Rock in Rio Lisboa, desafios em ano de festa
Há 20 anos, o Rock in Rio Lisboa marcava o início da estratégia de internacionalização do popular festival brasileiro, na altura com a mesma idade. A mudança para o Parque […]
Luis Batista Gonçalves
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Há 20 anos, o Rock in Rio Lisboa marcava o início da estratégia de internacionalização do popular festival brasileiro, na altura com a mesma idade. A mudança para o Parque Tejo obriga o evento a reinventar-se num novo espaço e exige um esforço de comunicação e promoção adicional. Saiba o que está a ser preparado e o que está a ser feito para o publicitar.
O anúncio da mudança do Rock in Rio Lisboa do Parque da Bela Vista para o Parque Tejo, tornada pública em meados de outubro do ano passado, apanhou o público do festival de surpresa. No ano em que celebra os 20 anos em Portugal, o evento vê-se, de repente, obrigado a reinventar-se num novo cenário à beira-rio. Maior do que anterior, o recinto abre espaço a outras possibilidades, mas também implica um desafio comunicacional e promocional acrescido para os milhares de festivaleiros esperados nos dias 15, 16, 22 e 23 de junho. A organização sabe-o e até já teve de intervir para contrariar as primeiras críticas ao local. “Pouco após a divulgação do espaço, começaram a queixar-se nas redes sociais que o Parque Tejo não tinha declive. Tivemos de fazer rolar umas rodas e uns pneus e partilhar essas imagens nas redes sociais para provar que ele existe, desmistificando essa questão. O Parque Tejo não vai ser um espaço totalmente descaracterizado, vai ter a mesma essência que tinha o ano passado”, assegura Luís Soares, diretor de marketing do Rock in Rio Lisboa 2024, durante a visita ao recinto, ainda vazio, que fez com o Meios & Publicidade nos últimos dias.
“A próxima edição vai ser a maior e a melhor de sempre. Vai ser um marco. Estamos muito entusiasmados”, confessa o responsável. “O novo espaço tem mais acessibilidades, maiores recursos. Vamos poder dar maior conforto às pessoas. O público vai sair a ganhar. O nosso foco é sempre trazer o maior número de atrações”, garante.
Habituados a um recinto que não vai ser aquele que estavam acostumados a encontrar, muitos dos frequentadores assíduos ainda estão reticentes com o que os espera esta edição. Mas, até lá, os promotores do evento contam conseguir convencê-los e envolvê-los na (grande) festa que está a ser preparada e que, apesar de coincidir com o UEFA Euro 2024, não vai excluir os adeptos do campeonato europeu de futebol. Para os atrair, estão a ser planeadas exibições das partidas no recinto e a programação está a ser ajustada. “Um dos palcos do festival é o ESC Online Sports Bar, com uma temática muito em torno desta modalidade. As pessoas vão poder assistir a alguns dos jogos. No dia 22, teremos o que opõe Portugal à Turquia. Vai ser uma grande festa com música e futebol, com uma programação adaptada para que as pessoas possam desfrutar ao máximo desta diversidade”, anuncia Luís Soares.
O que esperar desta edição
Além do Palco Mundo, do Palco Galp e do Palco Yorn, o palco Super Back Digital Stage, uma das novidades da edição de 2018, regressa em 2024 com os maiores fenómenos do entretenimento digital. “Tudo o que está a bater na net tem de estar naquele palco”, explica o diretor de marketing do festival.
Ed Sheeran, Scorpions, Jonas Brothers, Doja Cat, Evanescence, Calum Scott, Camila Cabello, Ne-Yo, Carolina Deslandes, Jão, Extreme e Ivete Sangalo são alguns dos nomes anunciados para o Palco Mundo, o anfiteatro natural com vista privilegiada para o rio Tejo e a Ponte Vasco da Gama que milhares irão fotografar e divulgar nas publicações nas redes sociais durante o evento, que já vai na décima edição. “Enquanto houver Rock in Rio, a Ivete Sangalo irá sempre integrar o cartaz”, garante Luís Soares, visivelmente entusiasmado com as potencialidades do novo recinto, que também terá uma nova roda gigante patrocinada pelo motor de busca de carros usados Pisca Pisca, com cabines tematizadas. A ideia é homenagear as duas décadas musicais do Rock in Rio Lisboa, numa altura em que a primeira edição brasileira do Rock in Rio celebra 40 anos, outra efeméride que a organização pretende (também) assinalar com pompa e circunstância no Palco All in Rio, o espaço de interatividade, celebração, debate e inclusão que vai ser criado na área do altar-palco desenhado pelo arquiteto João Matos para a Jornada Mundial da Juventude de 2023. “Esse palco traz também um grande storytelling e uma grande proposta de valor ao enaltecer as causas que o Rock in Rio abraçou ao longo de todos estes anos, em torno da sustentabilidade, da inclusão e da diversidade”, afirma Luís Soares.
