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José Manuel Fernandes

“Ao fim de ano e meio estamos na posição onde pensávamos estar ao fim de três anos”

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José Manuel Fernandes, publisher do Observador, foi eleito Personalidade de Media do Ano nos Prémios Meios & Publicidade. Pretexto para um balanço do primeiro ano e meio do projecto e para olhar para o futuro da imprensa e dos media em geral.

“Ao fim de ano e meio estamos na posição onde pensávamos estar ao fim de três anos”


Um balanço do primeiro ano e meio de Observador, a resposta da concorrência, os novos investimentos e planos de futuro para o projecto, a evolução e futuro da própria imprensa em Portugal e do sector dos media em geral, o destino do papel, a monetização de conteúdos online e as fontes de receita alternativa, paywalls e publicidade nativa, o braço de ferro entre os publishers e o Google, a chegada do Netflix, o desaparecimento de jornais, a pressão sobre os media dos governos de Sócrates e Passos Coelho e o que se pode esperar do novo ciclo politico à esquerda num governo liderado por António Costa… A eleição como Personalidade de Media do Ano nos Prémios M&P foi o pretexto uma entrevista com José Manuel Fernandes, publisher do Observador e jornalista com papel determinante na fundação do Público, onde esteve 20 anos, 11 dos quais como director. Acabou por ser uma longa conversa que poderá ver, em formato vídeo, na secção M&P Plus do nosso site e da qual publicamos aqui um excerto.

Meios & Publicidade (M&P): Quando recebeu o prémio, referiu que não esperava, depois de ter lançado o Público, estar no lançamento de outro novo projecto. Havia expectativa de que o Observador fosse um projecto de tal forma diferente e inovador que fosse capaz de ser reconhecido desta forma tão rápida pelo mercado?
José Manuel Fernandes (JMF): Só poderia ser um projecto ganhador se fosse de facto diferenciador, radicalmente novo em relação àquilo que se produzia. No entanto, optámos sempre por uma estratégia de alguma prudência, não fizemos aquilo que algumas vezes se costuma dizer que é entrar com toda a força pensando que assim é que se ganha o mercado. Infelizmente, houve muitos projectos de comunicação social que, à conta disso, queimaram etapas e depois acabaram por soçobrar.


Estávamos absolutamente convictos de que havia espaço para uma oferta digital de tipo muito diferente. Todas elas estão, ou estavam, de alguma forma condicionadas pelos outros produtos que as mesmas redacções têm de produzir, seja um semanário, um diário, seja um noticiário de rádio. E pela própria legacy, pelos hábitos e cultura das redacções. Achámos que era absolutamente possível, necessário, havia a oportunidade, havia procura, para um projecto focado na informação no momento, on time, rápida, actualizável e, sobretudo, muito adaptada aos novos hábitos de consumo de informação. Uma das coisas que quisemos ter desde o início foi um site que pudesse ser lido em todos os dispositivos e metade das notícias já não lidas nos corredores tradicionais, mais de metade já são lidas em tablets ou smartphones. Não era exactamente assim há ano e meio quando começámos, mas havia a percepção de que era nessa direcção que as coisas estavam a caminhar. Por outro lado, tínhamos a ideia de que em Portugal havia uma espécie de herança dos jornais, que vinha do PREC, altura em estiveram super politizados e partidarizados, e depois do PREC achou-se que tudo era clinicamente puro e independente, o que não é verdade, é falso. A ausência de assumir que há um olhar sobre o mundo acaba por fazer com que exista um olhar não assumido que acaba por ser o resultante da cultura das próprias redacções. Nós quisemos ter isso também como ponto de partida, não fugimos. Achamos que ajuda os leitores. Num meio como o online, onde as pessoas não se deparam com a questão de chegar a uma banca e não terem dinheiro para comprar os jornais todos, podem saltar de órgão de informação em órgão de informação, saber onde se está é importante também. Foram duas apostas ganhas. Ao fim de ano e meio estamos na posição onde pensávamos estar ao fim de três anos, foi uma evolução muitíssimo mais rápida do que tínhamos pensado. Isso permitiu-nos reforçar um pouco o investimento, por vontade própria dos accionistas. Está tudo a correr melhor do que esperávamos.
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M&P: Na opinião, e não só, durante muito tempo o Observador foi conotado como um título alinhado à direita. Ainda recebe muitas mensagens e comentários nesse sentido?
JMF: Em Portugal é sempre assim. Há sempre a preocupação de catalogar as pessoas, os projectos, o que quer que seja. E nós fomos, até pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, que nos deu a honra, fez várias tentativas de catalogação, por acaso todas um bocadinho ao lado porque era sempre em função de candidatos presidenciais que nunca apareceram. Faltaram os candidatos presidenciais, por assim dizer, ao projecto. Obviamente não era assim, o único candidato que acabou por aparecer foi ele, na área com que ele estava preocupado. Mas o projecto distingue claramente aquilo que é a sua cobertura informativa, temos uma cobertura ampla e da qual não temos razões de queixa das várias forças politicas, ou temos queixas por igual, o que é bom sinal. Não gosto de um órgão de informação que não tem razões de queixa, é sinal de que não incomoda ninguém. E os órgãos de informação também são feitos para incomodar, o poder e as oposições. Na parte da opinião, para começar não temos políticos a escrever, quem ocupa cargos políticos, que é uma coisa muito tradicional em Portugal, têm direito a umas colunas, uns debates aqui e ali. Aqui, quem comenta política são pessoas que não estão no activo.

