Donos de redes sociais são a maior preocupação no combate à desinformação
Quase dois terços dos especialistas inquiridos no estudo do International Panel on the Information Environment consideram que os vídeos, vozes, imagens e textos gerados por IA têm um efeito negativo no ambiente informativo

Daniel Monteiro Rahman
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Os proprietários de redes sociais, os políticos e os Governos são as maiores ameaças a um contexto noticioso online fiável, de acordo com um relatório do The International Panel on the Information Environment (IPIE), grupo de especialistas que estuda a desinformação e cujo trabalho segue o modelo do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).
O cofundador do IPIE e professor de estudos sobre a internet na Universidade de Oxford, Philip Howard, afirma que o relatório, do qual é coautor, revela que o ambiente global da informação se encontra numa “fase crítica”. “Uma das preocupações mais prementes apontadas pelo nosso inquérito é a influência dos proprietários de plataformas de redes sociais. O seu controlo sobre a distribuição de conteúdos e as políticas de moderação tem um impacto significativo na qualidade e integridade da informação. O poder não controlado destas entidades representa um grave risco para a integridade do ambiente de informação global”, argumenta Philip Howard .
As conclusões do painel baseiam-se nas respostas de 412 investigadores académicos, de áreas que incluem as ciências sociais, as humanidades e as ciências informáticas, com contribuições concentradas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, embora a China, a Índia, a Nigéria e o Brasil estejam entre os outros países incluídos.
O relatório não identifica donos de redes sociais em concreto, mas Philip Howard indica que o facto de Elon Musk ser proprietário do X (antigo Twitter), suscita preocupações, incluindo relatos de promoção excessiva dos tweets do próprio dono do X, enquanto Frances Haugen, uma informadora da Meta pertencente a Mark Zuckerberg, afirma que o dono do Facebook e do Instagram dá pouca prioridade à moderação de conteúdos em idiomas que não sejam o inglês.
Philip Howard acrescenta que o TikTok, propriedade da ByteDance, sediada em Pequim, é outra fonte de preocupação, depois de legisladores de ambos os lados do Atlântico terem manifestado o receio de que a rede social possa ser suscetível a pressões do Governo chinês.
Cerca de dois terços dos inquiridos esperam que o ambiente de informação se agrave no futuro, em comparação com pouco mais de metade no inquérito anterior. O IPIE foi criado como uma organização não governamental em 2023, depois de ter alertado para o facto de os algoritmos de redes sociais, a manipulação e a desinformação constituírem uma “ameaça global e existencial”.
A análise alerta também para o facto de muitos políticos terem “instrumentalizado” as teorias da conspiração e a desinformação para obterem vantagens políticas, o que tem como consequência a perda de confiança em fontes de informação fiáveis e nas instituições democráticas.
Quase dois terços dos especialistas inquiridos consideram que os vídeos, vozes, imagens e textos gerados por IA tiveram um efeito negativo no ambiente informativo, estando a mesma proporção “convencida” de que aumentaram o problema da desinformação. “As ferramentas de IA generativa ofereceram novas oportunidades para produzir propaganda em escala”, refere o relatório. Quando questionados sobre a forma de combater os problemas apontados no relatório, os inquiridos recomendaram a promoção de meios de comunicação social livres e independentes, a realização de campanhas de literacia digital, o incentivo à verificação de factos e a identificação de conteúdos enganosos.