Muitas dessas temáticas serão também exploradas na Rota 85, outra das novidades desta edição que a organização vai ter de comunicar. “Será uma rua totalmente tematizada que vai contar a história dos 40 anos da marca. Terá um cineteatro que vai passar filmes e uma igreja onde realizaremos casamentos. As pessoas vão poder brincar. Vamos ter também o ténis sujo de 1985 [escultura que evoca o temporal que se abateu sobre o recinto na primeira edição do festival deixando um rasto de lama] para retratar a internacionalização da marca, que se expandiu primeiro para Portugal e depois para Espanha e para os EUA. Vamos trazer essa história e esse legado”, esclarece o marketeer.
A Rock street, uma das atrações mais populares do evento, também surge renovada no Parque Tejo. “Mais uma vez, vamos aproveitá-la para falarmos de temas relevantes para a sociedade, como a pluralidade, a diversidade e a inclusão”, repete.
Todas as noites, o festival apresenta um imponente espetáculo de mapeamento de vídeo piromusical, concebido pelo ateliê nacional Ocubo sob a direção criativa de Nuno Maya e com a colaboração do lightning designer britânico Terry Cook, consultor do Rock in Rio Lisboa desde 2015. Projetada no Palco Mundo, a exibição vai evocar as duas décadas do festival em território nacional.
Em fase de elaboração está também a nova zona de restauração. “Teremos uma área gourmet, que terá como principal patrocinador o Continente, com uma área de lounge e degustação com uma cozinha mais fina e uma proposta de valor mais diferenciada para aquilo que são as opções de alimentação que oferecemos”, desvenda o responsável.
O envolvimento crescente das marcas
Além da Galp como patrocinador principal e da Super Bock, da Pepsi e do BNP Paribas como patrocinadores, esta edição, que tem SIC, Grupo Renascença Multimédia, SAPO, RFM, Jornal de Notícias e Diário de Notícias como media Partners, conta também com o apoio de marcas como Worten, Gato Preto, Telepizza, Control, Nobre, Ucal, Hyundai, Royal Bliss, Buondi e Via Verde. “O Rock in Rio tem na sua essência ser um projeto de comunicação para os patrocinadores e para os apoios. Olhar para o Rock in Rio só como um festival de música ou de entretenimento é muito redutor. O conforto e as experiências que oferecemos só são possíveis com os nossos parceiros. São muitas as marcas que estão connosco, algumas delas são parceiros de longa data que nos ajudam a trabalhar com maior diferenciação a proposta de valor acrescentado que procuramos oferecer às pessoas no evento”, explica Luís Soares.
Ainda assim, o envolvimento dessas insígnias hoje é diferente daquilo que era no início. “Há um desafio novo também para os patrocinadores, que procuram tornar a experiência atual muito mais interessante para os visitantes e não há nenhuma marca que não esteja connosco, da Galp ao Continente, passando pela Pepsi, pela Super Bock e por tantas outras, que não traga nenhuma proposta de valor naquilo que são as ativações no recinto, procurando disponibilizar uma experiência diferenciada ao seu público. Como já referi, olhar para o Rock in Rio só como um festival de música ou como um festival de marcas é muito redutor. O que o faz ser uma experiência incrível é o ambiente de festa que se vive, é o unir destas forças todas, as experiências que os patrocinadores trazem, os conteúdos e a proposta musical para todas as idades, dos 8 aos 80”, refere. “Sendo este o maior festival de música e entretenimento do mundo, a preocupação é sempre trazer o maior número de ativações e tipos de entretenimento possíveis, para que todos possam desfrutar do evento desde a abertura de portas às 14h até às 02h, vivenciando uma experiência de 360 [graus] completa”, acrescenta ainda.
