Será a publicidade online eficaz?
“Acrescente sofisticação das audiências online tem levado cada vez menos consumidores a clicar nos anúncios”.
Ana Marcela
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“Acrescente sofisticação das audiências online tem levado cada vez menos consumidores a clicar nos anúncios”. A constatação é do recente estudo How Online Advertising Works. Whither the Click in Europe, produzido pela comScore. Efectivamente, estudos anteriores de empresas como o DoubleClick têm vindo a dar conta de que as médias de taxas de click-through em anúncios de imagem, flash ou campanhas de rich media têm vindo a cair em territórios determinantes como o Reino Unido e os Estados Unidos. Valores que se tornam relevantes para o mercado, na medida em que, como destaca o próprio estudo da comScore, no actual clima económico “alguns anunciantes e as suas agências estão à procura de retornos imediatos, movimentando os seus dólares de campanhas de CPM [Custo por Mil], que requerem pagamento com base no número de impressões, para programas de CPC [Custo por Contacto] onde o pagamento é baseado no número de cliques num anúncio”.
Campanhas baseadas então nesta métrica poderão ter um efeito negativo nas contas dos grupos, mas será que isso significa que a publicidade online está a perder a sua eficácia? Todavia, haver uma diminuição da taxas de click-through não representa necessariamente uma indicação negativa sobre a qualidade da publicidade ou da audiência, pelo contrário, realça o estudo da comScore, podendo apenas significar um maior grau de sofisticação por parte dos cibernautas. É que analisando este item em 28 países verifica-se que em mercados mais maduros com elevadas taxas de penetração de banda larga, como Europa Ocidental ou América, têm baixas taxas de click-through, enquanto que as taxas mais elevadas são registadas em mercados emergentes na Ásia, Médio Oriente e África. Os números são elucidativos: enquanto que a Noruega apresenta uma taxa de 0,07 por cento, seguida da Irlanda com 0,08 por cento, os Emiratos Árabes Unidos e Malásia estão no quadrante oposto com 0,26 e 0,29 por cento, respectivamente. A razões para este fenómeno, equaciona o estudo, poderão estar no simples facto de que a novidade de clicar num anúncio vai desaparecendo à medida que os utilizadores ganham maior experiência no ambiente online. Assim sendo, perderá a publicidade online a sua eficácia nesses mercados? A tudo isto acresce que determinar o comportamento do utilizador está a tornar-se mais complexo, já que o sector se defronta com o fenómeno do apagar dos cookies (cookies deletion) que tem vindo a ganhar adeptos à medida que os sistemas de software de anti-spyware permitem que os utilizadores eliminem os cookies – segundo um estudo da comScore, apresentado em Setembro do ano passado, no Reino Unido 24 por cento dos utilizadores apagam os cookies e fazem-no cerca de três vezes por mês, sendo que os cookies utilizados pelos servidores de anúncios são apagados por 33 por cento dos utilizadores, que o fazem em média sete vezes por mês – o que complica a monitorização do comportamento do utilizador através desta ferramenta.
Espaço de crescimento para a publicidade display
Para contornar esta questão, através de um sistema de painel, a comScore propôs-se a avaliar a forma como a publicidade online afecta o comportamento do utilizador, tendo detectado diferenças significativas entre o mercado europeu e o norte-americano. No Reino Unido, recorde-se, no primeiro semestre do ano passado o IAB revelou que pela primeira vez o investimento no online ultrapassou o da televisão, representando 23 por cento do bolo de investimento global (neste mercado, recorda o estudo da comScore, a televisão pública BBC – sem publicidade – representa cerca de 30 por cento da audiência de televisão, e por isso “talvez não seja surpreendente que o Reino Unido seja a primeira grande economia em que o investimento online tenha ultrapassado o de televisão”). O search domina a publicidade online tanto no mercado inglês, como norte-americano, embora neste último tenha um peso superior (34 por cento) face ao do inglês, onde o search representa 18 por cento do bolo. Uma disparidade entre estes dois mercados que não só significa que há espaço para o crescimento do display no Reino Unido, tanto em termos absolutos como percentuais, mas também que “uma marca que publicite online usando anúncios display no Reino Unido irá muito provavelmente beneficiar de uma fatia maior de share of voice em display já que não enfrenta tanta pressão de publicidade display concorrente no Reino Unido comparativamente aos Estados Unidos”. Mais, continua comScore, estudos de eficiência dos anúncios neste mercado, bem como em países da Europa Ocidental (Alemanha, Espanha e França, entre outros) demonstram que “a publicidade display, apesar da falta de cliques, pode ter um impacto significativamente positivo no comportamento do consumidor”: a visita ao site do anunciante aumentou em média 72 por cento e a probabilidade dos consumidores que realizam uma pesquisa por marca usarem como query termos da marca aumentou média em 94 por cento, contra os 49 e 40 por cento verificados no mercado dos Estados Unidos. Menos ‘lixo’ publicitário, maior probabilidade de realizar uma pesquisa, maior receptividade das audiências online às mensagens das marcas e uma maior criatividade da publicidade neste media no Reino Unido são algumas das razões equacionadas para explicar esta diferença de resultados. Sobre este último ponto, um estudo da Eyeblaster, citado pela comScore, dá algumas notas interessantes. De acordo com o Global Benchmark Report da empresa entre aqueles expostos a campanhas rich media, os europeus têm 30 por cento mais probabilidade de se envolverem activamente com um anúncio do que os consumidores norte-americanos, e dos que se envolvem com o anúncio, os consumidores europeus despendem 22 por cento mais tempo com o anúncio do que os consumidores nos Estados Unidos, o que sugere “que pode haver alguma coisa na criatividade da campanha que não só leva mais consumidores a envolverem-se, como mantêm durante mais tempo a sua atenção quando isso sucede”