Hugo Nóbrega, owner da H2N
“O objectivo é produzir formatos inovadores para marcas e público”
A partir de amanhã, e até dia 5, vai decorrer em Lisboa o Festival Porta dos Fundos, colectivo que dá nome ao maior canal de humor no YouTube Brasil e que regista a partir de Portugal cerca de milhão de pageviws por mês. Os Porta dos Fundos vêm a Portugal pela mão da H2N, agência também responsável pelo Famous Humour Festival. Uma oportunidade para falar com Hugo Nóbrega, owner da H2N, sobre o futuro da agência e a ligação entre marcas e humor.
Carla Borges Ferreira
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A partir de amanhã, e até dia 5, vai decorrer em Lisboa o Festival Porta dos Fundos, colectivo que dá nome ao maior canal de humor no YouTube Brasil e que regista a partir de Portugal cerca de milhão de pageviws por mês. Os Porta dos Fundos vêm a Portugal pela mão da H2N, agência também responsável pelo Famous Humour Festival. Uma oportunidade para falar com Hugo Nóbrega, owner da H2N, sobre o futuro da agência e a ligação entre marcas e humor.
Meios&Publicidade (M&P): No ano passado a H2N trouxe a Portugal, integrado no Famous Humour Festival, Fábio Porchat, um dos co-fundadores dos Porta dos Fundos. Agora o colectivo regressa para três dias de festival, um deles no Campo Pequeno, onde esperam receber 5 mil pessoas. Como é que surge este projecto e quais as expectativas?
Hugo Nóbrega (HN): Este projecto surge duma loucura minha e do Fábio Porchat (risos). É verdade. Mas sem dúvida que surge da aposta que temos feito em eventos de público que entendemos representarem tendências e terem interesse e diferenciação. Os Porta dos Fundos são um excelente exemplo de algo que ao nascer em Agosto de 2012 no Brasil, rapidamente chegou e começou a ser seguido em Portugal por um público atento a novos formatos de entretenimento.
M&P: Após o Porta dos Fundos Festival, o que é que muda para a H2N?
HN: Costumo dizer que todos os anos começamos de novo. Estamos no mercado há 14 anos. Vamos estar diferentes a partir desta experiência, mas ela reflecte um caminho que já vimos seguindo desde 2010 ao apostar em formatos para o público. Vão surgir certamente convites e hipóteses de novas apostas, seja em que formato for. Não gosto de fazer sempre o mesmo e acho graça quando temos dificuldade em explicar tudo o que fazemos.
M&P: A H2N começou a ser associada ao humor a partir do lançamento, em 2011, do Famous Humour Festival, que nasceu para assinalar os 30 anos de liderança da marca de whisky na Escócia. Após três edições do The Famous Humour Festival, e agora da vinda dos Porta dos Fundos, como é que se posiciona a H2N?
HN: O posicionamento da H2N foi sempre no mix entre entretenimento e marcas. Foi aí que nascemos. Em 2010 nesta equação passou a estar o público. A diferença agora é que temos projectos de assinatura criados e que podem ter ou não marcas associadas. Eu sou um seguidor de festivais internacionais de diversas áreas de cultura, fora da música.
O The Famous Humour Fest surgiu de uma aposta inovadora mas muito pensada. Entre 2007 e 2009 trabalhámos um projecto no Porto para a The Famous Grouse, a The Famous Miguel Bombarda, um projecto onde a Arte imperava. Entre 2009 e 2010 fizemos um estudo acerca do The Famous Humour Fest. Quando arrancámos em 2011 surpreendemos pela qualidade do cartaz e pela imediata reacção do público. Mas a marca e a organização tiveram sempre uma estratégia de diferenciação bem definida. Este ano, será certamente a edição mais inovadora. É importante referir que este festival só acontece em Portugal.
M&P: Já há data para a edição deste ano? E novidades?
HN: Este ano é tudo novo! (risos) Novas datas, novo local e um conceito inovador. A anunciar esta semana.
M&P: Em Portugal o humor, ou os humoristas, surgem muito associados à Produções Ficticias. O percurso da H2N e projectos da H2N têm sido muito distintos. O objectivo é transformar o humor no vosso core?
HN: O objectivo é produzir formatos inovadores para marcas e público. O humor desde cedo foi trabalhado duma forma profissional ao agenciarmos por exemplo os Commedia a la Carte e outros nomes do grande público. Deste agenciamento partimos para temporadas, felizmente esgotadas de ano para ano, e em 2013 fizemos digressão pelo Brasil. Trabalhamos com bastantes nomes em Portugal e queremos alargar esta aposta a nível internacional, como já está a acontecer. A um nível mais corporate, são inúmeros os projectos de festas e acções que realizámos com humor, através de sketches, filmes, conceitos de evento. Diria que vamos continuar a explorar o território do humor, mas não só. Sou um apaixonado por espectáculos que cruzam diversas disciplinas. O Grants True Tales, que tem como tema o Storytelling, representa bem um outro formato onde uma vez mais o mix entre a estratégia de marca – True Tales- e a activação feita em torno de personalidades de diversas áreas, potenciou exponencialmente o impacto deste projecto.
M&P: E quais os próximos projectos?
HN: Estamos envolvidos desde já como programadores do Palco Comédia do Optimus Alive deste ano a convite da Everything is New. Temos diversas acções com o Gin Hendricks, em que produzimos formatos bastante “unusual”. No Verão recebemos alguns projectos internacionais de agências de incoming, em que programamos o Entretenimento. E em Setembro arrancamos com diversos projectos de escala, como o The Famous Humour Fest e a temporada dos Commedia a la Carte, entre outros, alguns deles confidenciais. E internamente, vamos apresentar em Setembro uma nova identidade que está a ser desenvolvida pela This is Pacifica.
M&P: Para além dos projectos ligados ao humor, a H2N opera no agenciamento de actores/apresentadores e na organização de eventos. Como é que vê a associação entre marcas e humor?
HN: Penso que já foi feito muita coisa boa. Diversas campanhas têm humor, duma forma subtil ou mais evidente. Mas efectivamente as marcas fogem a essa conotação. Têm medo de perder a credibilidade. Eu acho o contrário, que é efectivamente ousado, mas quando é bem feito, resulta. Outra questão é a escala, que por vezes as marcas questionam. Vão passar pelo Festival Porta dos Fundos cerca de 8.500 pessoas e este número tinha margem para ser maior. Mas o público quer qualidade. Se é algo percepcionado como “mais do mesmo”, passa ao lado.
M&P: Sobretudo em contexto de crise, é lugar-comum dizer-se que as marcas têm receio de arriscar. Concorda? A associação ao humor é um risco?
HN: As marcas têm medo da crítica. Os Porta dos Fundos são um exemplo. É um discurso tão real e grotesco que as marcas se assusta. Imensas marcas que via com interesse, não conseguiram tomar a decisão de avançar. É legítimo, mas efectivamente não concordo com esse medo. O Fábio Porchat, dos Porta, dizia-me acerca da sua série Viral, “O humor é para ser levado a sério. Quando a pessoa ofende e diz: ‘É só uma piada’, eu acho que é tirar um pouco o corpo fora”.