A ajuda das figuras públicas
Por ser o mais abrangente dos festivais musicais, o Rock in Rio obriga a um esforço de comunicação gigante para chegar a públicos de todas as idades, com consumos de media, internet e redes sociais também eles muito díspares. Essa preocupação não é de hoje mas, nos dias que correm, atingiu uma complexidade que os organizadores do evento não previam quando chegaram a Portugal, obrigando-os a reforçar o investimento em comunicação e promoção, com uma aposta maior no marketing de influência. “Fomos o primeiro festival a utilizar e a capitalizar os famosos na edição de 2004. As celebridades vinham ao nosso evento para usufruir da experiência”, recorda Luís Soares.
Na altura, o Facebook já dava os primeiros passos nos EUA, mas o mundo estava longe de imaginar o impacto destas plataformas digitais no quotidiano das pessoas. “Só em 2016, com o advento do Instagram, é que começámos a olhar para a celebrity economy e a pensar nelas com uma estratégia multiplataforma, incorporando-as nos nossos conteúdos, inicialmente com as pool parties da Somersby no Parque da Bela Vista, dando aos instagrammers o acesso a uma área privilegiada do evento. Depois, há um shift na comunicação e, com o boom das redes sociais, sentimos a necessidade de recorrer a agências e a profissionais especializados que nos ajudam a criar e cocriar estratégias de comunicação que façam sentido para o evento e para as marcas. Este ano, temos a Ellephant a colaborar connosco. Essas ações vão da simples comunicação de uma ação a iniciativas mais abrangentes. Hoje, os influenciadores fazem parte da equipa. Alguns são amigos da casa. Não existe uma lógica de aproveitamento mas, sim, uma lógica de sinergias, aproveitando excelentes plataformas de divulgação que também os aproximam das marcas. São tantas as plataformas que precisam de ser alimentadas que o nosso desafio é procurar alimentá-las de forma sustentável, com relevância. Se vou ter o Ed Sheeran, os Scorpions e a Doja Cat no festival, tenho de contar as histórias deles, tenho de trazer as pessoas que gostam deles e todos esses artistas têm segmentações diferentes, públicos diferentes e influenciadores diferentes. Antigamente, essa comunicação era mais simples, porque se centrava nos media tradicionais. Hoje, temos de desenvolver estratégias comunicacionais omnicanal pensadas para cada uma dessas plataformas porque comunicar no Instagram é diferente de o fazer no TikTok, no Facebook, no YouTube ou no Twitch ou até mesmo nas rádios e em televisão. As audiências estão, hoje, mais fragmentadas do que nunca”, desabafa o marketeer. A notoriedade que o festival alcançou nos últimos 20 anos facilita, no entanto, a tarefa.
Ellephant ajuda a reforçar sentimento de pertença e identidade da marca
A Ellephant foi a agência de comunicação escolhida para cocriar a estratégia de marketing de influência que o Rock in Rio Lisboa está a implementar para promover o festival. “Estamos muito felizes por abraçar este desafio e por poder fazer parte de uma edição com tantos desafios de comunicação”, assume Marta Pereira, CEO da empresa. “Hoje, é necessário e importante perceber quem são os novos públicos nativos, que passam as mensagens de uma forma completamente diferente. É necessário investir em conteúdo disruptivo, diferenciador, que desperte emoção, que crie experiências, que marque o dia a dia de alguma forma, que fique na memória e, principalmente, que seja multicanal”, sublinha a profissional. “A música é apenas um dos elementos de união. E, quando analisamos os perfis e o público a atingir, temos de procurar o sentimento de pertença e representação para elaborar qualquer estratégia. Assim, não podemos esquecer os diferentes targets e as diferentes formas de os alcançar, bem como as plataformas e linguagens que os abrangem”, defende ainda a responsável.
