2025 é um ano de novos recordes para o campeonato mundial de Fórmula 1 (F1). Numa fase de grande popularidade, a competição automobilística, que arranca a 16 de março com o Grande Prémio da Austrália, consegue alguns dos contratos de patrocínios mais elevados de sempre (ver caixa), apresenta inovações tecnológicas e pode bater recordes de audiências.
Com Lewis Hamilton a trocar a Mercedes-AMG Petronas pela Scuderia Ferrari, Max Verstappen vê a luta pela conquista do penta campeonato mais difícil, gerando mais interesse na prova, que é vista anualmente por cerca de 750 milhões de espectadores em canais de televisão em aberto, segundo a Nielsen Sports.
Os lucros gerados pelos patrocínios têm vindo a aumentar cerca de 10% ao ano, com a F1 a iniciar o campeonato de 2025 com uma faturação estimada de 14,4 mil milhões de dólares (€13,4 mil milhões), em contratos anuais e plurianuais. O valor representa um aumento de 56%, face a 2019, segundo a Nielsen Sports, com a F1 a obter 6,6% do investimento global em patrocínios desportivos, na temporada anterior.
“Existe uma forte procura para fazer parte do ecossistema da F1, através de patrocínios, das transmissões e de parcerias para ativações, porque temos uma marca e uma base de fãs muito forte”, salienta Stefano Domenicali, CEO da F1, na conferência de imprensa de balanço da última temporada.

As marcas patrocinadoras da Fórmula 1 aproveitam os Grandes Prémios para promover eventos exclusivos
O contrato de patrocínio mais mediático desta temporada é o do grupo LVMH com a Liberty Media, empresa norte-americana que adquire os direitos de exploração do campeonato internacional de F1 em 2016. Numa altura em que as mulheres, o segmento que mais cresce, já representam 41% da audiência da competição, o grupo, que detém um portefólio de marcas que inclui a Dior, Bulgari, Givenchy, Kenzo, Loewe e Hublot, entre outras, compromete-se a investir 150 milhões de dólares (€144 milhões), por temporada até 2034.
“A volumetria da audiência traz o interesse das marcas, que veem na F1 uma oportunidade de se posicionarem e, no limite, de incrementar as vendas”, justifica ao M&P Frederico Correia, diretor executivo da agência de meios Wavemaker Portugal.
Em 2024, audiências televisivas cumulativas somam 1,6 mil milhões, incluindo o ‘streaming’, com o número de espectadores únicos a crescer acima de 9% ao ano. Este número inclui os 500 milhões de pessoas (230 milhões no YouTube) que, segundo a Seeing Alpha, acompanham as corridas nas plataformas de ‘streaming’.
“A F1, apesar de só ser viável com grandes investimentos das marcas e exigir um forte ‘know-how’ tecnológico na construção dos automóveis, atrai dezenas de milhares de espectadores nos autódromos e milhões a seguir pela televisão”, sublinha Pedro Dionísio, diretor da pós-graduação de gestão e marketing do desporto do Iscte Executive Education.
42% dos fãs têm menos de 35 anos
O grupo LVMH não é, no entanto, o único estreante na edição deste ano. A Nestlé aproveita o 90.º aniversário da KitKat e o 75.º aniversário da F1 para dar início a uma parceria que se estende até 2028.
Entre os patrocinadores habituais, a empresa de logística DHL e o fabricante de pneus Pirelli também prolongam o apoio à F1 até 2028. “Um grande prémio pode atingir audiências de 200 milhões de espectadores e gerar mais de mil milhões de euros de impacto económico”, diz Daniel Sá, diretor executivo do IPAM e autor do livro ‘Marketing Desportivo – Mais Do Que Um Jogo’.
Segundo a Nielsen Sports, o interesse mundial na F1 atrai 50 milhões de novos fãs desde 2021, com 42% da audiência de 750 milhões a ter menos de 35 anos. A faixa etária que cresce mais é a dos consumidores entre os 16 e os 24 anos, que são os maiores utilizadores de redes sociais, onde a F1 soma cerca de 97 milhões de seguidores, crescendo cerca de 38% ao ano.
A par da entrada da LVMH na F1 e da estreia de Lewis Hamilton na Ferrari, uma das novidades de 2025 é o regresso da TAG Heuer como cronometrista oficial, 22 anos depois, substituindo a Rolex, que desempenhava a função desde 2013.

