Diogo Ferreira da Costa, director-geral da More
“O mercado está mais competitivo e feroz”
Diogo Ferreira da Costa, director-geral da More, explica a mudança de posicionamento e denominação da agência digital do grupo Lift
Carla Borges Ferreira
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Diogo Ferreira da Costa, director-geral da More, explica a mudança de posicionamento e denominação da agência digital do grupo Lift.
Meios&Publicidade (M&P): A UP Digital deu em Junho lugar à More. Porquê esta alteração?
Diogo Ferreira da Costa (DFC): Esta alteração prende-se sobretudo com o novo posicionamento da empresa enquanto agência de marketing e comunicação digital e com a aposta transversal do Grupo Lift numa oferta cada vez mais integrada. Pensar o ambiente e a cultura de marketing digital dos nossos clientes, respondendo de forma integrada às suas necessidades, foram os princípios base que motivaram a reflexão sobre o nosso ADN e que levaram à criação da More. A par disto, a necessidade de interpretar e responder às necessidades de um mercado em constante transformação, pautado por novas tendências e abordagens, onde é imperativo acrescentarmos valor e impactarmos de forma diferenciadora o cliente do cliente e, em concreto, os profissionais de marketing e comunicação.
M&P: Conhecimento, visão e expressão são as três ideias nas quais assenta o novo posicionamento da agência. Na prática, como é que estes conceitos se materializam?
DFC: Mais do que conceitos ou ideias, estes são os eixos de actuação que caracterizam a nossa oferta e a nossa ligação ao mercado, a forma como interpretamos os desafios e as necessidades dos nossos clientes, numa lógica de digital culture. Não pretendemos centrar a nossa abordagem somente na expressão e concretização de soluções web, mobile, social e search, mas sim alicerçá-la em dinâmicas associadas à visão estratégica e, sobretudo, ao eixo do conhecimento, elemento diferenciador e central de qualquer abordagem ao mercado. Quer isto dizer que só poderemos responder de forma concertada e eficaz às necessidades dos nossos clientes se as soubermos interpretar, se valorizarmos e tornarmos efetiva a partilha de conhecimento, tendo por base uma relação de proximidade e de envolvência com os nossos clientes e com aquilo que compõe a sua realidade. Só assim conseguiremos alinhar estratégias que nos permitam evoluir para uma verdadeira maturidade digital.
M&P: Na apresentação da More afirmam que a agência “apresenta ao mercado uma proposta de valor integrada e diferenciada”. Qual é a mais-valia da More em relação às restantes agências e mesmo em relação à Up Digital?
DFC: Estar no digital implica, cada vez mais, saber comunicar e fazê-lo utilizando os canais certos, com as mensagens adequadas, de forma integrada e em tempo real. Comunicar por si só não basta, é necessário estabelecer relações e interações com uma multiplicidade de stakeholders, que permitam às marcas alcançar os seus objetivos, acrescentar valor ao mercado e posicionarem-se de forma diferenciadora. A abordagem da More, assente no conhecimento, visão e expressão, permitirá que os nossos clientes actuem de forma mais focada, tendo por base uma visão global da realidade que os rodeia e que lhes permite concretizar uma leitura real dos desafios e das oportunidades, até então muitas vezes desconhecidos. Assim, rapidez na comunicação, capacidade de reação perante os desafios, optimização dos processos criativos, quer internos quer com as agências, e, não menos importante, maior relevância na sua organização, pelo poder de informação que terão sobre o mercado/clientes, são sem dúvida alguns dos benefícios que resultam desta abordagem. Haverá também um maior conhecimento sobre conceitos associados ao marketing automation, inbound e outbound marketing, content marketing, lead nurturing, entre outros, que assumem cada vez maior relevância para quem quer responder de forma rápida, integrada, diferenciada e competitiva, num mercado altamente agressivo. O mercado exige cada vez mais às empresas, níveis superiores de excelência organizacional e produtividade, pelo que só detendo o conhecimento do mercado e dos mecanismos que têm ao seu dispor as empresas conseguirão ter verdadeira capacidade produtiva.
M&P: Afirmou que “na sua essência, a More está orientada para fomentar uma maturidade da cultura digital junto das organizações, ajudando-as a estarem melhor preparadas para os desafios digitais, internos e externos e totalmente coordenadas e integradas com outras ferramentas de comunicação disponibilizadas pelo Grupo Lift”. A More dirige-se apenas aos clientes do Grupo Lift ou o objectivo é trabalharem também para marcas/empresas fora do universo do grupo?