M&P: Durante a campanha eleitoral surgiram criticas de que o Observador estaria alinhado à direita. Concorda com esta avaliação?
JMF: Se falar na opinião, a maior parte foi mais critica da esquerda do que da direita, apesar de ter havido opiniões criticas da direita. Se falar dos textos de informação, acho que é completamente injusto. Entrevistámos todos os líderes políticos, fizemos alguns debates, cobrimos as principais campanhas, não andámos a fazer os detalhes todos mas demos toda a informação mais depressa e com mais lisura e transparência do que a maior parte dos outros órgãos de informação. Inclusivamente tivemos a preocupação de criar uma fórmula nova, que depois foi seguida pelos nossos concorrentes, e que é muito comum nos EUA que é o chamado fact check. Há um líder político que diz alguma coisa e nós vamos verificar se é verdade, se é mentira, se é enganador ou não. Fizemos isso para todos e devo dizer que nem sempre os líderes da direita se saíram bem, às vezes saiam-se mal. Houve total frontalidade e independência.


M&P: Foi muito crítico da forma como o governo de Sócrates lidava com a comunicação social. Agora que se abre um novo ciclo político à esquerda, o que espera em termos de pressão sobre os meios de comunicação social?

JMF: Não sei, espero que não aconteça nada. A situação actual está melhor do que o que estava durante o governo de José Sócrates. Continuo a achar que não devia existir uma Entidade Reguladora com as características que tem, aquilo é o fruto de uma ideia razoável pessimamente aplicada. Não era para ser aquilo, era para ser diferente e depois saiu uma coisa que continua sem fazer muito sentido. Felizmente tem andado apagada, enquanto não se vê pelo menos não faz ondas. Há algumas coisas neste governo que preferia que não tivessem acontecido. Não gosto de ver neste governo um antigo ministro como ministro dos Negócios Estrangeiros, não tem a tutela da comunicação social é certo, mas um antigo ministro que teve essa tutela e procurou fazer uma lei que, pela primeira vez em muitos anos, uniu todos os jornalistas contra ela. Uma Lei do Estatuto do Jornalista que foi considerada quase uma lei da mordaça. Uma lei que foi aprovada, só não entrou em vigor porque o Presidente da República a vetou politicamente. Mas não é o único caso. O anterior presidente da ERC, uma pessoa que não me parece que tivesse da comunicação social a visão mais correcta, é também ministro. E, finalmente, cereja no topo do bolo, porque se foram lembrar de ir buscar para o governo como secretário de Estado da Presidência, aí sim, um cargo importante, o advogado que colocou uma providência cautelar para silenciar o Correio da Manhã num dos seus noticiário sobre o caso José Sócrates? Isso já é um sinal politico que me preocupa mais. Espero estar enganado.


M&P: Parece-lhe que é um indício do que pode vir aí?

