officers.
Todas estas possíveis tendências desdobram-se, como habitual no mundo da comunicação, em dúvidas e dilemas incertos, espelhando a necessidade de inovação, adaptação e foco nas experiências dos consumidores para alcançar um sucesso contínuo num mercado em constante mutação, mas há claramente um denominador comum – o contacto humano.
A resposta ao desafio que lanço no título é bastante mais simples do que possa parecer. Sim, os humanos vão comunicar da mesma forma em 2024. E em 2025, 2026 e por aí em diante. Entre uma miríade de tecnologias que as marcas ainda nem revelaram ao mercado, ferramentas automatizadas totalmente dominadas por máquinas ou novas disrupções de metodologias, nós, os humanos, vamos continuar a preferir a empatia, a proximidade e a ligação humana.
Artigo de opinião de Daniela Agra, diretora da Atrevia Portugal