O mobile nos media na perspectiva de dois novos directores comerciais digitais
João Paulo Luz, director comercial digital da Impresa, e José Frade, director comercial digital da Cofina, falam pela primeira vez sobre a estratégia dos grupos desde que foram contratados, respondendo às mesmas perguntas.
Pedro Durães
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Cofina Media e Impresa, dois dos principais grupos de media, anunciaram recentemente novos directores para a área digital. João Paulo Luz, director comercial digital da Impresa, e José Frade, director comercial digital da Cofina, falam pela primeira vez sobre a estratégia dos grupos desde que foram contratados, respondendo às mesmas perguntas.
1. Durante anos tentou monetizar-se o online das marcas de media, sem grande sucesso. Agora, os hábitos de consumo de media online estão a virar para o mobile, que começa a ter cada vez maior peso nos acessos. Monetizar o mobile será mais fácil uma vez que as pessoas estarão mais predispostas a pagar por uma aplicação do que para aceder a um site?
2. As marcas de media já começam a ser mobile first no que diz respeito ao digital ou ainda se desenvolve os sites e só depois se adapta os mesmos aos dispositivos móveis?
3. Qual é o peso do mobile no tráfego dos sites do vosso grupo?
4. E em termos comerciais? O peso do mobile nas receitas já é significativo?
5. Quais as expectativas para este ano ao nível do desempenho do mobile?
6. Durante muito tempo não se falava noutra coisa a não ser em apps. Hoje, um site responsive é muitas vezes o caminho mais rápido para estar nos dispositivos móveis. Qual o caminho ideial e quais as vantagens e desvantagens de cada um? E qual a estratégia do grupo?
João Paulo Luz, director comercial digital da Impresa
1. Os meios digitais sempre tentaram combinar a receita do acesso ao conteúdo com a receita publicitária. A forma como a internet se desenvolveu não ajudou a preservar valor, mas concordamos que a migração para o mobile vai ajudar. Por um lado, começam a existir modos de pagamento no mobile francamente convenientes (e isso é uma novidade) e por outro o consumo de media está a aumentar muito com a utilização do mobile. Se há mais mercado, há maiores possibilidades de fazer negócio.
2. Mobile first não pode ser apenas uma buzz word, nem tão pouco uma questão meramente técnica. Tem que estar reflectido em todo o pensamento estratégico. Na Impresa está e acreditamos que na maioria dos grupos de media também.
3. O peso do mobile está a crescer muito e acreditamos que vai ser maioritário em breve.
4. Começa a aproximar-se do peso que já tem nas audiências e temos consciência de que vai ser predominante.
5. Lançámos a 4 de Maio o novo site do Expresso, que foi o resultado de um prolongado trabalho muito centrado na experiência móvel. As expectativas não podiam ser mais altas e estamos muito confiantes e entusiasmados com os primeiros dados.
6. Esta área caracteriza-se por uma enorme e acelerada mudança. Não temos, por isso, regras absolutas para quase nada mas sabemos que só vale a pena fazer apps se a experiência através da app for muito melhor do que a experiência que o browser possibilita. Com as novas gerações de browsers e com a evolução dos sites responsive, hoje essa experiência é muito mais próxima do que era mas não anula a oportunidade de algumas apps. As apps são caras e são uma barreira para as audiências pontuais, mas, pelo contrário, facilitam a vida aqueles que têm com esses conteúdos uma relação de grande frequência e regularidade.
José Frade, director comercial digital da Cofina Media
1. O modelo de pagamento introduzido pelas apps, e que foi claramente adoptado pelos consumidores, facilita o processo de monetização no mobile. A Cofina tem vindo a captar mais receitas por esta via, sendo que em algumas apps, como a do Jornal de Negócios ou do Record, representam já 40 por cento das assinaturas digitais. A monetização pela via da publicidade é, no entanto, a mais promissora e permite trazer maior escala de negócio.
2. Alguns estudos nos EUA demonstram que, neste momento, o principal acesso à internet é via mobile e que cerca de 25 por cento dos utilizadores acede à internet só na plataforma mobile. Isto quer dizer que muitos utilizadores só vão ver a versão mobile dos nossos sites. A Cofina está, nesse sentido, a desenvolver um processo de design progressivo para as suas propriedades digitais de forma a construir soluções mobile que podem escalar no desktop e enriquecer a experiência do utilizador.
3. Temos cerca de 1,3 milhões de downloads das 20 apps do grupo Cofina, sendo que em média isso pode representar 30 por cento do tráfego digital. Nos sites de informação diária como o Correio da Manhã ou o Jornal de Negócios esse valor chega aos 40 por cento do total.
4. A Cofina dispõe de uma oferta comercial com formatos publicitários especialmente desenvolvidos para a plataforma, com produção de landing pages mobile, sendo que estes podem ainda ser geolocalizados ou segmentados por vários filtros disponíveis. As receitas têm vindo a crescer a bom ritmo e já representam cerca de 10 por cento do investimento publicitário.
5. Estamos a fazer vários investimentos em novas apps e a tornar os nossos sites completamente responsive. Acreditamos que isso vai incrementar quer o tráfego quer o volume de receitas publicitárias, onde se estimam crescimentos na ordem dos dois dígitos.
6. Acredito que são caminhos que se complementam e oferecem aos utilizadores maior liberdade na escolha do consumo de media. Apps permitem criar um relacionamento mais forte e personalizado, saber mais sobre as preferências e hábitos de consumo, comunicar e enviar mensagens directas. O responsive pode melhorar a experiência de utilização de acordo com o aparelho, tamanho de ecrã ou conteúdo. A Cofina e as suas propriedades são multiplataforma, por isso vamos continuar a desenvolver as melhores soluções, quer para os nossos utilizadores quer para as marcas potenciarem a sua presença junto dos seus consumidores. A nossa estratégia e portfólio de produtos têm como prioridade o desenvolvimento da oferta de soluções de audience data, mobile, native advertising e content marketing. O grupo Cofina pretende fornecer mais conhecimento sobre as suas audiências que vá para além dos dados sócio-demográficos. Temos de saber o que os utilizadores estão a fazer com as apps, qual é o seu comportamento de consumo de media e como podemos melhorar as suas experiências com a publicidade nativa, introduzindo novos formatos onde as marcas podem criar valor para os nossos leitores.