Ricardo Tomé, director coordenador da Media Capital Digital e docente na Católica Lisbon School of Business and Economics
Para esquecer o telemóvel em férias, 5 livros para levar o digital em papel
Há os que sofrem de Nomofobia (poder ficar sem telemóvel a qualquer momento) e os que sofrem de FOMO (Fear of Missing Out), mas do lado oposto também há os […]
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Há os que sofrem de Nomofobia (poder ficar sem telemóvel a qualquer momento) e os que sofrem de FOMO (Fear of Missing Out), mas do lado oposto também há os que querem fugir de grupetas digitais e likes (JOMO – Joy of Missing Out) e os que já deixaram de aceitar convites para aderir seja ao que for por receio das consequências (FOJI – Fear of Joining In). Para todos ofereço em tempo de férias a desculpa perfeita para deixar o telemóvel de lado, como ele bem precisa (e nós também), e ocupar o tempo a aprofundar o meio digital pela via tradicional em papel (ou eReadar, vá).
What’s the future and why it’s up to us
Tim O’Reilly
Poderoso e difícil. Tim demonstra porque é efetivamente uma entidade viva. O livro partilha histórias contadas na primeira pessoa, mas evolui depois com um Tim mais pensador. A tecnologia e o seu papel na economia, na política, na igualdade e no futuro do trabalho. Mais importante, na nossa orientação moral. Em pano de fundo, uma reflexão técnica sobre o modelo económico esgotado, a frustrar milhões e, no limite, carente de refundação ou afinação. De permeio a sua partilha de como Amazon, Google, Tesla ou SpaceX olham o mundo e a transformação de um ponto de vista realmente diferente, a ponto de não os compreendermos. Pode não ser um livro que democratiza a reflexão, mas aos que tenham já alguma estrutura temática dos temas digitais vai certamente marcar profundamente.
21 lições para o século XXI
Yuval Noah Harari
Discordando do título e da pretensão de nos querer dar “lições” (“reflexões” mais ajustado, ainda que possa aceitar que estas lições possam não ser do autor, mas da vida), o livro encaminha-nos por 21 temas no séc. XXI numa caminhada que começa pela Liberdade e o Trabalho e termina na Religião, na Educação e na Meditação. Segue num crescendo. Começamos a abordar aspetos mais terrenos e confesso que senti a segunda metade (do livro e dos temas) bastante mais profunda, provocadora e até reveladora. Talvez no final, a conclusão maior e transversal é que seja difícil percebermo-nos numa continuação dos milénios até aqui, e aceitar que a nossa espécie será alterada. Pelos efeitos da inteligência artificial, da biotecnologia, e por arrasto nas nossas conceções do que é liberdade, paz, educação e futuro, e por fim o nosso lugar no mundo, o sentido da vida. Não é um livro espiritual, mas não deixa de provocar a reflexão.
Os inovadores
Walter Isaacson
O desafio das 520 páginas (mais notas) pode intimidar, mas a densidade prova-se leve de ler e entusiasmante. Fala-se aqui de programação, computação, inteligência artificial, chips, microchips, redes e todo o mundo online que, entretanto, se tornou o normal. A viagem inicial feita com Ada Lovelace no início do séc. XIX é um marco do livro; até porque a narrativa de Isaacson, de forma cinematográfica, decide encerrar o livro unindo a visão de uma mulher num mundo de muitos homens, clarividente há mais de 200 anos (!) sobre o que poderia ser (e foi mesmo) um mundo onde as máquinas “inteligentes” convivem com o mais comum dos seres humanos. Desde os primórdios do cálculo, à reflexão em torno de mecanismos de processamento de dados, a Alan Turing e o seu contributo sobejamente conhecido para a luta contra o poderio alemão na WWII, e claro, mais recentemente no séc. XX com Tim Berners-Lee, Tim O’Reilly, Bill Gates, Steve Jobs e outros tantos nomes de Sillicon Valley. No final, a grande ideia que o livro passa é que todas as criações são construídas com ideias de muitos, e não por um homem só, onde os génios existem e a obra nasce da inspiração, mas sim sobretudo da transpiração em unir conceitos, ideias, descobertas daqui e dali, da empresa ao lado, da conversa de há minutos ou dias.
Digital vortex
Jeff Loucks, James Macaulay, Andy Noronha, Michael Wade
Para tornar uma grande empresa numa empresa ágil, ao invés de centros de decisão pequenos e distribuídos temos pirâmides hierárquicas centralizadoras; ao invés de rapidez na tomada de decisão em desenvolver pequenos projetos que avançam ou se matam, temos longos processos de análise e discussão… Os autores apresentam aqui uma poderosa ferramenta, sistematizada numa matriz com três eixos de análise da disrupção digital que impulsiona novos negócios: Modelo de Pricing, Plataforma, Valor da Experiência. Após isso, o livro oferece a matriz para a agilidade e a sobrevivência em redor de mais três eixos: Hyper-Conhecimento, Decisões Informadas e Execução Rápida. Mais denso e técnico, mas poderoso para quem trabalha com estratégia digital.
Minimalismo digital
Cal Newport
Em redor do título desta crónica, pois claro. Cal Newport aprofunda o tema de forma leve, mas sem ser incipiente, bem no oposto contribuindo com estudos, pesquisa e factos históricos que nos ajudam a perceber que vivermos rodeados de tecnologia não deve significar alhearmo-nos dos outros. É fácil cair no engano de que estarmos conectados é o mesmo que estarmos próximos e humanamente ligados. Os nossos cérebros são empáticos, mas a socialização de que necessitam é física e tridimensional. Não é por receber comentários e likes a posts que as nossas mentes socializam, sendo meros estímulos momentâneos. Colocando à parte os radicalismos de medidas que nem todos poderão aplicar, a simples tomada de consciência do impacto da tecnologia à volta das aplicações que usamos no telemóvel é em si já valor que chegue para dedicar tempo ao tema e ler o livro. Caberá a cada um depois decidir o que fazer a seguir.
Artigo de opinião assinado por Ricardo Tomé, diretor coordenador da Media Capital Digital e docente na Católica Lisbon School of Business and Economics