JMF: Não sei, mas vemos que António Costa é mais impaciente com a comunicação social do que Passos Coelho. Pelo menos visivelmente, deu esses sinais na campanha eleitoral, as pessoas viram, não estou a dizer nada que não se tenha visto. É mais impaciente, se é mais interventivo, não sei, estamos para ver. Há um mau precedente. Houve uma guerra entre o Público, já depois de eu ter saído, e a Câmara de António Costa por causa da divulgação de dados que a Câmara tinha obrigação de divulgar e fez tudo o que esteve ao seu alcance, até ser finalmente derrotada nos tribunais, para impedir o acesso dos jornalistas a esses documentos. Também não é um bom sinal. Mas no essencial, não penso que venham aí novas censuras.


“Porque se foram lembrar de ir buscar para o governo o advogado que colocou uma providência cautelar para silenciar o Correio da Manhã num dos seus noticiários sobre o caso José Sócrates? Isso já é um sinal politico que me preocupa”


M&P: Voltando aos media e ao Observador, durante vários anos foi pelo Público que foi receber prémios. Como vê o Público hoje?
JMF: Não gosto muito de falar sobre um local de onde saí, acho que não devemos regressar aos lugares onde fomos felizes e eu fui muito feliz no Público. Segue o seu caminho, do nosso ponto de vista é o nosso principal concorrente, ou um dos nossos principais concorrentes. Sabemos que para podermos chegar onde queremos temos que combater no terreno do Público e bater o Público. Portanto, continua a ser uma referência. Na altura, quando saí, o Público tinha quase 20 anos de liderança na internet, tirando os desportivos que são um campeonato à parte. Entre os órgãos de informação foi sempre primeiro, nos últimos quase dois anos perdeu essa liderança, primeiro para o Correio da Manhã e agora nos últimos meses para o Jornal de Notícias. Não creio que sejam boas notícias porque o tipo de informação que o Público continua a fazer hoje é, do meu ponto de vista, mais relevante do que a desses órgãos de informação, que vão por caminhos diferentes. Não estou com isto a desmerecer quer o CM quer o JN, no seu metier e nos seus objectivos não é por acaso que o CM é de longe o jornal líder. É líder porque, por um lado, produz um tipo de informação que ninguém produz, e por outro porque deixou de ter áreas que não cobria. Hoje há áreas, por exemplo no domínio da politica e da justiça, que o CM cobre com uma pertinência e com uma capacidade de dar notícias novas que não encontro noutros órgãos de informação. Mas não é por isso que estão à frente na internet, aí é mais pela parte popular, pela parte cor-de-rosa. É uma parte que não é o campeonato do Público nem do Observador. Do ponto de vista tecnológico, da plataforma, o Público era o único até há pouco tempo que tinha uma plataforma moderna. Mas sinto que às vezes ali se sofre do problema de ter que estar sempre a tomar uma decisão, que é a decisão “ponho já isto ou guardo para o papel amanhã”. Há ali umas horas em que as pessoas param porque têm de estar a fechar a edição em papel. Isso é uma lógica diferente. O público do Observador no online é já hoje várias vezes superior ao alcance que têm as edições em papel que praticamente só chegam a pessoas influentes, que as folheiam mas cada vez menos. Se olhamos para os números de vendas em banca, entre os principais órgãos de informação portugueses, tirando o CM e o JN o resto já quase não existe. É dramático dizer mas é verdade. Mas não quer dizer que não sejam influentes na mesma porque isto depois multiplica nos suportes na internet. Mas na cabeça de muitos jornalistas, e a própria máquina, a lógica das organizações é esta, no dia seguinte, aconteça o que acontecer, os jornais nunca deixam de estar na banca. E, por isso, há uma altura do dia em que se fecha o papel. Isso exige imensos recursos e imensas horas, pessoas e tempo. Acaba por quebrar, às vezes, a atenção que se está a dar a uma notícia de última hora, que exige permanente actualização e que fica às vezes um bocadinho para segundo plano porque é necessário ir fazer uma coisa diferente. Um dos meus desafios nos últimos anos no Público foi ir tentando vencer esta cultura das redacções e que tem a ver muito com a maneira como se trabalha todos os dias, as rotinas estão feitas para ter uma edição no dia seguinte na rua e depois ajustada no online. Tem de ser ao contrário. Posso estar enganado, mas do que conheço da forma como estão organizadas as redacções em Portugal, mesmo aquelas que fizeram apostas grandes online, isso ainda não acontece.

