Uso de grandes modelos de linguagem altera jornada de consumo
Com 60% da publicidade a ser impulsionada por algoritmos, a perceção das marcas está a mudar e a afetar a forma como os consumidores decidem as compras. Com a evolução tecnológica, a jornada de consumo inicia-se cada vez mais no ponto de venda e não com o produto
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Luis Batista Gonçalves
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O recurso crescente a grandes modelos de linguagem, sistemas de inteligência artificial (IA) que compreendem, interpretam e geram linguagem humana, através do processamento de grandes quantidades de dados (conhecidos como LLM na sigla anglo-saxónica), está a alterar a jornada de consumo.
De acordo com o Consumer Vision 2035, estudo da Dentsu, com 60% da publicidade a ser impulsionada por algoritmos, a perceção das marcas está a mudar e a afetar a forma como os consumidores decidem as compras. A evolução tecnológica está a acelerar e a segmentar os clientes das marcas, que estão cada vez mais conectados.
Com o novo paradigma, a jornada de consumo passa a iniciar-se no ponto de venda e deixa de ter o foco no produto. “Os assistentes de LLM sintetizam as opções e destacam as que consideram mais relevantes. Esta situação tem o potencial de inverter a jornada de consumo. Em vez de terminar no produto, a viagem começa no ponto de compra”, alega Hamish Kinniburgh, diretor global de estratégia da Dentsu, num artigo para o World Advertising Research Centre (WARC).
Era algorítmica exige abordagem integrada
A mudança exige uma nova abordagem no planeamento e na definição de estratégias para acompanhar a evolução que os algoritmos e os LLM estão a gerar. “Em vez de nos isolarmos, defendemos a adoção de uma abordagem de código aberto para dados e parcerias, para acedermos a mais dados e recursos tecnológicos, para encontrarmos melhores ‘insights’ e oportunidades”, refere Hamish Kinniburgh.
A abordagem ampla que o processo exige obriga as empresas a estarem mais atentas à evolução algorítmica, que o avanço da tecnologia potencia. “Decifrar esses códigos permite que as marcas criem cada vez mais algoritmos personalizados próprios”, explica o diretor global de estratégia da Dentsu.
Hamish Kinniburgh não acredita que o uso crescente de IA venha a acabar com o planeamento estratégico, mas reconhece que vai dar origem a novas formas de gestão. “Esta tecnologia está a acelerar as principais competências de planeamento, com dados mais completos e obtidos de forma mais rápida, passando de um planeamento isolado para uma abordagem totalmente integrada”, defende.
Recurso a mais dados analíticos equilibra experiência de compra
A atual era algorítmica representa um desafio acrescido para os profissionais do marketing e da publicidade e para os anunciantes. “A IA está a alterar as nossas ferramentas de análise próprias, transformando os consumidores em personas que os LLM têm permanentemente à mão”, sublinha Hamish Kinniburgh, salientando que “a experimentação, sustentada pela análise, é a nova forma de planeamento”.
O recurso a mais dados analíticos é considerada pelo diretor global de estratégia da Dentsu como uma vantagem para as marcas. “Se a anterior era da difusão fazia pender mais a balança do investimento para o topo do funil e a era da precisão canaliza-o para o fundo do funil, acreditamos que a era algorítmica representa a oportunidade de criar um melhor equilíbrio em toda a experiência de compra”, conclui Hamish Kinniburgh.