Google e Meta terão estabelecido acordo secreto para segmentar publicidade
O acordo entre as empresas de tecnologia envolveu ainda a Spark Foundry, uma subsidiária norte-americana da Publicis, que terá colaborado num programa piloto de marketing no Canadá entre fevereiro e abril, antes de o testar nos Estados Unidos em maio
Daniel Monteiro Rahman
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A Google e a Meta uniram-se numa parceria informal para direcionar anúncios de promoção do Instagram no YouTube para adolescentes, noticia o Financial Times. De acordo com a informação contida em documentos obtidos pelo jornal britânico, confirmada por fontes próximas contactadas pela publicação, a Google desenvolveu um projeto de marketing para a Meta que pretendia alcançar menores entre os 13 e os 17 anos com anúncios que promoviam o Instagram no YouTube.
A campanha tinha como alvo um grupo de utilizadores que foram denominados ‘desconhecidos’, o que, no Google Ads, correspondia a indivíduos cujos dados demográficos, como a idade e o género, não eram conhecidos, embora a empresa liderada por Sundar Pichai soubesse serem menores de 18 anos, avança o jornal. Os documentos obtidos sugerem ainda que foram tomadas medidas para garantir que a verdadeira intenção da campanha fosse disfarçada.
A campanha, que surgiu desta parceria improvável, não terá cumprido as regras da própria Google que proíbem a personalização e segmentação de anúncios para menores de 18 anos, incluindo a veiculação de anúncios com base em dados demográficos e ‘proxy targeting’. Segundo o jornal, a Google conseguia, através do download de aplicações ou da atividade dos utilizadores, determinar “com um alto grau de confiança” que o grupo ‘desconhecido’ era composto por utilizadores mais jovens.
O acordo entre as empresas de tecnologia, sediadas na Califórnia, envolveu ainda a Spark Foundry, uma subsidiária norte-americana da Publicis, que terá colaborado num programa piloto de marketing desta campanha ilegal no Canadá entre fevereiro e abril, antes de testar o programa nos Estados Unidos em maio. A Google e a Meta tinham ainda planos para expandir a campanha para outros mercados internacionais e para promover outras plataformas da Meta, como o Facebook.
Após ter sido contactada pelo Financial Times, a Google terá dado início a uma investigação interna sobre as alegações e cancelado a campanha. “Proibimos anúncios personalizados para menores de 18 anos, ponto final. Confirmámos que as medidas de segurança funcionaram corretamente neste caso”, referiu a empresa ao jornal, não negando todavia a existência do grupo de utilizadores ‘desconhecido’. A Meta defende que essa segmentação não constituiu uma personalização inadequada.