Julgamento da Google gera debate sobre liberdade de empresas editoriais
Em causa está a capacidade para participar em mercados de publicidade digital robustos, sem as ferramentas da Google. O Departamento de Justiça sugere o desmembramento do negócio de tecnologia de anúncios da Google. Ambas as partes apresentam os argumentos finais a 25 de novembro
Daniel Monteiro Rahman
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A Google está a tentar fazer valer o argumento de que a plataforma Google Ad Manager é aberta, de forma que as empresas editoriais possam associar-se a fornecedores de tecnologia de publicidade externos à Google, na venda de espaços publicitários online, noticia a Ad Age.
A empresa liderada por Sundar Pichai apresentou a 5 de novembro novos documentos para fundamentar esta argumentação, no âmbito do julgamento sobre tecnologia publicitária, que foi ouvido em setembro no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Leste da Virgínia, presidido pela juíza Leonie Brinkema.
Se a tecnologia publicitária da Google for, de facto, tão aberta como a empresa afirma, a juíza poderá determinar que o caso não se trata de um monopólio. Concorrentes do mercado da tecnologia publicitária defendem, porém, que ainda não é claro que os editores possam participar razoavelmente em mercados de publicidade digital robustos, sem as ferramentas da Google.
No documento apresentado pela empresa, que tem mais de 600 páginas, a Google continua a argumentar que os editores que utilizam o Google Ad Manager para controlar o seu inventário de anúncios online são livres de utilizar outras tecnologias de anúncios para preencher os espaços publicitários. A Google enfatiza ainda que os editores podem utilizar tecnologia publicitária externa para receber a procura de publicidade da Google. Isto significa que, alegadamente, os editores não são obrigados a utilizar o Google Ad Manager para beneficiarem da fonte lucrativa de publicidade da Google.
Um dos principais argumentos apresentados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos é o facto de os editores serem obrigados a utilizar o Google Ad Manager, que, alegadamente, representa quase 90% do mercado de fornecimento de ferramentas de publicidade a páginas web. O Departamento de Justiça sustenta que o poder da Google no domínio das vendas, através da relação do Google Ad Manager com os editores, e o seu peso no mercado dos anúncios, através da procura de publicidade do Google Ads, fazem da Google uma empresa monopolista.
O resultado do processo poderá determinar o futuro do negócio de tecnologia publicitária da Google, um setor que o gigante das pesquisas ajudou a desenvolver desde que comprou a DoubleClick por 3,1 mil milhões de dólares (€2,8 mil milhões), em 2008. O Departamento de Justiça sugere o desmembramento do negócio de tecnologia de anúncios da Google, mas ambas as partes vão apresentar pessoalmente os argumentos finais, a 25 de novembro, para o julgamento ser concluído.