Luís Delgado vai apresentar plano de reestruturação da TiN
“Não sei como vai acabar a empresa”, mas “o que posso fazer, e vai ser apresentado a 27 de dezembro, é um plano de reestruturação, que me comprometi a fazer e entregar no tribunal”, anuncia o dono da Trust in News, declarada insolvente a 4 de dezembro
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O dono e administrador da Trust in News, Luís Delgado, anunciou na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto que vai apresentar, a 27 de dezembro, um plano de reestruturação da empresa, já depois de a insolvência ter sido decretada, a 4 de dezembro, e com a assembleia de credores agendada para 29 de janeiro.
Durante a audição na comissão parlamentar a 18 de dezembro, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Livre e do PS sobre a situação em que se encontra o grupo de media, Luís Delgado referiu que, previamente à apresentação do plano ao tribunal – “com medidas concretas e específicas” – irá apresentá-lo “junto do administrador de insolvência que, tanto quanto nos disse a nós, diretamente, não tem nenhum plano”.
“Também acho que não está muito interessado em conhecer os planos de reestruturação, mas ser-lhe-á mostrado na altura”, avança Luís Delgado, em declarações citadas pela Lusa.
“Não sei como vai acabar a empresa, até pode acontecer, como já ouvi, que o administrador de insolvência até final deste mês”, se não tiver dinheiro para pagar os ordenados irá imediatamente para liquidação, refere.
“O que posso fazer, e vai ser apresentado a 27 de dezembro, é um plano de reestruturação, que me comprometi a fazer e entregar no tribunal, porque se for assim ao menos existiu ali um plano de reestruturação”, anuncia Luís Delgado.
A ideia do novo plano é manter os quatro pilares das medidas tomadas em 2023: conversão das assinaturas em digital, saídas voluntárias sem preenchimento do lugar deixado vago, redução dos custos de produção (papel e impressão) e suspensão das publicações com margem de contribuição negativa.
Quanto às dívidas, Luís Delgado quer propor aos credores (excluindo trabalhadores e Estado) a sua conversão em publicidade, tanto em papel como em digital, bem como uma diminuição da dívida em 25%, pagando o restante num prazo alargado, até a empresa estar estável.
Questionada, no âmbito da comissão parlamentar, sobre se houve má gestão, Carolina Almeida, membro da Comissão de Trabalhadores, diz que “não sabemos se houve má gestão”, mas houve “uma inação”, referindo que, ao longo do tempo, deveriam ter sido “tomadas algumas ações”. “Deveria ter sido feito mais alguma coisa para não chegarmos a este ponto, as decisões deveriam ter sido mais duras” para “não colocar os trabalhadores nesta situação”, aponta Carolina Almeida, citada pelo Público.
Rui da Rocha Ferreira, também da Comissão de Trabalhadores da empresa que detém a Visão, Caras e Exame, considera que a gestão “boa não foi”, salientando que quando o Processo Especial de Revitalização (PER) não foi aprovado, havia indicação de que havia dinheiro para pagar algumas dívidas. “Mas se tinha dinheiro, por que não meteu?”, questiona Rui da Rocha Ferreira, revelando que nunca obteve resposta a esta pergunta.
A Trust in News está considerada insolvente desde 4 de dezembro, quando o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste fixou um prazo de 30 dias para a reclamação de créditos, agendando para 29 de janeiro, às 11h, a assembleia de credores.