M&P: É essa ligação das redacções com a edição em papel que está a impedir a mudança para o digital?
JMF: O grande problema é que produzir o papel ou um noticiário de hora a hora é uma coisa que obriga a interrupções permanentes, tem realmente uma lógica diferente. Há um grande jornal internacional, o Financial Times, que reorganizou completamente a sua redacção no sentido de dar prioridade ao online. A hora das reuniões, a hora do fecho, a hora em que as coisas têm de estar prontas, tudo é em função do online. E o papel é que depois vai lá buscar o que precisa. Julgo que isso ainda não aconteceu em Portugal. Um projecto que suscitou enorme expectativa, e que tinha um conceito inicial com algum interesse e que tive curiosidade de ver se funcionava, mas julgo que não alcançou as expectativas, foi o Expresso Digital. Se tivesse que estar à frente daquela redacção imagino a dor de cabeça que não seria. Todos os dias tinha que estar pensar se ponho já online, guardo para as seis da tarde quando tiver o Expresso Diário ou guardo para o fim-de-semana quando tiver a primeira página do Expresso semanal. O que faço com a notícia? Esta gestão não é muito fácil porque às vezes o próprio jornalista não conta tudo, porque prefere que saia ali ou acolá e toma ele a decisão omitindo que já tem aquela informação. Não sei se se passa no Expresso mas passou-se comigo quando tinha que gerir essa situação, não me custa a crer que se continue a passar.

M&P: Acabou por ser uma aposta digital que transpõe para o online o modelo do papel.
JMF: No fundo é o velho vespertino. Os vespertinos faziam sentido porque a forma como se recebia informação há 20 ou 30 anos era completamento diferente da forma como se recebe hoje. Os mais velhos ainda têm alguma paciência mas os mais novos é já, não querem esperar. Isso faz com que a própria ideia de guardar seja uma ideia que a pouco e pouco vai perdendo. O que faz sentido guardar são coisas completamento diferentes, não são propriamente notícias. São coisas de reflexão, de enquadramento, análise, reportagens que exigem mais tempo para ler. Não estou com isto a dizer que o papel vai desaparecer ou que os noticiários tal como os conhecemos vão desaparecer, isso não vai acontecer. Ou pelo menos não vai acontecer de um dia para o outro. Muitos órgãos de informação em papel vão continuar a desaparecer, disso não tenho grandes dúvidas, é inevitável. O modelo das televisões generalistas vai mudar, já está a mudar. Em Portugal havia o hábito de comprar um jornal à tarde para haver uma actualização da informação. Aquilo que o Expresso tentou fazer foi retomar esse hábito. Não sei até que ponto é que isso está a ser um sucesso. Parece-me que contribuiu mais para a melhoria do site e para animar todo o resto do site do que propriamente aquela zona. Há uma coisa em que o Expresso é muito forte, não desvalorizemos, é o jornal português com mais assinantes digitais, apesar de não ter sido líder e de estar longe da liderança no digital, é o jornal com mais assinantes digitais. Porquê? Porque na assinatura digital dão acesso à edição do Expresso em papel em formato digital. Isso é um activo que eles não perderam apesar da estratégia de outros órgãos de informação, que fizeram estratégias de fechar parcialmente os seus sites a ver se conseguem aumentar o número de assinantes. O Expresso aí continua à frente. Apostar nesse activo continua a fazer todo o sentido.

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M&P: Quando lançaram o Observador identificaram como principal concorrente o Público. Apesar de a concorrência aparentemente estar nos diários por serem estes a liderar em visitas, a resposta mais forte à chegada do Observador acabou por surgir do lado de um semanário, o Expresso, que quase em simultâneo lançou essa edição diária digital. Esperavam esta reacção do Expresso?
JMF: Quem quer vencer tem de olhar para o líder e, na altura, o Público era o líder. O Expresso não era e não é. Agora, no Expresso houve uma evolução forte e rápida nestes anos. Além disso, o Público tinha acabado de fazer uma mudança que o tinha colocado uns passos à frente de todos os outros, foi o primeiro site português de informação geral a ser aquilo a que se chama responsive. Na altura nenhum outro tinha feito isso, nós já construímos nessa base. O que acho extraordinário é que houve sites em Portugal que fizeram entretanto remodelações e não fizeram isso. Não sei em que mundo é que eles estão a viver. O Expresso fez uma aposta vigorosa, importante e arriscada. Teve óbvios frutos na sua página diária, frutos talvez menos claros no número de assinantes que acrescentaram com o Expresso Diário. Cresceram mas penso que a expectativa era maior.

