Viu ontem o ETV?
Se tudo tiver corrido como previsto, hoje ao mudar na sua box digital para as posições 200 e 201 da Zon TV Cabo vai encontrar a emissão do novo Económico TV (ETV).
Ana Marcela
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Se tudo tiver corrido como previsto, hoje ao mudar na sua box digital para as posições 200 e 201 da Zon TV Cabo vai encontrar a emissão do novo Económico TV (ETV). António Costa não esconde que os objectivos são “ambiciosos”. “Criar valor acrescentado no mercado com o lançamento de um canal de televisão que não seja exclusivamente económico, mas com uma visão económica do mundo” é a meta traçada pelo director do canal, numa altura em que, considera, o mercado não poderia estar mais receptivo à sua chegada, já que “o país até do ponto de vista da política está rendido à economia”. Um “Diário Económico em TV” é então como o responsável define o projecto do ponto de vista editorial e para o qual reuniu, em exclusividade, cerca de 45 colaboradores (cerca de 20 jornalistas e 25 técnicos). Contudo, frisa, o ETV deve ser encarado no quadro de uma estratégia multiplataforma da marca Económico e tanto assim é, diz, que “em termos de produção de notícias a redacção é verdadeiramente integrada, não vai concorrer entre si”, vai haver sim uma análise da forma que a matéria noticiosa irá assumir nas diferentes plataformas. O ETV conta com um orçamento anual de 4 a 5 milhões de euros, um budget que, concede, é “bastante limitado para a ambição que temos”. Apesar de defender que “o canal de televisão vai ter de viver por si, para ser viável [economicamente]”, e com o break-even previsto “a 3 anos”, António Costa reconhece que o actual momento é “difícil”, colocando desafios do ponto de vista da obtenção de receitas, responsabilidade que estará a cargo da direcção comercial da Económica que assegura a comercialização da publicidade do ETV. Um share de 0,4 por cento no primeiro ano, valor de “referência” e que considera “razoável, tendo em conta os valores que o RTPN e a TVI 24 obtiverem no primeiro ano em termos de audiências”, são os objectivos numéricos que António Costa traça para o ETV, canal que daqui a três anos gostaria que igualasse as audiências da SIC Notícias, canal líder na plataforma cabo.
Até onde pode crescer o ETV?
O que António José Teixeira, director da SIC Notícias, pensa sobre o novo projecto que se afirma como uma alternativa aos canais informativos generalistas, não foi possível averiguar já que quando contactado pelo M&P o responsável do canal preferiu não prestar declarações. Na TVI 24, apesar das inúmeras tentativas realizadas junto ao director de informação, Júlio Magalhães, não foi possível obter um comentário do responsável. Fica o ponto de vista de José Alberto Lemos. “Sou muito céptico à capacidade de captação de público do canal”, comenta o director da RTPN. “O mercado é muito pequeno. Mesmo com os três canais de informação que existem, já se viu que o público não é elástico”, clarifica. “Há a hipótese de conseguir criar público. Com o surgimento do TVI24, nem a SIC Notícias nem nós perdemos audiências, o que significa que conseguiram criar um novo público”, admite. “Pode ser que isso aconteça com o Económico TV”, afirma José Alberto Lemos, relembrando que este é um canal para um público menos generalista, logo poderá ter um potencial de conquista de espectadores mais limitado. “Portugal não é um mercado como os Estados Unidos, que tem capacidade para dois ou três canais de economia”, comenta o responsável do canal informativo de serviço público.
António Costa mostra-se optimista quanto ao potencial do canal em termos de audiências. Afinal, tendo por base os índices de leitura dos títulos de economia, dos suplementos com esta temática nos jornais generalistas, entre outros elementos, o responsável coloca as audiências para este tipo de produto num “universo potencial de meio milhão de indíviduos”. O director do ETV admite, no entanto, um eventual percalço: “O canal é um canal profissional, não é um canal de família ou para se ver à noite.” Além disso, o actual sistema de medição de audiências da Marktest “não tem medições no escritório. Temos esse handicap, no sentido do segmento estar subavaliado. O escritório é um ponto crítico”. Manuel Falcão, director-geral da Nova Expressão, refere ainda como potencial problema o facto do canal estar na plataforma digital e desse público não estar a ser medido pelo actual sistema de audimetria, pelo que “tanto faz ter mil como 100 mil espectadores”. Efectivamente, há um número de boxes digitais de nova geração na Zon TV Cabo – plataforma onde o canal é actualmente distribuído – que ainda não está a ser medido pelo actual sistema, tendo sido desenvolvida “uma solução, em parceria com o operador e o seu fornecedor de boxes, cuja implementação passa por introduzir alterações no respectivo firmware”, explica Jorge Fonseca Ferreira, CEO da Marktest. As alterações “são efectuadas pelo fabricante das respectivas set-top boxes, o que tem tornado este processo mais moroso”, mas neste momento “encontram-se já em fase de teste estas alterações de firmware, prevendo-se a sua implementação a curto prazo”.
E os anunciantes?
Dificuldades que não significam necessariamente menos capacidade de atracção junto do mercado de anunciantes, acredita António Costa. “As audiências não são de longe o factor mais importante”, diz, mais relevante é ser “um canal influente” que “marque a agenda noticiosa”. E não parece estar só nessa apreciação. André Freire de Andrade, CEO da Carat, realça o facto do projecto estar inserido numa “lógica multiplataforma” que classifica de “muito interessante”, sendo que, argumenta, o mesmo não pode “ter uma lógica massificada”. O ETV é um “canal de informação mais especializado, dirigido a um determinado tipo de segmento profissional”, e, diz o CEO da Carat, “o modelo de audiências do cabo não está montado para analisar com enorme fiabilidade os dados de audiência de canais de nicho de mercado. A amostra e o painel não está montado dessa maneira”. Por conseguinte, acredita André Freire de Andrade, o canal vai viver mais “numa lógica qualitativa”, na medida em que se dirige a classes sociais altas com poder de compra. “Não vive das audiências e da segmentação como os canais generalistas, mas na qualidade do universo” a que se dirige e de “conseguir marcar a agenda política e económica do país”. O argumento junto dos anunciantes não vai ser “uma lógica de GRP”, considera o responsável da Carat. Manuel Falcão, por seu turno, considera que “faz todo o sentido [o grupo] alargar a sua actividade publicitária a este novo canal”, pois, numa integração de uma lógica comercial “online e offline”, no seu entender, vai haver budgets e propostas de bundle que irão ser distribuídos pelas diversas plataformas: “É essa a prática”.