O piloto Lewis Hamilton protagoniza a mudança de equipa da temporada
O acordo assinado entre os organizadores da prova e a LVMH, que detém a marca de relojoaria desde 1999, é válido por dez anos. Além da visibilidade nas linhas de partida, o contrato garante uma presença fora dos circuitos, através de ativações na ‘fan zone’ e no ‘paddock club’. O desenvolvimento de novas linhas de produtos inspirados na F1 também está contemplado no acordo.
“Enquanto desporto de alta performance e glamour, a F1 oferece às marcas uma plataforma única para construir experiências que vão para além do tradicional. Ao associarem-se à F1, mais do que patrocinar uma competição, estão a criar uma narrativa de inovação, prestígio e emoção”, refere Bruno Moreira, fundador e gestor da agência criativa Modal Brands & Digital e coautor do livro ‘Metaverso no Marketing, nas Marcas e nos Negócios’.

A série ‘Drive to Survive’ da Netflix atrai uma nova legião de seguidores para a F1. A quinta temporada é vista por 6,8 milhões de espectadores
Em Portugal, a DAZN, que tem os direitos de transmissão do campeonato em Portugal, reforça a aposta na prova (ver caixa). Com as transmissões televisivas e as partilhas nas redes sociais, a visibilidade que as marcas conseguem não se limita aos países onde as empresas investem. “A escala é global, tal como as marcas hoje associadas à competição, como a Qatar Airways, a Heineken, a MSC Cruises, a DHL e a Amazon”, salienta Frederico Correia.
Empresas tecnológicas são as que mais investem
O interesse que a F1 desperta nos consumidores de tecnologia, também contribui para o crescimento da modalidade (ver caixa). Para além da aerodinâmica avançada, os novos sistemas de recuperação e de utilização de energia estão a atrair as novas gerações de espectadores e amantes do desporto, com as empresas tecnológicas, como a Amazon Web Services (AWS), a Leonovo e a Salesforce, a figurarem entre os principais patrocinadores da modalidade.
De acordo com a consultora Ampere, as empresas tecnológicas são as que mais investem na F1, representando 18% dos patrocinadores da prova em 2024. “A F1 é o desporto mais inovador e tecnologicamente avançado do mundo, tendo fãs com um perfil altamente tecnológico. A parceria permite-nos mostrar as nossas soluções de ponta num palco global”, argumenta Juan Carlos Fuster, diretor de marketing e comunicações da Lenovo, que aposta em ativações nacionais e internacionais para rentabilizar a parceria.
Com o estatuto de ‘global partner’ a partir desta temporada, a empresa vai ter ativações de marca em lojas e centros comerciais em todos os mercados, incluindo Portugal.

Frederico Correia, diretor executivo da agência de meios Wavemaker Portugal
Embora as marcas tecnológicas figurarem entre os principais investidores da prova, a visibilidade que a F1 recupera está a atrair novos tipos de patrocinadores, como o grupo LVMH, a MSC Cruzeiros e a KitKat, marca da Nestlé. “Continua a ser um desporto de e para elites, havendo uma componente aspiracional muito grande associada ao este desporto. A Liberty Media é muito criteriosa nas marcas que acolhe. A Louis Vuitton é uma marca elitista”, sublinha Frederico Correia.
O fundador e gestor da Modal Brands & Digital recorda, contudo, que o interesse pela F1 “foi sempre muito transversal do ponto de vista das classes sociais”, o que justifica o patrocínio de marcas mais massificadas. “Ainda que a competição tenha passado por duas décadas com alguma decadência, com uma perda acentuada de seguidores, a base de fãs foi sempre muito fiel”, relembra.
Marcas exploram oportunidades de negócio
A Lego e a F1 anunciam uma colaboração estratégica que, com início em 2025, prevê o lançamento de jogos de construção com alguns dos carros e dos circuitos de F1. A parceria é complementada com ativações de marca nas ‘fan zones’ e a divulgação de conteúdos exclusivos nas plataformas digitais das duas marcas. O forte crescimento de adeptos de F1 na faixa etária entre os oito e os 12 anos é uma das razões apontadas.
O propósito é sempre posicionar as marcas como inovadoras, dinâmicas e atrativas para gerar negócio. “A parceria com a F1 permite à KitKat uma exposição privilegiada junto de uma audiência diversificada, reforçando a perceção da marca como moderna e dinâmica”, revela Bruno Martiniano, diretor da unidade de negócio de confeitaria da Nestlé.
Na temporada de 2025, além de passatempos e de ofertas promocionais exclusivas, a KitKat vai ter ativações de marca, que serão complementadas com uma campanha publicitária omnicanal, em fase de preparação.