M&P: Talvez a mudança no Expresso mais percepcionada como resposta ao Observador tenha sido a introdução das newsletters matinais, algo que marcou desde cedo a proposta do Observador. Como viu esta criação de uma newsletter em tudo semelhante à do Observador?
JMF: Sabíamos que isso ia acontecer. Quando decidimos fazer as newsletters, não inventámos a roda, adaptámos algo que já existia. Sabíamos que em tudo o que estávamos a fazer havia coisas que os nossos concorrentes iam rapidamente fazer como nós. Admitimos que as newsletters eram uma daquelas que sabíamos que alguém, mais tarde ou mais cedo, ia fazer com as características mais ou menos aproximadas e sabíamos que havia outras coisas que iriam ser mais difíceis de atingir, até por questões culturais. Por exemplo, no nosso site, quando citamos uma notícia de outro órgão de comunicação colocamos o link para a pessoa poder ir ler ao outro órgão. Porquê? Se fizermos isso estamos a ajudar a vida aos nossos leitores e estamos a ser leais. Por outro lado, estamos a perceber o que é a internet, que não é um sitio fechado. Se eu quiser saber mais sobre aquilo, o que vou fazer é sair do meu site, vou abrir o site do outro órgão de informação e vou à procura daquela notícia. Levo mais tempo mais saí do meu site. O que é que não quero que aconteça? Que o leitor deixe o meu site, quero ser o meeting point. Sei que se chegar ali encontro o que preciso. Saio, mas se voltar a querer encontrar o que preciso volto outra vez. E isso é algo que vai muito contra a cultura das redacções portuguesas. Isto é perceber o que é a internet, perceber qual é a nossa função de servir o leitor. Nenhum dos nossos concorrentes foi ainda capaz de dar esse passo. Em relação às newsletters, são hoje em dia uma nova área que todos os órgãos de informação estão a apostar. Porque de facto são muito práticas, são uma forma muito boa de nos aproximarmos sobretudo de que utiliza aparelhos móveis. È muito fácil de ler num smartphone. E é também uma forma muito simpática de orientar as pessoas de um lado para o outro. Era o elemento mais óbvio, não digo que seja o mais fácil. É tão difícil de copiar que eles copiaram mas não o fizeram bem, tiveram que encontrar dez pessoas para fazer aquilo que no Observador é feito por uma. Mas pronto, fizeram, isso é que era importante. Só acho estranho que ainda não tenha aparecido mais gente a fazer o mesmo.

M&P: Tem números que possa adiantar sobre quantas pessoas recebem e abrem as newsletters do Observador?
JMF: Não lhe posso dizer porque, sinceramente, não sei de cor. Até porque demos agora mais um salto com o lançamento de mais uma newsletter, a Lifestyle. E não vamos ficar por aqui, vamos fazer mais. Mais uma vez, estamos atentos ao que está a acontecer, vemos as tendências, percebemos que as pessoas procuram e gostam daquilo, que aquilo é um serviço útil e nós estamos aqui para prestar serviços úteis. Por isso vamos tentar ir, de forma inteligente e não apenas automática, porque há muitas newsletters automáticas, de encontro ao que as pessoas querem. Mas nunca esperei ter tantas pessoas a subscreverem e tantas pessoas a abrirem. Quando comparamos o número de pessoas que abrem uma newsletter com o número de pessoas que abrem um artigo, a newsletter bate aos pontos.

