“As diferenças forçaram-me a alterar o meu estilo de liderança”
Antes de Singapura, Tiago Carvalho trabalhou no México, Argentina e Brasil. Na rubrica De Portugal Para o Mundo, fala sobre a liderança da divisão de produtos profissionais da L’Oréal, no sul da Ásia e Pacífico, Médio Oriente e norte de África
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À frente dos 35 mercados que integram a Sapmena, região que abrange os países do Sul da Ásia e Pacífico, Médio Oriente e Norte de África, com mais de três mil milhões de consumidores, Tiago Carvalho, diretor-geral da divisão de produtos profissionais da L’Oréal nesse território, saiu de Portugal há 11 anos. A viver em Singapura, continua a acompanhar de perto o que por cá se passa. A convivência com culturas diferentes fê-lo alterar a forma de trabalhar e até de liderar as equipas.
Trabalhar no estrangeiro era uma ambição ou acabou por ser uma circunstância?
Sempre foi uma ambição. A ambição de descobrir novas culturas, de aprender a liderar em novos ambientes, de partir para o desconhecido, de me por à prova num novo contexto. Foi também um projeto de família, para abraçar o mundo e ganhar novas experiências.
Em termos profissionais, é muito diferente trabalhar na L’Oréal em Singapura e em Portugal?
Antes de vir para Singapura, trabalhei no México, na Argentina e no Brasil. Aqui, tenho um escopo profissional que vai desde Marrocos à Nova Zelândia, passando por mercados distintos como Egito, Arábia Saudita, Índia, Tailândia, Indonésia e Austrália, só para referir alguns. Isso faz com que passe muito tempo longe de casa, longe de Singapura. Esse é um dos principais desafios a nível pessoal, para mim e para a minha família. A nível profissional, adaptar-me a uma cultura asiática, onde a noção do tempo e do sentido de urgência se faz viver de forma diferente, onde as relações são sentidas de forma menos emocional e onde a retenção de talento é um desafio constante, foram diferenças que me forçaram a alterar o meu estilo de liderança.
Que mais-valia é que o facto de ser português acaba por ter no seu trabalho?
O português tem uma capacidade de adaptação única. Essa agilidade faz-nos ser mais rápidos nas tomadas de decisões. Além disso, somos criativos, buscamos soluções e não temos medo de pensar fora da caixa. Temos características muito diferentes das que tradicionalmente encontramos no Sudeste Asiático, onde as equipas são mais ponderadas e mais adversas ao risco.
Estando fora, está atento ao que se vai fazendo em Portugal em termos de marketing e publicidade?
Tento estar sempre em contacto com o que se passa em Portugal. Sigo naturalmente de perto a atividade da L’Oréal em Portugal, que continua a ser sempre uma referência em termos das melhores práticas de marketing a nível global em todo o grupo. Mas, naturalmente, estou muito focado no que se faz nos países em que trabalho. A explosão de marcas indie no mercado asiático traz consigo diferentes formas de relacionamento com os consumidores. Através de um enorme foco digital, vemos marcas que escalam os seus negócios num espaço de tempo muito reduzido. O ecossistema asiático de comércio eletrónico e redes sociais também é muito propício para que tal aconteça. Em países com uma dimensão populacional como a da Indonésia ou do Vietname, é preciso estar em sintonia com o consumidor na sua proposta de marca e produto para se conseguir ser relevante.
Como mata as saudades de Portugal e do que é que sente mais saudades?
Mato saudades com a música e com a comida portuguesa, que está sempre presente na nossa casa. E, apesar de estarmos fora há mais de uma década, a única língua que falamos em casa é o português. Mas do que sinto mais saudades, além da família e dos amigos, é do céu azul de um dia de inverno em novembro, das praias vazias fora da época balnear, de cantar o hino do Sporting no início de um jogo no estádio de Alvalade, do peixe grelhado na brasa e do compromisso dos portugueses em sempre querer fazer tudo com um brilho de orgulho nos olhos.
Regressar a Portugal é uma meta?
É sempre, mais a longo do que a curto prazo, porque as oportunidades que o mercado nos oferece, são, infelizmente, mais reduzidas. Mas sonho em voltar ainda com energia para contribuir para o crescimento do país e para um futuro diferente.