“Nos lineares a presença de marcas importadas já teve melhores dias”
José Soveral, director criativo da Bus, fecha a ronda de entrevistas do M&P a profissionais da publicidade a operar em Angola. O criativo indica onde estão as oportunidades.
Rui Oliveira Marques
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José Soveral, director criativo da Bus, fecha a ronda de entrevistas do M&P a profissionais da publicidade a operar em Angola. O criativo indica onde estão as oportunidades. “No mercado publicitário, as telecomunicações, cervejas e bebidas nacionais, por exemplo, continuam a anunciar com vigor. Marcas estrangeiras com produção em Angola têm a mesma oportunidade. A oferta do mercado segurador tem estado a crescer. A banca, apesar de o crédito a particulares no retalho ser agora mais difícil, vai continuar a crescer”, considera.
Meios & Publicidade (M&P): Qual o impacto da descida do preço de petróleo e consequente redução da despesa pública no mercado da publicidade? Que reajustamentos está a sentir por parte das marcas?
José Soveral (JS): Houve revisão de orçamentos e adiaram-se decisões de investimento das marcas. O preço do petróleo afundou, a gasolina aumentou e a renda dos angolanos caiu. A cotação da moeda está em baixa. As marcas estão prudentes, sobretudo as que forem afectadas por limitações impostas às importações, quando estas estiverem em vigor a 100 por cento. Enquanto tal não acontecer, quem puder aumenta stocks – caso das bebidas importadas – ou acciona planos de contingência a prever o pior. Estes desenvolvimentos juntam-se à falta de divisas que já vem do ano passado. Num mercado que importa grande parte do que consome, esta questão é a mais complicada, e explica muitos constrangimentos actuais. No caso das marcas importadas a equação é simples: se não há divisas para importar não há produtos para anunciar. O problema afecta várias áreas, como por exemplo os serviços de transferências de dinheiro ou o sector automóvel. No dia-a-dia já se sentem algumas diferenças. Nos lineares a presença de marcas importadas já teve melhores dias. Os produtos e marcas produzidos em Angola, no entanto, não sofreram quebras. É aqui que está a oportunidade. Caso estas consigam suprir as quebras eventuais da oferta importada. Perante este cenário é inevitável que o mercado publicitário sofra uma depuração.
M&P: Quais os sectores/segmentos de mercado que poderão ter um desempenho mais positivo este ano?
JS: O “pensado em Angola” e o “produzido em Angola” têm a oportunidade, a prazo, de ocupar os espaços que podem surgir pelo actual contexto proteccionista. No mercado publicitário, as telecomunicações, cervejas e bebidas nacionais, por exemplo, continuam a anunciar com vigor. Marcas estrangeiras com produção em Angola têm a mesma oportunidade. A oferta do mercado segurador tem estado a crescer. A banca, apesar de o crédito a particulares no retalho ser agora mais difícil, vai continuar a crescer com a bancarização da economia e aprofundamento do segmento empresarial, mais rentável. A distribuição moderna também continuará a expandir, sobretudo para as províncias, e apostando mais em marcas próprias. Na área dos serviços de produção dirigidos ao mercado publicitário, empresas com meios locais podem capitalizar toda a capacidade instalada localmente. O mercado imobiliário também poderá ter mais procura, caso se verifiquem melhores rentabilidades em imóveis face aos depósitos tradicionais. É um desafio para as marcas angolanas e para quem as trabalha. O design aplicado à construção de marcas angolanas terá mais oportunidade e visibilidade. O custo dos meios vai ser revisto em baixa para competir por orçamentos emagrecidos. O digital, sobretudo mobile, terá mais relevo, seguindo uma tendência que já vem de trás. A activação de marcas no ponto de venda vai também ter mais importância no plano dos marketeers. Estamos no início de um novo ciclo.
M&P: Este é um bom momento para as marcas de consumo ou de serviço de Portugal investirem em Angola?
JS: Face aos constrangimentos existentes, para quem tem negócios com o Estado não será, decerto. Investir em Angola já antes era um processo exigente, agora ainda mais por maioria de razões. Quem tem algo único para oferecer terá sempre um lugar garantido, mas isso é verdade para Angola como para qualquer outro sítio. A questão será: como aproveitar a diversificação legislada da economia angolana, em tempo e processos úteis que sejam vantajosos para todas as partes? Será mais ágil para quem já lá está. Mas o mercado angolano continua a ter um potencial enorme. É jovem, atento às novidades e também capaz de as gerar.
M&P: Qual o projecto de comunicação ou campanha de publicidade mais interessante que viu nos últimos meses em Angola?
JS: A criação de marca Ya-Ya de batatas fritas e molhos. Tem tudo a ver com o que foi falado atrás. Uma marca angolana com potencial e ambição para ocupar um espaço tradicional das marcas importadas.
Investir em Angola já antes era um processo exigente, agora ainda mais por maioria de razões. Quem tem algo único para oferecer terá sempre um lugar garantido, mas isso é verdade para Angola como para qualquer outro sítio
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