M&P: Com tantos meios a apostarem nas newsletters, não corremos o risco de saturar os leitores? Aquilo que começou por ser um elemento diferenciador do Observador não estará já banalizado depois de ter sido tão explorado também pela concorrência?
JMF: No fim do dia vai ficar à frente quem fizer a melhor newsletter, quem satisfizer melhor as pessoas. E vai haver newsletters para vários gostos e vários feitios. Se fosse por esse raciocínio dizia assim: “já há vários jornais diários, não vou fazer outro”. Ainda bem que há vários. Apesar de tudo, ainda temos cinco diários de abrangência nacional em Portugal. Por exemplo, para que é que há três desportivos? Mas ainda bem que há, é sinal de pluralismo e de que há pessoas com sensibilidades e gostos diferentes.

M&P: Tendo em conta esta resposta do Expresso, por um lado, e por outro a liderança no digital de jornais como o CM, quem identificam hoje como principais concorrentes do Observador?
JMF: Posso dizer que no Observador temos sempre alguém que está a chefiar a redacção, essa pessoa tem dois ecrãs para poder ter mais páginas abertas e tem sempre abertas as páginas dos dois principais económicos, do Diário de Notícias, Expresso, Público, Jornal de Notícias, enfim, aqueles que estão mais atentos à questão da internet. Depois também é preciso dar alguma atenção às rádios mas nesse caso o forte delas é ainda o noticiário de meia em meia hora, que acaba por antecipar muito o que põem na internet. Em Portugal não há, para já, o que há em países como os EUA e Reino Unido, que é um poderoso site de informação de uma televisão, como uma BBC ou CNN. Não sei se algum dia isso vai chegar a acontecer. Estão para ser conhecidos agora os Prémios de Ciberjornalismo e todos os anos aparece sempre muito bem colocada, porque fazem um tipo de jornalismo e de trabalhos multimédia muito bem feitos, a Rádio Renascença. São coisas que levam muito tempo a produzir, mas que é uma aposta que eles fazem como marca de qualidade que têm. É preciso olhar para todo o lado. Às vezes há coisas que surgem de blogues, alguns um bocado mais sofisticados. Isto para não falar de alguns sites internacionais para onde às vezes também temos de olhar, como foi agora com os atentados em Paris ou como vai ser com a cimeira do clima.

M&P: Quando o Observador foi lançado, em Maio do último ano, falavam em alcançar a liderança no digital no espaço de três anos. Vamos a meio do caminho e, segundo dados do Netscope de Outubro, o Observador está já em 11º, com 8,2 milhões de visitas. Estão onde queriam estar nesta fase?
JMF: Quando falamos de liderança no digital não estamos a falar dos desportivos e agregadores. Se tirarmos esses já estamos mais à frente. E também depende do ranking, se falarmos em pageviews estamos em terceiro, se falarmos de utilizadores estamos em sexto. Diria que estamos à frente de onde queríamos estar por comparação com o que era o líder da altura. Estamos muito mais perto do líder da altura do que esperávamos estar, e o líder de então até evoluiu. Houve mudanças, sobretudo o Correio da Manhã que teve uma evolução ao procurar mercados que não são bem os nossos, o que o colocou um bocadinho fora do nosso radar. Mas não deixa de ser alguém em que pensemos, tendo em atenção que nem sempre os números do Netscope são números importantes em termos da receita que trazem. É preciso equilibrar bem o valor por que se vende o anúncio com a quantidade de páginas que se vendem. O líder, que é um jornal desportivo, tem uma receita de publicidade muito baixa, por exemplo. Não consegue traduzir essa liderança porque não é valorizado pelo mercado publicitário. Por isso, precisamos aqui de um equilíbrio quando a nossa principal fonte de receita é a publicidade. Diria que, ao fim de ano e meio, estaremos onde prevíamos estar ao fim de dois anos e meio.

M&P: Nesse caso, acredita que, ao fim dos três anos, estarão à frente do Público, por exemplo?
JMF: Acho que cada passo que dermos agora é mais difícil mas vamos continuar a fazer por isso. Estamos muito mais perto do que pensávamos estar nesta altura, é um facto, portanto temos mais razões para pensar que isso é possível.

