Mente visualmente brilhante
Organiza informação caótica e foi considerado no ano passado pela revista norte-americana Creativity uma das pessoas mais criativas do mundo.
Rui Oliveira Marques
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Organiza informação caótica e foi considerado no ano passado pela revista norte-americana Creativity uma das pessoas mais criativas do mundo. O protagonista é o açoriano Manuel Lima que lidera o projecto VisualComplexity.com dedicado à recolha e análise de exemplos de visualização de informação e que é uma fonte para designers e cientistas conhecerem soluções para comunicar através de imagens as suas investigações. O seu trabalho tem chamado a atenção de publicações em todo o mundo. El Pais, SEED Magazine, Business Week e CNN.com são apenas alguns exemplos. A Wired descreveu-o como “o homem que transforma informação em arte”.
A visualização de informação ganhou forma nos anos 80 graças à engenharia de sistemas mas nos últimos anos tem sido alargada a outras áreas do saber. Um exemplo retirado do VisualComplexity.com: Fabien Girardin recriou o percurso que os turistas fazem em Barcelona, a partir das imagens que colocam no Flickr. Este trabalho que revela os trajectos preferidos pelos visitantes da cidade poderia, por exemplo, servir como ponto de partida para a oferta de serviços aos visitantes ou, em última instância, como instrumento de planeamento urbanístico.
Mas no site, entre mais de 700 exemplos, pode-se encontrar mapas de circulação de informação da blogosfera e do Twitter, de redes de GPS e até de proteínas.
Manuel Lima está agora está a ultimar a publicação em livro do projecto VisualComplexity.com, a ser editado pela Princeton Architectural Press. “Vai abordar a questão da visualização de redes, mas não será um coffee table book. Não será um livro com um conjunto de imagens, já que vai também abordar outras vertentes da disciplina.
Terá até imagens da Idade Média e um ou dois capítulos de componente teórica”, comenta ao M&P Manuel Lima. O livro, a ser editado nos EUA entre o fim do ano e os primeiros meses de 2011, terá distribuição internacional.
Como é que alguém com formação na área de design industrial e de produto dá o salto para a visualização de informação? “Foi através de um professor da Parsons School of Design, enquanto tirava um mestrado em design e tecnologia. Ele apresentou-nos um diagrama do espectro do entendimento (Understanding Spectrum), que mostra que dados se convertem em informação e informação converte-se em conhecimento. O conhecimento converte-se, por sua vez, em sabedoria”, relembra Manuel Lima. “Ao vê-lo fiquei bastante interessado em fazer parte deste ciclo, particularmente em transformar informação em conhecimento relevante.” Entretanto, Manuel Lima trabalhou como interaction designer na agência digital R/GA, primeiro em Nova Iorque e depois em Londres. Foi na capital britânica que, entre 2008 e 2009, ocupou o cargo de user experience designer da Nokia. “Estive em três equipas da Nokia. A última lidava com a concepção de serviços, naquilo a que se chama hoje o service design, com uma abordagem holística, ou seja, não era só a concepção do interface propriamente dito. A Nokia está a avançar para o cloud computing em que os nossos serviços estão dependentes de servidores online. No fundo, tratava-se de criar experiências Nokia que tirassem partido deste novo paradigma”.
Formas de Portugal (www.shapesof-portugal.com) é um dos projectos pessoais de visualização de informação de Manuel Lima. Arrancou em Janeiro de 2007 mas o seu percurso profissional levou a que fosse interrompido. “É uma das coisas a que quero voltar. Há temas muito interessantes que necessitam de ser visualizados em Portugal. A visualização de informação pode ser uma ferramenta de escrutínio público e dar a conhecer aspectos de algum sistema. Podemos, por exemplo, visualizar redes sobre empresas portuguesas ou sobre politica que pode desvendar padrões menos conhecidos”. No Formas de Portugal pode-se fazer outra leitura sobre a distribuição da população, as datas de fundação dos municípios ou a nomenclatura dos municípios. Destaque ainda para a secção Síndrome da Pequenez em que, através de números, se desmistifica a ideia de que Portugal é um país pequeno.
Depois de ter sido eleito uma das pessoas mais criativas do mundo, Manuel Lima refere que aumentaram os convites para participar em workshops e conferências na Europa, Canadá e EUA. No fim de Fevereiro esteve no Porto para participar na edição local do TEDx. Em Maio voltará a Portugal como orador no User Experience Lisboa. Das participações em conferências em escolas de design e de engenharia nacionais, o designer começa a detectar maior interesse por parte dos alunos, que já vão ter com ele no fim das palestras para apresentarem trabalhos que têm em mãos. “Acredito que nos próximos dois anos vão surgir mais projectos em Portugal sobre a temática”, sustenta. A visualização de informação “tem tido muito interesse para as áreas de design e arte. A facilidade que hoje existe para criar estes mapas não existia há cinco anos. Há cinco anos era o cientista que produzia para outros cientistas. Hoje os designers vêem este método como um novo canal de visualização da informação.” Manuel Lima vai mais longe e compara estes suportes de visualização aos “primeiros mapas de territórios ainda desconhecidos.
Quem entra nesta disciplina, tem a mesma vontade dos cartógrafos antigos de mapear o que nunca foi mapeado antes”.