Quantos clientes aprovariam uma ideia que mostra uma data de gente a odiar o seu produto?
Na rubrica Como é Que Não me Lembrei Disto?, ‘Mayo Haters’ (na foto), da agência criativa Gut para a empresa de tecnologia alimentar NotCo, é a campanha que Nuno Riça, diretor criativo da Bar Ogilvy, gostaria de ter feito. ‘Filhos do Euro’ é a que mais gostou de fazer
Catarina Nunes
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Qual é a campanha que gostaria de ter feito?
‘Mayo Haters’, da agência Gut, para o produto Not Mayo da marca NotCo.
Quais são as razões dessa escolha?
Uma combinação perfeita de três fatores: sentido de humor, bravura de um cliente e relevância. Quantos clientes aprovariam uma ideia que mostra uma data de gente a odiar o seu produto? Quantos de nós, amantes de maionese, se nos cruzássemos com um frasco de Not Mayo no linear de um supermercado não íamos pelo menos experimentar?
O que é que lhe chamou mais a atenção: o texto, a imagem, o protagonista ou outro aspeto da campanha?
O raciocínio na base desta ideia é exímio e muito simples. Tinham de dizer “Não é maionese, mas é igual a maionese” e encontraram uma forma de o fazer que é impossível ignorar. Depois, a execução, que, quanto a mim, é perfeita. Recorrendo a pouco mais do que as reações de quem participou no teste, construíram um vídeo que é uma ‘masterclass’ em edição e ‘storytelling’.
Esta campanha inspirou-o a nível criativo? Em quê e de que formas?
É o tipo de ideias que me inspira sempre. Logo à partida porque consegue fazer ‘check’ num dos primeiros e mais importantes objetivos da nossa profissão: furar o barulho. Inspira ainda a aspirar à simplicidade. E lembra-nos ainda a força bruta do humor, como forma de agarrar a atenção e ficar na memória.
Qual é a campanha que fez que mais o concretizou profissionalmente? Porquê?
‘Filhos do Euro’, para a Meo. Por várias razões. Pelo humor, que tanta falta faz à publicidade. O ângulo, inesperado e fresco. Não é dizer pouco, a cada dois anos são feitas várias campanhas de apoio à seleção nacional e muitas são icónicas. Este trabalho também me marcou pela coragem do cliente, tantas vezes pedida pelo mercado criativo, mas nem sempre reconhecida.
O entusiasmo desde o primeiro segundo, em que ouviram um raciocínio tão inusitado e desformatado para um desafio tão importante e com tanta história na marca, seguido de um entusiasmo inabalável durante os nove meses seguintes, é para mim dos maiores exemplos de coragem no nosso mercado, em vários anos.
Finalmente, a dimensão. Foi um orgulho ver uma ideia com estas características crescer tanto. Mais de 10 filmes, dezenas de execuções em media sociais, ‘landing page’, rádios, ponto de venda, OOH e ativações em jogos de preparação. E o que ficou? Um ‘engagement’ gigante com a marca e centenas de novos papás ficaram em casa a gozar a licença parental, durante o Euro, com Sport TV grátis.
Como é que chegou a esta ideia e avançou para a execução?
Esta ideia nasceu como nascem as melhores ideias: de um ‘insight’ real que é detetado quando se mantém as antenas ligadas ao mundo à nossa volta. E assim começa logo a ser relevante para as pessoas. Depois foi encontrar a melhor forma de o tornar relevante para a marca.
O que é que faz quando não tem ideias?
Depende. Às vezes não ter ideias, ou ter só ideias más, quer dizer que temos de continuar a pensar, a forçar, para mandar a porcaria toda fora. Outras vezes, quer dizer que temos de parar e pensar em outra coisa. Ou não pensar em nada. Uma das razões pelas quais é tão importante ter tempo para pensar num problema é porque também precisamos de tempo para não pensar nele. Deixar o subconsciente trabalhar um bocadinho. E depois voltar ao trabalho.
Ficha técnica |
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