Apesar da crise, os lucros
Apesar da recessão, os grupos de media nacionais com presença em bolsa, com a excepção do Público, fecharam o ano com lucros. Embora com uma quebra de 11 por cento face ao ano anterior, a Media Capital foi aquele que melhor desempenho apresentou no ano passado, fixando os seus resultados líquidos nos 17,6 milhões, seguido da Cofina e da Impresa.
Ana Marcela
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Apesar da recessão, os grupos de media nacionais com presença em bolsa, com a excepção do Público, fecharam o ano com lucros. Embora com uma quebra de 11 por cento face ao ano anterior, a Media Capital foi aquele que melhor desempenho apresentou no ano passado, fixando os seus resultados líquidos nos 17,6 milhões, seguido da Cofina e da Impresa. Em plena crise, as duas holdings regressam, aliás, aos lucros, com o grupo liderado por Paulo Fernandes a obter 17 milhões positivos e o de Francisco Pinto Balsemão 7,8 milhões, depois de 73,3 milhões e 26,9 milhões de euros de prejuízos assinalados em 2008. Um “turnaround prometido aos accionistas”, como destaca o grupo de Pinto Balsemão, no relatório e contas, justificado pela holding com a reestruturação efectuada ainda em 2008, bem como com o plano de contingência lançado o ano passado e o “apertado controlo dos custos” efectuado ao longo de todo o exercício, o que permitiu a redução dos custos operacionais em 18 por cento e poupanças de 48,1 milhões de euros. Uma contenção de custos fundamental, num ano em que as receitas totais do grupo caíram 7,3 por cento, para os 253,2 milhões de euros. Também na Cofina os custos operacionais sofreram um corte de 8,9 por cento, para os 112,6 milhões de euros, mas determinante para a saída do vermelho das contas do grupo foi a valorização da participação detida na Zon Multimédia ocorrida em 2009 e cujo impacto foi de 12 milhões de euros.
Na Sonaecom a unidade de media e online – que agrega os resultados do Público e a rede de sites (Clix, Miau, etc) – registou no ano passado um EBIDTA negativo de 2,66 milhões de euros, embora tenha melhorado em 17,4 por cento o seu desempenho face ao ano anterior. Igualmente a redução de 8,1 por cento dos custos operacionais da unidade (para os 33,14 milhões de euros) foi a que mais contribuiu para este desempenho, já que em termos de receitas quebrou 6,3 por cento, para os 30,4 milhões de euros.
A grande ‘culpada’ para esta descida nas receitas dos grupos foi a retracção ocorrida no investimento publicitário, com os grupos a verem reduzir as receitas de publicidade entre 2 a quase 20 por cento no caso da imprensa ou entre 12 e 15 por cento no caso da televisão, como indicam os números do Público, Cofina, Impresa e Media Capital. Os grupos com imprensa viram melhorar o seu desempenho face ao ano anterior em termos de circulação, com a Impresa a ser aquele com a maior subida percentual (6,48 por cento) nas suas receitas, acima dos seus concorrentes Cofina e Público que assinalam subidas na casa dos 3 por cento. Subidas, no entanto, que não foram acompanhadas pelas receitas de venda de produtos de marketing alternativo, com o grupo Cofina e o Público a assinalarem quebras de mais de 20 e 30 por cento, enquanto que na Impresa a subida anual fixou-se em torno dos 24 por cento.
Televisão: publicidade cai entre 12 a 15 por cento
Na Impresa foi na televisão, área de negócio com maior peso nas receitas, que os efeitos da recessão foram mais acentuados. Em 2009 as receitas desta unidade desceram 9,4 por cento, para 155,4 milhões de euros, fruto das descidas ocorridas nas receitas de publicidade (menos 15,1 por cento, para os 92,7 milhões de euros) – que representa 59,6 por cento do total de receitas da SIC – bem como no item outras receitas que quebram 10 por cento, para os 20,2 milhões de euros, tendo sido “afectadas pela alienação de algumas empresas no início de 2009”, destaca o grupo. A produtora Terra do Nunca e a empresa de traduções e legendagem Dialectus foram as unidades que deixaram de integrar os activos da SIC.
