“O PSD desfocou o campo de acção na comunicação política que deve privilegiar”
Rui Calafate, director-geral da Special One, analisa para o M&P a estratégia seguida por Pedro Passos Coelho em aparecer em vários momentos de comunicação política ao lado da mulher
Rui Oliveira Marques
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Rui Calafate, director-geral da Special One, analisa para o M&P a estratégia seguida por Pedro Passos Coelho em aparecer em vários momentos de comunicação política ao lado da mulher. Na última entrevista de José Sócrates, feita por Judite de Sousa na TVI, o primeiro-ministro demissionário, que é divorciado, assegurava que não iria levar a sua família para a campanha.
Meios & Publicidade: Nos últimos dias, tanto a imprensa como os bloguers têm discutido a opção de o líder do PSD em aparecer nas revistas sociais, no Facebook e em eventos ao lado da mulher. Considera esta exposição da vida pessoal de Passos Coelho benéfica para o candidato?
Rui Calafate (RC): Passos Coelho fez bem a capa da Flash, era uma maneira de entrar bem determinado segmento de eleitorado. O problema foi a exposição em demasia que se seguiu. Tudo o que é demais enjoa e torna-se uma arma de arremesso do spinning PS, que agarrou nesse tema para tentar passar a campanha do essencial para o acessório. O acessório é a família e a vida pessoal do líder do PSD, o essencial são os seis anos de governação de José Sócrates. Logo, o PSD desfocou o campo de acção na comunicação política que deve privilegiar.
M&P: Quais os limites razoáveis à presença de familiares nesta campanha eleitoral?
RC: Nesta e noutras, a presença familiar deve ser o mais natural possível. As pessoas gostam de conhecer a família, que é sempre uma âncora, de quem os vai dirigir. A família deve estar presente apenas quando seja essencial nos momentos mais relevantes para os candidatos. E dentro dos critérios por ele escolhidos e não por um qualquer “marqueteiro” sem história relevante.
M&P: É consensual dizer que Manuel Maria Carrilho foi o político, aquando da candidatura à Câmara de Lisboa, que obteve a reacção mais negativa à presença da família na campanha. Mas onde estão os melhores exemplos? Quais os políticos que souberam capitalizar a família a seu favor?
RC: O episódio de Bárbara Guimarães e do seu filho no apoio ao “papá” foi um episódio caricato e que se tornou na altura uma arma de arremesso fortíssima contra as suas pretensões em Lisboa. A política conta histórias e a história de uma família harmoniosa, feliz e que aparece nos momentos certos é um bom momento de comunicação política. Em Portugal, recordo sempre o cuidado de Cavaco Silva, acompanhado com a mulher da sua vida e a produção nas primeiras presidenciais ganhas, com os netos na capa do Expresso. Jogou a seu favor: o de um homem duro, rigoroso, mas feliz na sua intimidade.