“Procuramos também garantir que quem faz parte da nossa estratégia de influence marketing está comprometido com a missão e que se relaciona com a marca em diferentes contextos. É muito importante também aproximar cada storytelling do lado mais autêntico e real da sua ligação à love brand que é o Rock in Rio”, esclarece Marta Pereira.
“Hope in Rio”, “Love in Rio”, “Dance in Rio” e “All in Rio” são alguns dos motes definidos que estão a ser explorados comunicacionalmente. “Demonstram precisamente o que pretendemos trazer para a nossa estratégia, que o Rock in Rio é uma marca para todos, sem exceção”, assegura a CEO da Ellephant.
Gato Preto patrocina Área VIP
Depois de ter lançado a coleção exclusiva Gatos do Rock em parceria com o festival, iniciativa que repete este ano, a marca de mobiliário e decoração portuguesa Gato Preto volta também a patrocinar a Área VIP do Rock in Rio Lisboa 2024, tal como na última edição. A decisão implicou o reforço do orçamento de comunicação e marketing da insígnia portuguesa. O aumento não chega aos dois dígitos mas, ainda assim, terá de fazer face às (maiores) exigências no novo recinto.
“Tudo o que tínhamos idealizado estava pensado para o Parque da Bela Vista. No Parque Tejo, a Área VIP vai ter três andares. Estávamos habituados a um piso, agora vão ser três. Neste momento, estamos a correr contra o relógio para desenvolver toda a proposta de decoração de todo o espaço, onde também iremos ter ativações de marca”, revela ao Meios & Publicidade Carolina Afonso, CEO do Gato Preto.
“Além de nos dar visibilidade, porque é um espaço onde circulam celebridades, influencers e até artistas, a relação de parceria com o Rock in Rio também fica mais forte”, sublinha ainda a responsável.
BNP Paribas aproveita evento para lançar campanha
O banco BNP Paribas, patrocinador do Rock in Rio Lisboa 2024, vai aproveitar o evento para lançar uma nova campanha publicitária, com criatividade da Tux&Gill, atualmente em fase de desenvolvimento. “A nossa parceria assenta na partilha de compromissos comuns, como o apoio à cultura, a responsabilidade social, a diversidade e a inclusão. O nosso grupo trabalha de forma ativa para ter um impacto positivo na sociedade onde se insere, consciente de que esse impacto se pode materializar de várias formas e em diferentes dimensões da sociedade. Neste âmbito, lançaremos, em breve, uma campanha externa para celebrar esta parceria ao ritmo da música”, avança, ao Meios & Publicidade, Vera Leitão, head of communications do BNP Paribas Portugal. “É importante salientar que esta associação adota ainda um cariz de celebração interna, já que a instituição bancária convida todos os seus colaboradores para o festival. É também uma ótima oportunidade para estarmos juntos”, garante a marketeer.
SIC volta a associar-se à Century 21
O Rock in Rio também é um evento propício a (muitas) parcerias paralelas entre marcas. Este ano, a SIC, media partner do festival desde o primeiro momento, volta a associar-se à Century 21, pela segunda vez. A construção do novo espaço SIC–Century 21 Portugal ficará a cargo da Blocosystems. A empresa de construção está a desenvolver um sistema inovador e (mais) ecológico.
À semelhança da casa modular sustentável edificada no Parque da Bela Vista em 2018, o novo espaço de interação será usado pelos convidados das duas insígnias e servirá de cenário a ativações de marca e outras ações promocionais. “Contamos com a visita de todos quantos queiram contactar com a magia da televisão. Vão poder encontrar os seus apresentadores, atores e artistas preferidos quando menos esperarem”, promete mesmo Mónica Serrano, diretora de marketing e comunicação da Impresa e diretora-geral do Atelier Impresa. “Na nossa segunda colaboração com a SIC e o Rock in Rio, reforçamos os valores de família e sustentabilidade que nos unem. Este ano, pretendemos promover a literacia das famílias sobre a industrialização da construção, a eficiência energética e a sustentabilidade. Comprometemo-nos a demonstrá-lo através da instalação de uma casa preparada off-side, assegurando a sua montagem e desmontagem na Cidade do Rock sem deixar rasto ambiental. Esta iniciativa reflete o compromisso da nossa marca por um futuro mais sustentável para os portugueses”, assegura também Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal.