“As pessoas ficaram um bocado órfãs da Nostalgia”
No negócio “da música” há mais de 20 anos, Luís Montez foge de dar entrevistas. Lançou agora a Nostalgia, que pretende colocar entre as três mais ouvidas pelo target A/B, 35/45 anos, em Lisboa e Porto. O lançamento da sua 8ª rádio foi o ponto de partida para a entrevista que será publicada na próxima edição em papel do M&P.
Carla Borges Ferreira
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No negócio “da música” há mais de 20 anos, Luís Montez, dono da Luso Canal e da Música no Coração, foge de dar entrevistas e evita falar com jornalistas.Ontem lançou a Nostalgia, estação que pretende colocar, no espaço de um ano, entre as três mais ouvidas pelo target A/B, 35/45 anos, tanto em Lisboa como no Porto. Quanto às outras estações, assegura que são rentáveis. O lançamento da sua 8ª rádio foi o ponto de partida para a entrevista que será publicada na próxima edição em papel do M&P.
Meios&Publicidade: A Rádio Europa Lisboa deu ontem lugar à Nostalgia. Porque é que escolheu este formato?
Luís Montez: Não estamos em época de arriscar muito. Eu tinha estado à frente da Rádio Nostalgia, quando estava na Media Capital, e era um formato de um enorme sucesso. Não sei se o povo português é muito saudosista, mas o certo é que a rádio tinha um ímpeto de paixão enorme, as pessoas eram agarradas à Nostalgia. Mais tarde, quando a Prisa comprou a Media Capital, eles quiseram importar modelos espanhóis e implementaram uma versão portuguesa da Cadena Ser, que era o Rádio Clube Português…
M&P: Entretanto encerrado.
LM: Entretanto encerrado. E as pessoas ficaram um bocado órfãs da Nolstalgia. E era um formato vencedor, tinha grande rentabilidade e muitos ouvintes. O tempo média de escuta andava à volta das três horas, quando em Portugal a média é de 2h20m… E portanto era uma rádio pela qual os ouvintes tinham uma grande paixão e era por isso que os anunciantes apostavam muito na rádio. Já há muito que esperava por esta oportunidade… Por outro lado, o ouvinte da Nostalgia é muito exigente e gosta do conforto de escuta. Portanto, eu tinha que ter uma frequência com potência suficiente e quando consegui negociar a Rádio Paris Lisboa, Rádio Europa, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros Francês, sabia para o que é que ia. E ainda por cima há algum charme francês naquela frequência… A Nostalgia é uma marca francesa, a sede é em Paris, e falei com ele para retomarmos, conhecíamo-nos bem…
M&P: E gostaram da ideia de substituir uma rádio francesa por outra rádio francesa…
LM: Exactamente. Vamos continuar a ouvir o Gilbert Bécaud, o Charles Aznavour, portanto o francês vai permanecer em antena. Agora é claro, também acrescentamos música portuguesa, bossa nova… Tivemos que adaptar ao gosto português, mas os Beatles são os Beatles em qualquer parte do mundo, o Barry White, os Stones. Era um formato que conhecia bem, que era rápido a implementar, uma marca fortíssima, que não exigia um grande investimento de marketing, porque as pessoas sabem o que é a Rádio Nostalgia, e isto agora vai crescer por aí fora. Não tenho dúvida nenhuma.
M&P: Tem como objectivo estar nos três primeiros lugares nas audiências nos ouvintes entre os 35 e 45, classes A/B, em Lisboa e Porto, no espaço de um ano. É um desafio ambicioso.
LM: Nem é. Basicamente vamos competir com a RFM e com a TSF no target. Penso que haverá alguma duplicação, as pessoas vão ouvir informação na TSF, os quadros médios/superiores, e depois vão ouvir música na Nostalgia. Isto era a posição que tinha antes de ser descontinuada. Acho que vai ser rápido, uma ano será suficiente para retomar a posição que tinha.
M&P: A M80, um formato da Prisa em Espanha entretanto lançado pela Media Capital, não concorre com a Nostalgia?
LM: Sim, mas falta-lhes… mais charme. E eu confio muito na paixão e no profissionalismo das pessoas que fazem diariamente a Nostalgia. Temos grandes profissionais, locutores fantásticos, desde a Manuela Paraíso, o Paulo Lázaro, e temos colaboradores como o Luís Ferreira de Almeida, o João David Nunes, o José Nuno Martins, o Nuno Infante do Carmo, que era um dos pilares da antiga Nostalgia… Há muitas marcas de ténis, de roupa… E há umas e há outras. A marca Nostalgia é muito forte.
M&P: Há as originais e as imitações, é isso?
LM: Não são imitações. São diferentes, são targets diferentes. As idades são próximas, mas as ocupações e as classes são diferentes. Mas toda a gente tem lugar, não é? Na classe A/B, entre os 35 e os 45, queremos estar entre os três primeiros, em Lisboa e no Porto, e é para isso que vamos trabalhar.
M&P: Este é o projecto mais ambicioso da Luso Canal ?
LM: A ambição está em todos os projectos. Este é o último, é uma rádio para disputar audiências, não é uma rádio de nicho como a Radar e Oxigénio. A própria Amália é muito popular. Mas tenho rádios com uma enorme audiência, no Porto o grupo é líder, com a Rádio Nova e Festival. E agora com a Nostalgia, fica complicado fazer um planeamento de rádio sem incluir uma das minhas rádios.
M&P: Investiu três milhões de euros neste projecto e pretende atingir o break-even num ano. Como?
LM: De exploração, não de investimento. Mas, por acaso, quando estava à frente da Nostalgia facturava por ano quatro milhões de euros. Mas não havia a concorrência que há hoje e a economia estava ao rubro. Mas quando falo em break-even é de exploração, as receitas cobrirem os custos. A amortização do investimento será feito em 10 anos.
M&P: Para o lançamento da Nostalgia comprou a Rádio Europa Lisboa (e também o Rádio Clube de Matosinhos). Como é que surgiu o negócio com a Rádio Europa? Chegou a estar tudo fechado com Emídio Rangel e a compra acabou por não se concretizar?
LM: Durante um ano explorámos comercialmente a publicidade da Rádio Europa e, no acordo que assinámos, ficou estabelecido que se um dia decidissem vender eu teria direito. Os franceses quando decidiram vender contactaram-me e fiz uma oferta. Certamente devem ter procurado outros interessados e a minha proposta não foi aceite porque apareceu outra mais elevada. Depois as coisas não chegaram a bom porto, os franceses voltaram a contactar-me, eu mantive o interesse e as coisas fizeram-se
M&P: Comprou pelo valor da proposta inicial?
LM: Isso não vou dizer.
As restantes rádios do grupo, a ligação entre as rádios e os festivais, a concorrência e a eventual privatização da Antena 3 são alguns dos temas abordados na entrevista que será publicada na edição de dia 30 do M&P.