António Lobato Mello, publicitário
LX versão Mad Max ?
“LX começa a ter um calendário de Eventos. Parece ter que brotar todos os dias e noites, qualquer coisa, qualquer activação, qualquer festa ou festinha. Este frenesim é perigoso e afasta os lisboetas”, escreve António Mello
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“E se de repente fores ultrapassado por uma Segway, um Sidecar, um Tuk Tuk, um Buggy, um Anfíbio, uma Bicicleta, ou um Drone, isso é LX, numa versão meio louca do filme Mad Max”.
Sou fã de Mad Max. Vi-os todos e deste, confesso, que saí de lá de rastos… mas continua fiel à saga. Muito bom. Tão bom que me inspirou para mais um artigo sobre o inesgotável tema LX, tal a velocidade meio louca de transformação da cidade, ultimamente também apelidada de Feira Popular.
Na Publicidade, a caricatura e a metáfora, também elas, por vezes meio loucas, revelam-se óptimas muletas criativas para chegar à grande IDEIA. “Só” têm que ser bem esgalhadas, relevantes e pertinentes para a Marca ou face ao problema que têm para resolver. Elas não são feitas para ignorar. Elas são feitas para pensar. Elas são feitas para agir. Elas anunciam, antecipam um caminho, um futuro (neste caso mais ou menos apocalíptico), e servem para tentar corrigir ou alterar – neste caso – esse mau caminho.
Para quem vive aqui e ama LX, é muito difícil ficar calado e ver as coisas acontecerem. Este tema recorrente vem a propósito do programa da Fátima Campos Ferreira “Prós e Contras” da segunda-feira da semana passada, sobre o Turismo de LX, para o qual foram convidadas várias entidades ligadas ao sector, sendo que a entidade principal CML, pecou pela ausência. Enfim.
A nomenclatura “ OLH’Ó TURISTA ! ” que aparecia em rodapé ao longo do programa, a meu ver, traduz o ainda, “chico espertismo” do tuga que ainda olha para o turista como um ser a ser espremido. Estou a caricaturar? Talvez, mas as caricaturas são alertas. Alertas para levar a sério, senhores autarcas e demais intervenientes no negócio.
Regulação, supervisão, fiscalização. Todos reclamavam ou se queixavam, incluindo a plateia. Outros achavam que o mercado por si se ajustaria. Outros falavam na desertificação eminente (a lembrar Mad Max).
Já disse e repito aqui, que tenho medo dos Autarcas à solta. Não é receio. É mesmo medo! Tenho medo, do mau gosto e da excitação colectiva e generalizada à volta de LX e tenho medo da ânsia/ganância das tais entidades quererem “encher os Cofres” rapidamente (CML incluída) assim como outros intervenientes, que olharam, e bem, para o Turismo como uma oportunidade de negócio. E neste País, elas são raras.
É uma alegria enorme, ver e viver LX tal como ela é hoje em dia, graças aos hostels, às hamburguerias, aos Santos e à easyJet. Mas, LX precisa ser pensada a sério. Muito a sério. Que tipo de cidade quer ser, ou seja Identidade. E que tipo de turistas quer ter. E não é no curto prazo. É no futuro. Dá a sensação que LX quer ir a todas e a todos. Muitas cidades europeias já viveram este choque que LX está a viver. LX pertence aos lisboetas e a vinda de turistas é bem-vinda mas não pode ser encarada como uma invasão.
LX começa a ter um calendário de Eventos. Parece ter que brotar todos os dias e noites, qualquer coisa, qualquer activação, qualquer festa ou festinha. Este frenesim é perigoso e afasta os lisboetas. LX tem que investir na sua diferenciação. É aí que está a sua riqueza. Há tanto por fazer. Urge definir prioridades. Urge gerir a Marca LX, com exigência e rigor.
Há tempos corria no Facebook uma petição, também estão na moda, para o Woody Allen vir filmar em LX. Felizmente em LX, ainda não falta água ou gasolina, mas prefiro o Woody Allen ao George Miller.
Artigo de opinião de António Mello, senior partner da Be Social or Die