Duda Mendonça (1944-2021). A história da transformação da publicidade do Pingo Doce
Em 2009, na sequência de um encontro de Duda Mendonça com Alexandre Soares dos Santos, a Jerónimo Martins decide entregar, por adjudicação directa, a conta de publicidade do Pingo Doce à equipa do criativo brasileiro.
Rui Oliveira Marques
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Duda Mendonça, considerado um dos principais publicitários brasileiro da sua geração, morreu esta segunda-feira, em São Paulo, aos 77 anos.
Fundou em 1975, na cidade da Bahia, a agência DM9, que treze anos depois viria a ser comprada por Nizan Guanaes e Guga Valente, tornando-se uma das maiores do país.
Trabalhou para vários políticos, como Paulo Maluf, Marta Suplicy e Ciro Gomes, enquanto “marqueteiro político”. Em 2002, foi responsável pela campanha que levou Lula da Silva à presidência. O slogan “Lulinha, Paz e Amor” ajudou a mudar a imagem do ex-sindicalista, que já tinha perdido três eleições presidenciais.
Em 2009 viria a colaborar com a campanha de Pedro Santana Lopes à Câmara de Lisboa, uma corrida de que sairia vitorioso António Costa. Nesse mesmo ano, na sequência de um encontro de Duda Mendonça com Alexandre Soares dos Santos, a Jerónimo Martins decide entregar, por adjudicação directa, a conta de publicidade do Pingo Doce à equipa do criativo brasileiro.
É então fundada a Duda Portugal, com escritório em Lisboa, que teve como responsável pela operação Ricardo Braga, director criativo da Duda Propaganda no Brasil e sobrinho de Duda Mendonça. Para a apresentação da agência em Portugal, Duda Mendonça veio acompanhado por mais 15 pessoas no avião que cruzou o Atlântico. A operação de Lisboa era vista como uma porta para projectos mais ambiciosos a nível europeu.
A agência Duda Portugal teve como sócio o português José Paulo Fafe. “Deu-se a casualidade de conhecer o Duda Mendonça, através de um amigo comum. Disse-lhe que gostava de estagiar com ele. Ele disse-me que não precisava de estagiar, que podíamos começar a trabalhar, porque ele queria entrar na Europa. Por coincidência, pedi-lhe para vir cá dar uns conselhos a uma pessoa amiga. Por um acaso da vida apareceu o Pingo Doce, ele ficou com a conta e nós montámos cá a Duda Portugal, de que fui sócio”, contou José Paulo Fafe em entrevista ao M&P em 2017.
O Pingo Doce seguiu então um modelo de remuneração da agência inédito no mercado nacional. Além de um fee mensal que cobria os custos fixos da estrutura da agência, existia uma remuneração variável, dependente dos resultados obtidos pelo cliente. “Teremos lucros se o Pingo Doce atingir as suas metas com a campanha”, revelou então ao M&P Duda Mendonça. A campanha de reposicionamento da cadeia de supermercados, assente num fado interpretado por Cuca Roseta e na assinatura “Pingo Doce, venha cá”, viria a ser um sucesso. Era o fim das campanhas sóbrias e assentes em receitas que eram então a imagem de marca do Pingo Doce.
O trabalho na área do marketing político levou a que estivesse envolvido em vários processos judiciais. Em 2005, no âmbito da operação Mensalão, Duda Mendonça admitiu ter recebido 10,5 milhões de reais pela campanha à eleição de Lula da Silva. Em 2012 foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal de qualquer envolvimento no esquema do Mensalão. Em 2016, o seu nome surgiu associado à Operação Lava Jato, sob suspeita de ter recebido 10 milhões de reais de origem ilegal. Um ano depois Duda Mendonça assinaria um acordo de delação premiada com a Polícia Federal.