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"O objectivo é Angola vir a ser o terceiro país com maior volume de vendas da África Subsariana"
Trabalhou durante 17 anos na Euroteste (actualmente TNS) e passou pela Synovate (entretanto comprada pela Ipsos) como associate director. Desde Janeiro deste ano, é a country manager da Ipsos […]
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Ana Paula Pereira (APP): Como foi anunciado na altura, o objectivo era passar a estar em Angola com full service, com a minha presença constante no mercado. Desde o início de Janeiro a Ipsos, e neste caso eu, estamos presentes e a trabalhar a full time.
M&P: Para quando está previsto terem o escritório e a operação a funcionar em pleno?APP: Já estamos a trabalhar em pleno e temos conseguido vários projectos muito interessantes, tanto a nível de sectores de investigação como a nível de clientes. Quanto à abertura física do escritório, é mais uma questão logística que está a ser tratada.
M&P: Qual a importância do mercado angolano para a Ipsos?
APP: A nível mundial, a Ipsos encontra-se em 87 países, tendo uma forte presença no mercado africano e muito especificamente na África Subsariana. Muitos clientes internacionais que já estão no mercado angolano pressionaram-nos a estar presentes neste mercado. Agora, com Angola podemos dar uma resposta mais concertada e alargámos vários projectos multi countries. Passamos também a aplicar as nossas metodologias em Angola e a dar resposta a determinados clientes que já trabalham connosco noutros países e já têm normativas muito especificas com o grupo Ipsos.
M&P: A Ana estava na Ipsos Nigéria. A expansão da Ipsos Angola será apoiada por este escritório da network?
APP: De facto tenho sido apoiada pelo escritório da Nigéria. É uma equipa que conheço e com quem já trabalhei, e depois temos muitas sinergias de clientes internacionais que trabalham ambos os mercados.
M&P: De que forma é que a experiência que traz do mercado nigeriano pode ajudar no desenvolvimento do negócio no mercado angolano?
APP: Ainda que o mercado angolano seja bastante menor do que o mercado nigeriano, existem muitas semelhanças na maturidade dos estudos de mercado. Ambos os países estão numa fase inicial desta actividade. A falta de estatísticas oficiais sobre dados da população é idêntica, a falta de quadros técnicos é idêntica, a formação de entrevistadores é idêntica. Em ambos os mercados temos de estar sempre a readaptar-nos face a imprevistos diários, e esta vivência na Nigéria permitiu-me quebrar qualquer resistência que eu pudesse ter da minha experiência prévia de estudos de mercado em Portugal.
M&P: Quais serão os serviços e estudos disponibilizados pela empresa no mercado angolano?
APP: Neste momento disponibilizamos todo o tipo de estudos, quer apoiados por metodologias qualitativas quer apoiados por metodologias quantitativas. Falamos de desenvolvimento de novos conceitos/produtos ou novas fórmulas de embalagens mais adaptadas à cultura angolana. Falamos da equity das marcas no contexto competitivo. Falamos da medição da eficácia e eficiência da publicidade, bem como do comportamento dos media no mercado. O nosso objectivo é responder sempre às necessidades dos nossos clientes com qualidade.
M&P: Quais serão os primeiros estudos que publicarão sobre este mercado?
APP: Neste momento estamos a lançar por iniciativa própria o Estudo Geral de Meios, estudo multiclientes sobre hábitos de audiência. Espero rapidamente poder divulgar alguns resultados.
M&P: Já estão a trabalhar clientes em Angola ou sobretudo empresas que já eram clientes do escritório nigeriano com interesses em Angola?
APP: São sobretudo clientes nacionais e internacionais com escritório em Angola. Ainda que já tenhamos também clientes que não estão em Angola mas que pretendem vir a estar ou a colocar os seus produtos/serviços em Angola.
M&P: Sendo a Ana portuguesa e sendo conhecida a ligação e interesse das empresas portuguesas no mercado angolano, a Ipsos Angola vai ter alguma área ou departamento com foco especial em empresas portuguesas com interesses no mercado angolano?
APP: O que tenho verificado é que falamos de clusters diferentes. Mesmo os clientes que estão em Portugal estão em muitos países africanos e daí que as solicitações de estudos venham desses mercados. Ou é o próprio cliente local que nos solicita directamente ou é o Centro Regional desses clientes/marcas que o solicitam e que se encontram sediados normalmente na África do Sul ou Quénia. Quanto a outros clientes em Portugal, o facto de falarmos português, e de eu ter trabalhado durante muitos anos em Portugal e ir com frequência a Portugal ajuda, mas não é determinante para ter um departamento específico.
APP: Não pode haver comparações com consumidores de outros continentes. O que me tenho apercebido é que, quer os consumidores nigerianos quer os consumidores angolanos, são muito experimentalistas e aspiracionais.
M&P: É frequente ouvir-se que o consumidor angolano está mais sofisticado e mais exigente. Como caracteriza este consumidor e a sua evolução ao longo dos últimos anos?
APP: Depois de muitos anos de guerra e com a prosperidade económica que se vive em Angola (ainda com a crise do petróleo), verifica-se que os angolanos querem comprar tudo o que possam, querem experimentar tudo, em diversos sectores. Quer os produtos quer as marcas tornam-se aspiracionais. No entanto, como qualquer cultura, têm o seu próprio paladar, têm os seus próprios gostos e assim como se sabem adaptar, também sabem rejeitar o que não gostam. São consumidores críticos. Novos produtos ou novas marcas sim, mas adaptadas à sua cultura, aos seus valores que tanto admiram e preservam.
M&P: Como se deve comportar uma empresa que queira implementar-se neste mercado?
APP: Deve acima de tudo compreender e respeitar a sociedade e a cultura angolanas. Quero com isto dizer que não pode nem deve vir com ideias pré-concebidas, ou tentar impor modelos europeus. Estamos em África e estamos em Angola. Se isso for verdadeiramente interiorizado tudo correrá bem.
M&P: Como caracterizaria o mercado dos media e da comunicação e publicidade em Angola?
APP: Não sou especialista nem em media nem em publicidade, mas do que tenho observado e analisado nos últimos três anos é que se estão a posicionar, reajustam-se às necessidades do mercado e procuram o seu espaço. São mercados que ainda têm muito que crescer e essencialmente amadurecer. Não nos podemos esquecer de que a guerra terminou há apenas 13 anos.
São consumidores críticos. Novos produtos ou novas marcas sim, mas adaptadas à sua cultura, aos seus valores que tanto admiram e preservam