Também a área de multimédia desceu 20,3 por cento, para os 13 milhões de euros, uma quebra explicada pela redução das receitas de call TV, embora, ressalve o grupo, as quebras tenham sido atenuadas com o arranque de novos concursos e o lançamento do Ídolos, o que levou a que no quarto trimestre a descida tenha sido de 15,6 por cento.
Na estrutura de receitas, apenas as referentes à subscrição de canais sofre uma evolução positiva, subindo 11,6 por cento, para os 42,5 milhões de euros, passando esta área a representar 27,3 por cento da facturação da estação de Carnaxide. Na área dos canais temáticos, o ano ficou marcado pelo acordo estabelecido entre a SIC e a Zon Conteúdos para a compra por 20 milhões de euros, a pagar a 3 anos, de 40 por cento da Lisboa TV (detentora da SIC Notícias), tendo no seguimento dessa aquisição negociado um novo contrato de distribuição com a Zon TV Cabo dos canais temáticos da estação a vigorar até final de 2013, no âmbito do qual a SIC passa a assegurar a comercialização publicitária dos seus canais. A SIC estabelece ainda um acordo com a PT, no âmbito do qual surge o SIC K, canal infanto-juvenil em exclusivo para o Meo.
Também na SIC a reestruturação efectuada na organização levou a reduções significativas na estrutura de custos, nomeadamente com pessoal (menos 12,5 por cento, fechando a empresa o ano com 608 trabalhadores), programação (-7 por cento) e de transmissão (-17,7 por cento), o que se traduziu numa diminuição de 14,2 por cento dos custos operacionais que em 2009 se fixam nos 132,8 milhões de euros. Um montante que se revelou crucial para o regresso aos lucros da empresa que melhora de 6,2 milhões de prejuízos, para 13,4 milhões de lucros.
37,9 milhões de lucros foram os resultados da TVI em 2009, embora a estação do grupo Media Capital tenha sofrido uma redução de 4 por cento nos seus resultados líquidos face ao ano anterior. Mas também aqui as receitas registaram quebras: menos 7 por cento, para 156,6 milhões de euros. Com a publicidade a cair 12 por cento, para os 135,2 milhões de euros, a mesma contribuiu para esta descida na linha de receitas da estação, que não foi compensada pela subida de 40 por cento no item outros proveitos, que se fixam nos 21,4 milhões de euros.
A subida neste item reflecte o contributo do TVI 24, assim como os proveitos resultantes de serviços de apoio técnico que se concentraram no primeiro trimestre, clarifica o grupo. Para os resultados do holding nesta unidade contribuiu a contenção de 9 por cento dos custos operacionais, que no período se fixam nos 112,8 milhões de euros.
Na produção audiovisual, a Media Capital registou uma subida de 16 por cento nas suas receitas operacionais, que se fixam nos 107,9 milhões de euros. Os custos operacionais sobem 14 por cento no período, para os 95,6 milhões de euros.
Já na área de rádio a contenção de custos foi a palavra de ordem, com a MCR a conseguir reduzir 16 por cento os custos operacionais, fixando-os nos 13,2 milhões de euros, “consequência de um esforço de contenção transversal a toda a estrutura, com particular incidência na redução nos custos de marketing e publicidade e da redução do quadro de colaboradores da MCR em curso desde a parte final do exercício de 2008”, descreve a holding.
Enquanto o item outros proveitos aumentou em 31 por cento os seus resultados, para pouco mais de um milhão, já as receitas de publicidade da unidade diminuíram em 6 por cento face ao ano anterior, para os 12,5 milhões de euros. A MCR encerra o ano com pouco mais de 2 milhões negativos em termos de resultados operacionais (EBIT), embora tenha melhorado em 47 por cento o seu desempenho face a 2008.
Imprensa: publicidade quebra, mas circulação sobe
As unidades de imprensa dos grupos foram marcadas por dois factores que afectaram transversalmente todas as holdings, nomeadamente a redução das receitas de publicidade e a implementação de políticas de contenção de custos operacionais.
