Morreu José António Saraiva, fundador do Sol e ex-diretor do Expresso
“Nunca me senti jornalista. No jornal as pessoas mais velhas tratavam-me por ‘Zé António’ e as mais novas por ‘arquiteto’ ou ‘diretor’. Como arquiteto senti-me um deus”, escreve José António Saraiva no início da última crónica no Sol, a 28 de fevereiro, intitulada ‘Não é uma despedida’

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José António Saraiva, um dos fundadores do Sol e conselheiro editorial do jornal, e ex-diretor do Expresso, morreu esta quinta-feira, 6 de março, aos 77 anos, vítima de um cancro fulminante, noticia o jornal onde assina a última crónica, a 28 de fevereiro.
“Nunca me senti jornalista. No jornal as pessoas mais velhas tratavam-me por ‘Zé António’ e as mais novas por ‘arquiteto’ ou ‘diretor’. Como arquiteto senti-me um deus. Ver um sítio e imaginar para ali uma construção, desenhá-la, acompanhar a edificação, ver um edifício onde antes não havia nada e saber que vai ali ficar por umas dezenas de anos. Um jornal compra-se e deita-se no caixote do lixo no dia seguinte. Um jornalista é um funcionário que pode influenciar pessoas, mas não deixa uma marca, um marco no lugar”, escreve José António Saraiva no Sol, no parágrafo de abertura da crónica intitulada ‘Não é uma despedida’.
Na última crónica, José António Saraiva resume o seu percurso, contando que começa a escrever nos jornais com 17 anos, pelas mãos de Mário Castrim, no Diário de Lisboa Juvenil. Colabora depois com o Diário de Lisboa, A Bola, o Espaço T Magazine, A República, o Portugal Hoje, “até que um dia, em plena Praça do Rossio, em Lisboa”, Vicente Jorge Silva o convida para ser colaborador do Expresso, onde chega a diretor, cargo ocupado durante 22 anos, até à saída para ir fundar o Sol.
José António Saraiva é filho do ensaísta, historiador e crítico literário António José Saraiva e sobrinho do historiador José Hermano Saraiva. Completa o curso de arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1973, profissão que exerce entre 1968 e 1983, quando colabora com Manuel Tainha. Passa no Centro de Formação da RTP como professor de Escrita para Televisão, entre 1977 e 1980, e realiza o documentário ‘O 25 de Abril – Três Anos Depois’.
É diretor do Expresso de 1983 a 2005, fundador e diretor do semanário Sol entre 2006 e 2015 e ganha o Prémio Luca de Tena de jornalismo ibérico do diário espanhol ABC, em 2005. É também professor convidado da Universidade Católica no Instituto de Estudos Políticos, onde leciona entre 2000 e 2015 a cadeira de Política Portuguesa, tendo publicado livros de política e história, e quatro romances. Uma das obras mais polémicas é o ‘Eu e os Políticos’.