Comércio eletrónico: Portugueses estão mais sensíveis aos preços baixos e à segunda mão
Moda (59%), beleza e saúde (51%) e calçado (41%) são as categorias de produtos que os consumidores online nacionais mais compraram em 2023. Livros e tecnologia/eletrónica são as únicas categorias que registam uma quebra de compra na internet
Catarina Nunes
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O número de consumidores online regulares cresce para 71%, em 2023, após um decréscimo em 2022, enquanto um terço dos portugueses que recorre regularmente ao comércio eletrónico garante ter aumentado as compras de produtos em segunda mão, no período em análise no Barómetro eShopper 2023, entre 31 de maio e 19 de julho de 2023.
Outra das conclusões do estudo da Geopost, do qual faz parte a transportadora DPD, é o aumento da percentagem de portugueses para quem o preço é o fator mais importante nas decisões de compra, que sobe para 76% face aos 72% registados em 2022. Nesta linha surgem ainda os portugueses que fazem compras na internet que consideram que o comércio eletrónico é uma forma de poupar dinheiro (71%), numa percentagem acima da média europeia (65%).” Estes resultados têm a ver com a inflação. Aumentam os compradores online e ao mesmo tempo que as pessoas sabem que poupam com as compras online, os retalhistas estão a fazer descontos muito maiores”, refere Carla Pereira, diretora de marketing e comunicação da DPD, em declarações ao Meios & Publicidade.
O que a responsável mais destaca, em relação aos resultados nacionais do estudo efetuado em 22 países europeus, é que “os portugueses estão a usar cada vez mais plataformas de economia circular”. De acordo com o Barómetro eShopper, um terço dos clientes online regulares está a aumentar as compras em segunda mão. As plataformas digitais C2C (de particular a particular) ainda têm uma popularidade inferior à da média europeia, com 60% de adeptos nacionais versus 72% na Europa.
Esta tendência é confirmada pelo incremento da frequência de compra dos que compram em plataformas C2C: 48% dos e-shoppers regulares revelam comprarem nestas plataformas, fazendo-o, em média, 11 vezes por ano, o que representa três vezes mais do que em 2022. As motivações, essas, prendem-se com o custo, em que 65% dos inquiridos acredita que comprar em plataformas em segunda mão é mais barato do que comprar artigos novos. Por outro lado, 42% dos inquiridos destaca o facto desta tipologia de comércio apoiar uma economia mais responsável. O estudo não faz referência às plataformas digitais mais usadas em Portugal e Carla Pereira defende que “o mais relevante são os hábitos de compra e o que se compra e menos onde é que as compras são feitas”.
Nesta matéria, o estudo da DPD revela que a moda (59%), beleza e saúde (51%) e calçado (41%) são as categorias de produtos que os consumidores online nacionais mais compraram em 2023. As categorias de livros e tecnologia/eletrónica, por seu lado, são as únicas a registar uma quebra na lista dos bens mais comprados pelos portugueses na internet. No que diz respeito aos processos de entrega, os dados do Barómetro eShopper salientam que as entregas em casa estão a perder peso para as entregas fora de casa, cuja utilização continua a crescer e a mostrar uma evolução positiva, com 27% dos compradores online regulares a utilizar pelo menos um local de entrega fora de casa, em particular no que se refere aos cacifos. “As lojas físicas não vão deixar de existir, mas as marcas tendem a fazer as entregas onde é mais conveniente para o consumidor, com a comodidade de poder receber em outro lugar sem ser em casa”, sustenta Carla Pereira, diretora de comunicação e marketing da DPD.
Em destaque no estudo estão também os ‘aficionados’, que receberam uma média de 5.4 encomendas em 2023, apesar de se manterem abaixo da média europeia quanto à percentagem de compras online, número de encomendas recebidas e de compras por impulso. Tal como acontece para os e-shoppers regulares, os ‘aficionados’ (perfil de compradores mais experientes e fervorosos) veem as compras online como uma oportunidade de poupança de dinheiro, uma vez que são muito sensíveis ao preço. Para este grupo é cada vez mais importante a não existência de taxas escondidas, com 84% dos consumidores que se incluem neste perfil a afirmar que a entrega mais recente foi fácil, 82% diz que a compra online foi simples e 48% garante que a devolução foi sem esforço. “As devoluções não estão a aumentar, estão nos mesmos valores de 2022, com apenas 6% dos compradores a devolver uma última compra, a mesma percentagem do barómetro anterior”, revela Carla Pereira.
O Barómetro e-Shopper 2023 engloba uma análise da realidade do comércio eletrónico na Europa, que conta com um total de 24.233 entrevistas em 22 países europeus. Em Portugal, o relatório contou com um total de 1.006 entrevistas.