A visibilidade mediática que a F1 ganha nas redes sociais converte os pilotos em estreias globais que os fãs da modalidade seguem atentamente
A MSC Cruzeiros também está a preparar ativações de marcas nos navios. “A visibilidade é conseguida maioritariamente através da televisão, uma vez que a F1 é transmitida em centenas de países, aumentando o reconhecimento da marca em diferentes regiões e atraindo novos clientes”, refere Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros.
A ligação à F1 permite à MSC Cruises promover eventos e experiências exclusivas nos navios nos dias das corridas, que geram conteúdos para as redes sociais, “incentivando a partilha de experiências, o que acaba por aumentar a visibilidade online”.
Mesmo nos países que não acolhem provas da competição, como é o caso de Portugal desde 2021, há fãs a acompanhar a F1. “Não termos grandes prémios limita as oportunidades de ativação no terreno, porque a nossa abordagem de marketing está globalmente ligada. Por enquanto, não temos campanhas exclusivas para Portugal, mas procuramos amplificar as iniciativas internacionais através de conteúdos localizados”, esclarece Mathias Wendholt, diretor de marketing global de desportos motorizados da Puma, outro dos patrocinadores da prova.

Na F1 há 40 anos, a marca desportiva tem uma das parcerias mais longas no ‘paddock’, com a Ferrari. À semelhança da Puma, há marcas que, em vez de investir no campeonato de F1, preferem patrocinar equipas, como é o caso da Xerox, que em 2025 patrocina a Aston Martin Aramco. O acordo prevê a gestão da impressão de dados de telemetria para os pilotos, o desenvolvimento de tecnologias de realidade aumentada – para permitir a assistência remota em pista – e a recolha de dados para o departamento de marketing da equipa.
A Adidas também anuncia em janeiro o apoio à Mercedes-AMG Petronas. O contrato plurianual, que marca a estreia da marca desportiva na F1, dá origem a uma nova coleção de calçado, roupa e acessórios. Em média, as equipas de F1 obtêm, esta época, 250 milhões de dólares (€233,8 milhões) em receitas anuais com patrocínios, mais 20% do que em 2024.
F1 com estatuto de espetáculo global
A perder 200 milhões de espectadores entre 2008 e 2016, a F1 volta a despertar o interesse das audiências a partir do momento em que a Liberty Media adquire o Formula One Group por 4,4 mil milhões de dólares (€4,2 mil milhões), em 2017.
As negociações com a Netflix levam a plataforma de ‘streaming’ a desenvolver ‘Drive to Survive’, em 2019, documentário que reposiciona a modalidade. Para atrair as novas gerações, sem paciência para assistir às duas horas de corrida, a Netflix converte-as em dez episódios de 40 minutos, que são vistos por cerca de 6,8 milhões, segundo o relatório ‘YouGov Sports Whitepaper 2023’.

Daniel Sá, diretor executivo do IPAM, especialista em marketing desportivo
“Fizeram estudos a nível global para entender a perceção dos diferentes tipos de consumidores, introduziram alterações na competição, deram espaço a novos circuitos e modificaram o consumo de F1, com a Netflix a trazer uma dimensão ‘hollywoodesca’ que alterou completamente o interesse mundial pela competição”, salienta Daniel Sá.
Segundo o site Thesportsrush.com, cerca de 16,9 milhões de pessoas viram a quinta temporada do documentário, emitida entre fevereiro de 2023 e junho de 2024, levando os organizadores e anunciantes a confirmar a dimensão que o fenómeno ganha.

