A propósito de Propósito
O termómetro bateu nos 46,4ºC. Lembro-me daquela sensação de forno ribatejano dos meus verões de infância, onde 42ºC eram business as usual. Mas durante este último agosto, foram registados uns […]
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O termómetro bateu nos 46,4ºC. Lembro-me daquela sensação de forno ribatejano dos meus verões de infância, onde 42ºC eram business as usual. Mas durante este último agosto, foram registados uns impressionantes 46,4ºC no Vale de Santarém, onde passei os primeiros 18 anos da minha vida. Um pouco extremo, até para o “RibaTexas”.
Estamos em plena “década da ação”. O ano de 2030 foi o prazo proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que todos os países-membros cumpram os seus compromissos no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Uma agenda com a ambição necessária para quem reconhece quão importante é encontrar um novo modelo de desenvolvimento à escala global, que se materializa em 169 metas e 17 grandes Objetivos.
A Agenda 2030 da ONU convoca “todos, todos, todos” a agir contra as alterações climáticas. Propõe-nos a saída possível num aparente beco, que só será viável se governos, empresas, ONG, instituições e sociedade civil trabalharem lado a lado, a olhar na mesma direção, com o passo acertado no mesmo sentido.
Esta é uma oportunidade para pensarmos no papel que empresas e marcas podem ter nesta agenda e na forma como estão a integrar os ODS na sua estratégia de gestão. Pelo menos as marcas que querem mudar o mundo. E também aquelas que querem continuar a ter um mundo para as próximas gerações.
É também uma oportunidade para as marcas revisitarem a sua razão de ser, o seu propósito. Tanto as “marcas-produto”, quando olham além daquilo que são os benefícios funcionais, como as “marcas-empresa”, quando dão corpo à sua missão social. E, por isso, hoje temos marcas de beleza que representam o empoderamento feminino, de refrigerantes que “vendem” felicidade e de ténis que lutam por justiça social. E que bom que assim é. Sempre que não se fiquem pela exploração epidérmica de associações emocionais inconsequentes. Sempre que tragam uma consequência visceral a tudo o que dizem e fazem. Sempre que empoderem as suas pessoas, sendo também promotores de felicidade para as comunidades onde estão inseridos, e motores de justiça social para a cadeia de valor que representam.
Integrar os ODS na gestão de marca é recalibrar a forma como olhamos para o mundo e para o nosso papel na sociedade, individualmente e enquanto coletivo. É hoje consensual a forma como o propósito pode acrescentar valor à organização como um todo. E, queiramos ou não, acrescentar valor é condição sine qua non para nos sentarmos à mesa com os “crescidos”, sabendo que o privilégio é pago com a responsabilidade de todas as decisões que não podemos deixar de tomar, e com o peso das suas consequências. Isso, sim, é ser crescido.
É um bom sinal quando entidades como o Fórum Económico Mundial incorporam nos seus fóruns de discussão a ideia de propósito corporativo, para reforçar que as empresas podem e devem focar-se na criação de valor sustentável e equilibrado em todas as frentes, indo ao encontro dos interesses de colaboradores, clientes, fornecedores, comunidades e sociedade, além de acionistas.
Para além do lucro pelo lucro. Conciliando este legítimo objetivo, que garante a sustentabilidade financeira da empresa, com as necessidades de pessoas e planeta, transformando a organização num verdadeiro agente coletivo de mudança. E assim voltamos ao início de tudo: quais os valores e as crenças das nossas marcas? Qual a nossa causa, o que queremos mudar no mundo?
Uma marca que explora, comunica e age de acordo com o seu propósito diz-nos ao que vem e, muitas vezes, como uma boa canção de amor, encontra as palavras certas para descrever o que nós próprios sentimos e não conseguimos explicar.
Já não se trata só daquela marca, mas sim de nós. Daquilo em que acreditamos. E da marca que queremos deixar.
Artigo de opinião assinado por Fernando Rente, diretor de marketing corporativo do Doutor Finanças