DFC: O mercado da More não se cinge, de todo, apenas aos clientes do Grupo Lift, pois, além destes, temos outros projectos e campanhas em curso com marcas como a Repsol, Bayer e o Ikea. Porém, o facto de integrarmos um Grupo com um vasto portefólio de clientes em áreas muito distintas, permite-nos olhar para o mercado de forma diferente e identificar oportunidades e desafios muito interessantes. Por exemplo, recentemente ganhámos mais um cliente para a nossa área de Tv Chapter, que terá uma aplicação a funcionar na plataforma de um operador de televisão/internet e, no início do último trimestre, iremos ter online uma plataforma inovadora a funcionar para uma carteira de clientes finais com uma dimensão muito relevante.
M&P: Trabalham as áreas/plataformas mobile, web e social. Como é que perspectiva a evolução de cada uma delas a curto/médio prazo?
DFC: A dinâmica da comunicação digital é cada vez mais tensa. Um elemento ou factor disruptivo pode significar uma vantagem que inverte posições dominantes e estabelecidas. Nesse sentido, é determinante estarmos atentos e preparados para estes movimentos, que podem acontecer em qualquer área/plataforma. Há no entanto uma referência máxima que diz respeito à necessidade de entendermos, acima de tudo, os comportamentos das pessoas quando usam a tecnologia no seu dia-a-dia. As marcas devem, por isso, ter impacto e significado e entregar uma proposta de valor/benefício e/ou prazer (entretenimento) aos consumidores. Quando isso acontece, a relação acontece naturalmente. Quando não é assim, a criatividade e inovação têm de se destacar, em particular ao nível do marketing e da comunicação.
M&P: A crescente importância do digital é um dado adquirido. Acredita que esta ideia está realmente presente nas empresas? Que já existe em Portugal uma cultura digital?
DFC: A cultura digital nas empresas “crescerá” devido à pressão do mercado. Isto acontece por duas razões: o marketing e a comunicação de uma empresa terão, cada vez mais, uma dependência dos meios tecnológicos; por outro lado, assiste-se a um mercado tendencialmente mais maduro, que utilizará em maior escala os instrumentos digitais como referência e influenciadores na sua decisão de compra. O estudo ZMOT da Google explica isto muito bem. Actualmente, um consumidor utiliza entre 7 a 10 referências no processo de decisão de compra e essas referências estão em duas áreas centrais: Search e Social, acontecendo anytime e anywhere (factor mobile). O mercado está mais competitivo e feroz, impondo às empresas uma maior capacidade de resposta, da qual depende, indiscutivelmente, uma maior cultura digital.
M&P: Para além da mudança de direcção, houve alterações na estrutura da ex Up Digital? Quais?
DFC: A More integra quadros qualificados, especialistas em cada uma das suas áreas de especialização, alguns dos quais transitaram da Up Digital para a More. Houve, efectivamente, algumas alterações na estrutura da empresa, mas a maturidade digital resultante de um vasto conhecimento do mercado é transversal a toda a equipa, o que nos permite abordar qualquer desafio sem grandes constrangimentos. Fomentamos relações privilegiadas com centros de conhecimento avançado que nos permitem estar na vanguarda da utilização das mais avançadas ferramentas tecnológicas direcionadas e alinhadas para o marketing e comunicação.
M&P: Quantas pessoas é que transitaram para a More e quantas não transitararam? As que não transitarem saíram do grupo?
DFC: Antes do rebranding, a empresa já havia sofrido uma reestruturação, que resultou na saída de alguns colaboradores, sendo que, na altura da transição, integrámos outros colaboradores do Grupo.
M&P: A More tem quantas pessoas?
DFC: Neste momento, a More tem sete pessoas, mas por estar inserida num grande Grupo tem uma capacidade produtiva bem maior. Neste sentido, conseguimos fazer a agregação de valências de outras áreas, o que nos permite aumentar significativamente a nossa capacidade de resposta. Por outro lado, recorremos sempre que necessário a elementos externos quando se verificarem necessidades específicas de projectos.
M&P: Quanto é que a Up Digital representou no último ano nas receitas do grupo? E quais as perspectivas para este ano?
DFC: O Grupo cresceu a vários níveis e tem hoje uma oferta verdadeiramente integrada. Isso não significa que não haja uma ambição da More em querer chegar este ano à meta dos 7 a 10% de faturação global do grupo. Com este posicionamento e organização, acreditamos que estamos em condições para fazer crescer o volume de negócios e receitas nos próximos anos.