“Foi um óptimo negócio para as duas partes”
Os accionistas fundadores da Netsonda pagaram 1,3 milhões de euros para readquirir a empresa que, desde 2015, integrava o grupo Havas. Tiago Cabral, CEO e um dos sócios-fundadores, explica as motivações do negócio e a estratégia para a nova fase da empresa.
Pedro Durães
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Os accionistas fundadores da Netsonda pagaram 1,3 milhões de euros para readquirir a empresa que, desde 2015, integrava o grupo Havas. Tiago Cabral, CEO e um dos sócios-fundadores, explica as motivações do negócio e a estratégia para a nova fase da empresa
“Para este negócio acontecer tinha que ser win-win”, assegura Tiago Cabral, CEO da Netsonda e um dos quatro accionistas fundadores que uniram esforços para recuperar o controlo da empresa de estudos de mercado cuja maioria do capital foi vendido em 2010 à Fullsix. A empresa, fundada há quase duas décadas, integrava agora o grupo francês Havas na sequência da aquisição e integração, em 2015, da Fullsix, grupos com os quais a Netsonda manterá agora uma parceria estratégica. “Ninguém sai prejudicado e a nova situação vai beneficiar largamente cada uma das partes, fruto da forma de trabalho encontrada e que foi contratualizada”, afirma o CEO. A Tiago Cabral, Francisco van Zeller, Eduardo Correia de Matos e Salvador Patrício Gouveia, accionistas originais da empresa de estudos de mercado online, juntaram-se agora como sócios Miguel Novais e Francisco Cabral, quadros superiores da Netsonda há mais de uma década.
Meios & Publicidade (M&P): Há quase 10 anos decidiram vender a maioria do capital da Netsonda à Fullsix. O que vos levou a voltar atrás e readquirir a empresa?
Tiago Cabral (TC): Foi exactamente a pergunta que a minha mulher me fez quando decidimos iniciar as negociações. As coisas foram acontecendo naturalmente. Quando eu e os sócios fundadores da Netsonda discutíamos o que iríamos fazer depois de em 2015 ter sido vendida a totalidade do capital que detínhamos, foi lançada para a mesa a possibilidade de nos lançarmos numa nova aventura empresarial, desta vez na área da consultadoria de marketing, com ligação a estudos de mercado mas com muito mais valências. A ideia foi colocada na prateleira, enquanto explorámos outras opções e concretizámos uma série de outros projectos, que vão desde a área do surf a mentoring de novos empreendedores. Depois de um período pessoal complicado em início de 2015, que se prolongou até início de 2017, resolvi levar a minha família a passear por dois meses para o outro lado do mundo. Saindo do ambiente habitual, ponderei muito e decidi que era altura de de olhar para a frente com renovada ambição e vontade de continuar o percurso que tinha iniciado há 20 anos atrás. Nessa altura, o Salvador [Patrício Gouveia], outro dos sócios-fundadores e que até então tinha estado sempre comigo na gestão da empresa, tinha largado as rédeas da Netsonda há alguns meses, o que também ajudou a colocar tudo em perspectiva. No regresso, reuni com a minha equipa de sócios de há 25 anos e juntos decidimos que iriamos fazer a tentativa de recompra da Netsonda. Convidámos nessa altura dois dos nossos mais antigos directores, o Miguel Novais e o Francisco Cabral, que eram já parte do negócio e da empresa, a juntarem-se ao consórcio, contribuindo também para uma renovação na gestão e uma nova energia necessária para esta fase.
M&P: Que balanço fazem destes quase 10 anos em que a empresa esteve na mão de grupos multinacionais, primeiro com a Fullsix e, nos últimos quatro anos, integrando o grupo Havas?
TC: Pode parecer estranho, porque comprámos a Netsonda de volta, mas o balanço é extremamente positivo. Aprendemos muito, continuamos muito próximos e estrategicamente alinhados. Há que referir que temos dois períodos diferentes nestes 10 anos. Até 2015 e depois de 2015. Até 2015 a Netsonda estava numa dinâmica de crescimento orgânico grande, ganhávamos novos clientes regularmente, fazíamos projectos pontuais e com perspectivas de internacionalização via grupo Fullsix. Ainda temos presença em Espanha, embora apenas para serviços de painel online de consumidores. No ano 2015 concretizámos a aquisição de uma empresa de estudos qualitativos, integrando definitivamente esta capacidade na nossa oferta de full service, full research. Desde então, temos vindo a desenvolver cada vez mais estudos estratégicos com clientes recorrentes, passando de um rácio 90/10 para 60/40 entre quantitativos a solo e mistos (quantitativos e qualitativos). Este movimento, iniciado em 2015, está a dar os seus frutos.
M&P: Como evoluirá a estratégia da empresa na sequência do negócio?
TC: Em 2020 a Netsonda irá assinalar 20 anos de mercado. Será um ano histórico, pois a Netsonda voltou a “casa”. Os novos/velhos accionistas têm uma visão clara daquilo que querem para a empresa. Olhamos para o mercado e vemos que há oportunidades imensas de crescimento num mundo cada vez mais global. Continuamos a ter o maior e mais completo painel online de consumidores na Península Ibérica, construído segundo as regras ISO e da ESOMAR. Temos uma plataforma de recolha de informação, seja de inquéritos online, seja de entrevistas na rua/loja com tablets e até por telefone, que agrega tudo e nos permite continuar a ser ágeis na entrega de resultados aos clientes via resultados em tempo real. No fundo, o mesmo compromisso que a Netsonda apresentou ao mercado em 2000, quando foi criada, mas suportado por várias inovações dos últimos 20 anos. A nossa experiência de construção de questionários para este novo mundo digital, seja para resposta em portátil, tablet ou “on the go” via telemóvel dá-nos uma vantagem incrível pois são 20 anos a fazer e a aprender. Por fim, a relação de parceria com vários clientes, abordando a consumer journey com metodologias próprias e em parceria com a Fullsix tem sido muito bem recebida pelo mercado, tanto nacional como internacional.
M&P: O valor pago agora pela Netsonda é inferior ao que o negócio rendeu em 2010 ou acabaram por “perder” dinheiro pagando agora mais para recuperar o controlo da empresa?
TC: Os detalhes do negócio não podem ser revelados pois ficamos obrigados a isso contratualmente. Posso adiantar que foi um óptimo negócio para as duas partes. Ninguém sai prejudicado e a nova situação vai beneficiar largamente cada uma das partes, fruto da forma de trabalho encontrada e que foi contratualizada.
M&P: Pode clarificar que forma foi essa?
TC: Para este negócio acontecer tinha que ser win-win. Com essa ideia sempre em mente durante as negociações, chegámos a um valor que fazia sentido para todos, ou seja, que por um lado justificasse a alienação da Netsonda por parte da Havas, tendo em conta o seu investimento e o papel que a empresa tinha no negócio global e, por outro lado, que fosse exequível em termos de investimento para os novos accionistas, tendo em conta um plano de crescimento e rentabilidade traçado pelos mesmos.
M&P: Quando prevêem atingir o break-even do investimento agora realizado?
TC: Além do investimento na recompra, temos planeados investimentos substanciais, nomeadamente ao nível de plataformas de suporte ao negócio e no nosso painel de consumidores de cobertura ibérica. Nos próximos três anos iremos investir cerca 300 mil euros. Contamos atingir o break-even do investimento total no prazo de quatro a seis anos.
Leia a entrevista completa na edição do M&P desta quinzena, disponível aqui com acesso gratuito