A Lego lança uma coleção de jogos de construção com os carros da F1
“Este conteúdo aproximou o desporto das pessoas, através de uma quase ‘novelização’ do dia a dia dos pilotos e das equipas. Ao estilo dos ‘reality shows’, capturou uma nova geração de fãs que, ao longo da época, quer seguir aquelas personagens da vida real, por causa das rivalidades, da competição e da tecnologia”, considera Frederico Correia.
A ascensão de Stefano Domenicali, ex-diretor executivo da Lamborghini, a CEO da F1 e a existência de três grandes prémios nos Estados Unidos, um dos países onde as audiências da prova mais cresceram, também contribui para a atratividade que a F1 recupera.
“O apelo resulta da transformação para um espetáculo global. Este desporto automobilista tornou-se numa plataforma de entretenimento que alia a adrenalina da competição a um estilo de vida cheio de glamour e histórias humanas fascinantes. A F1 está a oferecer um produto que vai para além das pistas”, salienta Bruno Moreira.

Bruno Moreira, fundador e gestor da agência criativa Modal Brands & Digital e coautor do livro ‘Metaverso no Marketing, nas Marcas e nos Negócios’, em parceria com a consultora de marketing Ana Canavarro
Portugal acompanha a tendência. A partir de 2003, com as corridas a deixarem de ser transmitidas em sinal aberto e sem provas em Portugal nem pilotos portugueses em competição, a F1 foi caindo no esquecimento. Mas, após 2019, o interesse gerado pelo documentário da Netflix estende-se às redes sociais, com os portugueses a recuperarem as emoções de seguir a prova.
“Há um incremento do número de perfis dedicados à modalidade e, se pensarmos no áudio, o podcast ‘F1 na Sport TV’ chegou a estar no top de podcasts mais ouvidos em Portugal durante a última época”, salienta Frederico Correia. Para as agências de meios dos países onde não se realizam corridas, como Portugal, as marcas podem desenvolver iniciativas de comunicação e ativações paralelas.
“Numa perspetiva local, passa por associar a marca às corridas, bem como à restante programação ligada ao desporto em si, através de patrocínio na plataforma que detém os direitos de transmissão”, refere o diretor executivo da Wavemaker Portugal.
Os dez maiores patrocínios a equipas de F1 –––1.º Red Bull/Oracle e Ferrari/HP A Red Bull e a Ferrari vão receber cerca de 100 milhões de dólares (€96,1 milhões) cada em 2025 dos principais patrocinadores, a Oracle e a HP, respetivamente. Estes acordos colocam as duas equipas no topo da lista dos maiores ganhos com patrocínios na Fórmula 1 para 2025, de acordo com a Sports Illustrated. 3.º Aston Martin/Aramco O grupo petrolífero saudita não só é parceiro oficial da F1 como é o principal patrocinador da Aston Martin. De acordo com a RacingNews365, a Aramco paga à equipa britânica 75 milhões de dólares (€69,1 milhões) por ano. 4.º Mercedes/Petronas O grupo empresarial malaio, que patrocina a Mercedes-AMG Petronas desde 2010, investe em força na parceria. O novo acordo, que se prolonga para além de 2026, rende à equipa 70 milhões de dólares (€64,4 milhões) na próxima temporada, segundo a RacingNews365. 5.º Alfa Romeo/Stake A empresa de criptomoedas australiana, que também patrocina o clube de futebol Everton X, investe anualmente 50 milhões de dólares (€46 milhões) na Stake F1 Team, comprada pela Audi no ínicio de 2024, segundo a RacingNews365. 6.º McLaren/Mastercard Apesar de nunca ter sido divulgado o montante do patrocínio, executivos do setor da F1 estimam que a Mastercard vai pagar à McLaren entre 30 e 40 milhões de dólares (€27,6 e €36,8 milhões) por ano, segundo o Sports Business Journal. 7.º Alpine/Best Water Technology A empresa tecnológica austríaca investe anualmente 25 milhões de dólares na Alpine (€24,1 milhões), desde fevereiro de 2022. 8.º Haas/MoneyGram Em vigor desde 2022, o contrato de parceria com a MoneyGram rende à equipa 20 milhões de dólares por ano (€19,2 milhões), revela o PlanetF1.com. 9.º Scuderia AlphaTauri/AlphaTauri A marca de moda austríaca que dá o nome à equipa desembolsa 15 milhões de dólares (€14,4 milhões) por ano, tendo na temporada de 2023 patrocinado 15 equipas 10.º Williams/Duracell Apesar da visibilidade que tem na grelha de partida, está longe de ser o negócio mais lucrativo. Segundo a GlobalData, a equipa de James Vowles só recebe seis milhões de dólares (€5,8 milhões) da Duracell. |
