Até onde pode chegar Ronaldo
Alguma vez imaginou ver um jogador de futebol português transformado numa animação da mítica série de animação norte-americana The Simpsons?
Pedro Durães
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Alguma vez imaginou ver um jogador de futebol português transformado numa animação da mítica série de animação norte-americana The Simpsons? E vê-lo meter uma bola pelo meio das pernas de um incrédulo Homer? É nesse patamar que Cristiano Ronaldo se encontra. O rapaz de 17 anos que rumou a Manchester é hoje, com apenas 24 anos, o mais galáctico dos galácticos do Real Madrid e uma das estrelas do mais recente anúncio da Nike. O spot televisivo Write the Future, que os responsáveis da marca consideram ser um dos melhores de sempre na história da Nike e que corre o mundo nas redes sociais com adjectivos como “espectacular”, “incrível” ou “brutal”, estreou durante o intervalo da final da Liga dos Campeões disputada no último fim-de-semana entre o Inter Milão e o Bayern Munique. No anúncio de três minutos assinado pela Wieden+Kennedy Amesterdão e realizado por Alejandro Iñárritu (21 Gramas, Babel) , Ronaldo surge como um dos protagonistas ao lado de Didier Drogba, Wayne Rooney e Ronaldinho Gaúcho. O enredo mostra o impacto de cada momento de futebol no futuro do jogador e da própria sociedade, com o destino de Ronaldo a reservar-lhe um estádio em seu nome, um filme sobre a sua vida protagonizado por Gael García Bernal e uma aparição na série The Simpsons, numa campanha associada ao Mundial de 2010 que marca presença em 32 países.
Este anúncio da marca desportiva global talvez seja a cereja no topo do bolo. Um bolo que está já bem composto e recheado, uma vez que o craque português protagonizou várias campanhas publicitárias para a Nike, tendo assinado um contrato com a marca que lhe rende cerca de seis milhões de euros por ano e que dá uma ideia do valor da marca Ronaldo. A projecção mediática do futebolista luso torna-o um activo valioso para as marcas que representa. Em Portugal, é o BES que está a tirar partido desse mediatismo. Mas é a nível global que a marca Ronaldo revela o seu potencial, contando já com o protagonismo das campanhas de várias marcas, que vão do desporto à moda, passando pelas bebidas. Pepe Jeans, Giorgio Armani, Linic, Nike, Coca-Cola, Castrol ou até a bebida indonésia Extra Joss são marcas que não ficam indiferentes ao potencial de exposição mediática que o jogador proporciona. Um pouco à margem da publicidade, um gesto particular de Ronaldo em campo demonstra bem o megafone catalisador que representa: quando festejou um golo pelo Real Madrid, levantando a camisola e deixando ver por baixo um apelo pela Madeira no momento da tragédia que este ano afectou o arquipélago, Ronaldo colocou a região nos jornais e noticiários de todo o mundo.
Milhões, dentro e fora das quatro linhas
Não há melhor prova da força atractiva que Cristiano Ronaldo exerce sobre as marcas globais do que os números em torno do jogador do Real. Senão, basta ter em conta que o valor que recebe anualmente em contratos publicitários é igual àquele que consegue com o seu desempenho em campo. Segundo a Forbes, o jogador factura anualmente 22,5 milhões de euros quando tomados em consideração os salários no clube merengue e os principais patrocínios, sendo que o contrato de Ronaldo com o Real Madrid prevê um salário na ordem dos 11 milhões anuais. À frente do português na lista da Forbes está apenas David Beckham, também ex-jogador do Real, que chega aos 30 milhões de euros anuais. Um reinado que poderá estar em causa com a ausência do extremo inglês do Mundial devido a uma lesão. Tal como no spot da Nike, cabe aqui a Ronaldo escrever o futuro: um desempenho galáctico na África do Sul pode ter um efeito de “subida em bolsa” da marca Ronaldo mas um campeonato apagado pode fazer tremer o estatuto de mais desejado pelas principais marcas mundiais, sobretudo se a Argentina de Messi se sair bem. Até porque a luta com o argentino continua taco-a-taco e começa a ser disputada fora dos relvados, apesar de Messi ser um jogador mais low profile nos media. De acordo com um estudo levado a cabo pela Universidade de Navarra, que calculou o “media value” através da monitorização da presença em internet e volume de cobertura noticiosa, Messi e o Barcelona são as duas marcas com mais valor mediático no futebol mundial. Entre os jogadores, Ronaldo surge no segundo posto, a dois pontos de Messi. Nos clubes, a boa época do Barcelona valeu-lhe o primeiro lugar mas foi o Real Madrid a destacar-se ao galgar do sexto para o segundo posto, facto que o professor de economia e autor do estudo Francesc Pujol comentou como sendo inédito uma subida tão grande de valor mediático em tão pouco tempo. As contratações milionárias operadas por Florentino Perez terão contribuído fortemente para essa subida. O impacto da movimentação da marca Ronaldo fez-se sentir dos dois lados. Se por um lado o Real teve uma subida inédita no ranking, o Manchester United perdeu posição para o Barça e para o Real em vários mercados. De acordo com o estudo, o United já não lidera em nenhum país, tendo a venda de Ronaldo contribuído para a perda de domínio em 13 dos 21 países em que eram antes o clube número um.
Um investimento com retorno
Muita tinta correu sobre se Ronaldo valeria realmente os 94 milhões de euros pagos pelo Real Madrid. A verdade é que, mesmo antes de começar a responder em campo com boas exibições e golos, o CR9 já respondia em retorno financeiro e mediático para o clube. Em termos financeiros, Ronaldo começou desde logo por bater recordes na venda de merchandising do novo emblema, com a hábil mudança da marca CR7 para CR9. Terminada a primeira época ao serviço dos merengues, Ronaldo vendeu cerca de 1,2 milhões de camisolas com o seu nome e número só em Madrid, deixando para trás o recorde de um milhão detido por David Beckham. Um estudo conduzido pela Weber Shandwick Sport aponta que a transferência de Ronaldo pode render ao clube receitas na ordem dos 60 milhões de euros anuais só em vendas de camisolas, bilhetes e merchandising, estimando que as receitas que o jogador é capaz de gerar podem ascender aos 100 milhões de euros. E a marca CR9 vai muito além das fronteiras de Madrid, tendo impacto a nível global. Curiosamente, é no Brasil e na África do Sul que os produtos de merchandising do jogador português mais vendem. De acordo com uma fonte citada pelo jornal O Globo, no Brasil e nas lojas que comercializam artigos da selecção brasileira, os produtos do CR9 são os mais vendidos, chegando mesmo a vender-se 50 por cento mais coisas da selecção portuguesa do que da brasileira.
Resta saber até onde pode ir a marca Ronaldo na próxima temporada, agora potenciada pela união a outra marca lusa que dá que falar em todo o mundo, com a chegada anunciada de José Mourinho ao comando dos merengues.