Pegada climática da publicidade digital global igual à de dois setores de atividade portugueses
Apesar de pouco se ouvir falar dele, o impacto carbónico do digital é real e também é responsável pelo (mau) estado de conservação do planeta. O consumo elétrico e a […]
Luis Batista Gonçalves
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Apesar de pouco se ouvir falar dele, o impacto carbónico do digital é real e também é responsável pelo (mau) estado de conservação do planeta. O consumo elétrico e a digitalização de processos implicam um dispêndio de energia que, sempre que é produzida com recurso a combustíveis fósseis, contribui para o aumento da pegada ambiental. De acordo com um novo estudo, elaborado pela consultora climática Scope3, a da publicidade digital global é (muito) grande.
Em média, a exibição de anúncios publicitários em ecrãs digitais e em plataformas de streaming é anualmente responsável por 7,2 milhões de toneladas métricas de emissões de dióxido de carbono, “a mesma quantidade que os setores da aviação e do transporte marítimo emitem em Portugal e a indústria da manufatura e da construção gera na Suécia”, avança a consultora.
Desses 7,2 milhões, cerca de 3,8 têm origem na transmissão e visualização de publicidade em ecrãs digitais, apurou a Scope3 no método de quantificação e cruzamento de dados que utilizou. Os restantes 3,4 são causados pela exposição a anúncios nos serviços de streaming.
“Em termos de emissões absolutas, os EUA, a Índia e o Reino Unido são os maiores poluidores”, refere o documento que reúne as principais conclusões da investigação. As emissões de dióxido de carbono no país presidido por Joe Biden aproximam-se muito das que a produção de energia elétrica e de calor emana na Suíça.
Suécia e Dinamarca com valores elevados
Estabelecendo a comparação com o valor total de emissões de cada país, os analistas apuraram que a Suécia e a Dinamarca também são responsáveis por percentagens consideráveis. Fora da análise, que envolveu três dezenas de países, ficaram, no entanto, a China e a Rússia, outros dos grandes poluidores mundiais.
“Isto representa uma oportunidade para esta indústria. Sendo o streaming ainda um canal em expansão, os editores e proprietários de media não devem sobrecarregar as suas plataformas tecnológicas com anúncios de vídeo, nem com parceiros desnecessários. Devem estar atentos e construir o futuro com a sustentabilidade em mente”, defende a Scope3. “Se os anunciantes digitais tivessem reduzido a pegada digital das suas campanhas, o seu desempenho teria melhorado em 5% e as emissões teriam diminuído 20%”, garante ainda o estudo da consultora internacional.