DAZN lança subscrição para fãs de desportos motorizados –––A DAZN, que detém os direitos de transmissão da FIA Formula 1 Championship no triénio 2025-2027, aproveita o entusiasmo em torno da prova para lançar a DAZN Motores, plataforma de ‘streaming’ para os fãs de desportos motorizados. O novo serviço de subscrição está disponível desde 18 de fevereiro, com a transmissão de ‘F1 75’, cerimónia inédita que reúne, em Londres, todas as equipas da F1 para a apresentação dos carros da nova temporada. O serviço DAZN Motores, que tem uma subscrição autónoma a partir de €6,99/mês, vai acompanhar as provas de F1, Fórmula 2, Fórmula 3 e Fórmula E, além da Porsche SuperCup e da F1 Academy, disponibilizando transmissões em direto, análises especializadas e reportagens. As conferências de imprensa dos pilotos também passam a ser acompanhadas em direto, à semelhança dos testes de pré-temporada, no Bahrein. A DAZN também vai divulgar conteúdos exclusivos da Flying Lap, a maior comunidade digital de fãs portugueses de F1, que conta com cerca de 60 mil seguidores, nas redes sociais da plataforma. Com o reforço da aposta da empresa no automobilismo, o canal DAZN 5 passa a ser exclusivamente dedicado ao desporto motorizado. |
A corrida aos direitos de transmissão –––O mercado norte-americano é uma prioridade para o crescimento da Fórmula 1 (F1), devido ao sucesso da série ‘Drive to Survive’, da Netflix, lançada em 2019. Mas a relação entre a Netflix e a F1 pode estar prestes a estender-se, com a plataforma a ponderar uma proposta para adquirir os direitos de transmissão da F1 nos Estados Unidos, detidos pela ESPN até ao final de 2025. O valor atual, 90 milhões de dólares (€83,5 milhões) por ano, é considerado baixo para uma modalidade com 24 corridas anuais e o céu é o limite no que toca aos valores a que o próximo acordo pode ascender. No Reino Unido este valor é de 250 milhões de dólares (€231,8 milhões) por ano, num acordo até 2029 com a Sky Sports. “O preço é tão baixo que só pode subir substancialmente”, considera François Godard, analista da consultora de pesquisas de mercado Enders, ao The Athletic. A renovação com a ESPN garante à F1 um alcance e uma estrutura que só uma rede televisiva consegue fornecer, mas a concorrência das plataformas de ‘streaming’ promete aquecer as negociações. Netflix, Amazon (Prime Video), Apple (Apple TV) – que está a produzir o filme ‘F1’, com Brad Pitt (na foto) e a lançar em junho – e NBC (Peacock) têm investido fortemente em transmissões desportivas. Adquirir os direitos da F1 marcaria uma mudança estratégica para estas plataformas, sobretudo para a Netflix, que tem privilegiado eventos pontuais. “Claro que a Netflix está interessada”, revela Pierre Maes, consultor especialista de direitos de media, ao The Athletic, ressalvando que, “no entanto, a Netflix não quer entrar em leilões contra a ESPN, a Apple ou a Amazon”. Existem dúvidas acerca da capacidade e sustentabilidade a longo prazo dos serviços de ‘streaming’ de transmitirem uma temporada inteira de F1, devido ao modelo de negócio e às audiências. A F1, focada na construção da reputação e audiência nos Estados Unidos, pode não querer arriscar desfazer esse progresso ao apostar num serviço de ‘streaming’. Certo é que independentemente do vencedor, seja uma estação tradicional ou uma plataforma de ‘streaming’, o próximo contrato de transmissão nos Estados Unidos promete ter um impacto determinante no futuro da F1, tanto a nível financeiro como estratégico. |