Na Cofina os custos operacionais desceram 8,9 por cento, para os 112,7 milhões de euros, sendo que as receitas de publicidade quebraram 12,5 por cento, fixando-se nos 52,7 milhões de euros. Uma tendência de quebra acompanhada pelas receitas oriundas da venda de produtos alternativos que diminuem 20,4 por cento, para os 17,5 milhões de euros. Da linha de receitas do grupo, apenas as de circulação registam uma subida de 3,3 por cento, fixando-se nos 63,8 milhões de euros. Foi a unidade de revistas a sofrer o maior impacto do período recessivo, com as receitas globais a descerem 13,6 por cento, para os 35,5 milhões. Um desempenho que reflecte as quebras ocorridas na publicidade (-17,9 por cento, para os 12,6 milhões de euros) e na de venda de produtos alternativos, que no período diminuem 37,3 por cento, para os 5,2 milhões de euros. Apenas as receitas de circulação sobem 1,4 por cento, para os 17,7 milhões. Nas revistas as reduções dos custos operacionais saldaram-se nos 11 por cento, para os 34,7 milhões de euros. A unidade vê reduzir em 59,8 por cento o seu EBITDA consolidado, que se fixa nos 876 mil euros.
Nos jornais a quebra de receitas não é tão acentuada: menos 4,3 por cento, para os 98,5 milhões de euros.
Também aqui são as descidas ocorridas nas receitas de publicidade (-10,6 por cento) e nos produtos alternativos (-10,2 por cento) para pouco mais de 40 milhões e 12,3 milhões de euros, respectivamente, as principais responsáveis por esta evolução negativa. A circulação sobe 4 por cento, para os 46,1 milhões de euros de receita. Com 8 por cento de redução dos custos operacionais, que se fixam nos 77,9 milhões, a área de jornais melhora em 13 por cento o seu EBIDTA consolidado, que em 2009 se fixa nos 20,5 milhões de euros.
Na Impresa a área de imprensa representou em 2009 um encaixe de 8,6 milhões de euros, embora as receitas tenham sofrido uma quebra de 3,9 por cento, fixando-se nos 91,9 milhões de euros. Também aqui a quebra da publicidade foi a descida mais significativa e a única da linha de receitas do grupo, quebrando 19,2 por cento, para os 44,8 milhões de euros. “Todos os segmentos foram afectados, nomeadamente o ‘display’ nos jornais e revistas e os classificados. Só a publicidade na internet continuou a crescer”, clarifica o grupo. “No segmento online as receitas de publicidade subiram 22 por cento, e representam cerca de 4 por cento das receitas totais de publicidade”, revela a holding.
As restantes linhas de receita da Impresa Publishing melhoraram o seu desempenho, tendo as de circulação subido 6,5 por cento, para os 34,5 milhões de euros, e as de venda de produtos associados melhorado em em 24,9 por cento, para os 5,2 milhões de euros. O item outras receitas mais do que duplica os seus resultados (+105,8 por cento), fixando-se nos 7,4 milhões de euros, muito resultados do “bom comportamento a área e customer publishing”. O plano de contenção do grupo de Pinto Balsemão foi extensível também à área de imprensa da holding, que implementou um “apertado controlo de custos” que resultou numa redução dos custos operacionais na ordem dos 10,5 por cento, reduzindo de 89,7 milhões para 80,2 milhões de euros os custos operacionais na Impresa Publishing.
Na área de media da Sonaecom a quebra de 6,3 por cento ocorrida no volume de negócios, que no ano passado se fixa nos 30,4 milhões de euros, é sobretudo resultado das quebras ocorridas nas receitas de publicidade, bem como na venda de produtos associados. As de publicidade (que agregada também o investimento no online) caíram 2 por cento, para os 13,2 milhões de euros, já as oriundas da venda de produtos associados diminuíram 30,9 por cento, para os 4,8 milhões, “em parte justificada por um diferente mix de produtos associados oferecidos no período”. A quebra no item outras receitas é também significativa, menos 52,4 por cento, fixando-as nos 290 mil euros. Apesar das descidas ocorridas na estrutura de receitas, a unidade conseguiu reduzir em 17,4 por cento o EBITDA negativo que registava em 2008, fixando os seus resultados, embora negativos, nos 2,6 milhões de euros.
Resultados que o grupo aponta à redução ocorrida na estrutura de custos. Globalmente estes caíram 8,1 por cento, para os 33,14 milhões de euros, com as quebras ocorridas nos custos comerciais (-17,9 por cento) e nos outros custos operacionais (-10,6 por cento) a compensar o aumento de 5,3 por cento de custos com pessoal “em resultado do perímetro alargado desta unidade e do processo de reestruturação implementado no terceiro trimestre de 2009”.