 


“Quando estávamos a fechar o orçamento para 2015 tínhamos determinados objectivos de receitas, a meio de 2015 aumentámos esse objectivo, e vamos provavelmente superá-lo. Ninguém acreditava que isso fosse possível há um ano”


M&P: Em termos de investimento, apontavam também para o break even ao fim de três anos. Estão em condições de atingir esse objectivo ou tiveram de reformular o business plan? Há pouco falou num reforço do investimento.
JMF: O break even será no final do terceiro ano, é o que está previsto. Houve uma aposta um bocadinho maior agora por parte dos accionistas porque sentiram que era necessário alargar a mais áreas e criar canais novos. Isso, naturalmente, criou mais pressão sobre o break even. Não temos um cêntimo de empréstimo, é tudo capital dos accionistas. Foi uma coisa quisemos, não ficarmos dependentes da banca, sabemos os problemas que os meios têm em Portugal relativamente à situação de endividamento. Foi um caminho que, desde o princípio, não quisemos percorrer. Mas, ao mesmo tempo, estamos tão à frente das receitas esperadas que, mesmo com esse reforço de aposta, temos tranquilidade de que chegamos lá. Quando estávamos a fechar o orçamento para 2015 tínhamos determinados objectivos de receitas, a meio de 2015 aumentámos esse objectivo, e vamos provavelmente superá-lo. Ninguém acreditava que isso fosse possível há um ano. Os primeiros, que eram menos ambiciosos do que os segundos, eram objectivos que estavam lá como “conquistar o Evareste”. Já passámos o Evareste, não sei se há algum monte mais alto. Também já passamos esse. Vamos ver. Sabemos que nos primeiros tempos o crescimento é sempre mais rápido do que o crescimento que vem a seguir mas temos sido tão bem surpreendidos tantas vezes que vamos continuar.

M&P: Tendo em conta esses resultados, o modelo baseado exclusivamente em receitas publicitárias ainda funciona para os media?
JMF: Por enquanto sim. Não sabemos se, no final do dia, vamos conseguir viver só da publicidade. Também aqui houve mudanças, negativas para todos os órgãos de comunicação. O peso do Facebook e do Google na captura da publicidade digital aumentou globalmente, não só em Portugal. É um peso tão esmagador que tornou muito mais complicada a vida a todos os órgãos de informação que têm operações digitais, mas não só. A todos, ponto. Isso está a criar um problema a toda a gente. Desse ponto de vista, temos um problema maior do que aquele com que contávamos, sabíamos que ele existia mas não com a dimensão que está a assumir. Por outro lado, também estamos a conseguir ir buscar uma quota de mercado entre os publisher em Portugal que não estávamos a contar ter já nesta altura. Temos conseguido superar os desafios. Mas estão a acontecer mudanças todos os dias, a própria forma como as notícias aparecem nas redes sociais, nos Facebooks, estão a haver novidades e nunca sabemos bem se aquilo vai trazer mais ou menos receitas. Mas não podemos é ficar de fora.

M&P: O que podemos esperar ao nível de modelo de negócio do Observador? A introdução de uma paywall, ainda que parcial?
JMF: Não digo desta água não beberei, nunca se deve dizer isso. Mas a paywall não me parece que seja, no nosso caso, a melhor solução. Pelo menos a curto prazo. Não sei o que o futuro nos reserva. A paywall é um modelo que em alguns órgãos de comunicação está a funcionar relativamente bem. O grande problema é que, ou a paywall é muito agressiva para o leitor como a do Expresso Diário, que é intransponível, que tem o reverso da medalha, que é não se conseguir provar sequer o que é oferecido. Complicam tanto a vida ao leitor que podem criar animosidade. As paywall menos agressivas são bastante esburacadas e muitas delas são facilmente ultrapassáveis sem pagar. Vai-se encontrar formas de complementar a publicidade, nós já estamos a encontrar algumas que já representam uma percentagem significativa das nossas receitas, cerca de 15 por cento, conteúdos patrocinados. Algumas áreas estamos a explorar, como as conferências, não no modelo tradicional porque o mercado está a ficar saturado mas há caminhos, não são muitos mas há caminhos.

M&P: Relativamente a novos projectos, há algum tempo, num exercício com alunos do IADE, foi feita uma experiência de desenhar uma edição em papel do Observador. Ter uma edição impressa, com um apanhado dos artigos mais marcantes da semana por exemplo, é algo que considerem? Há hipóteses em estudo para uma edição em papel do Observador, seja em formato semanal ou outro?
JMF: É um assunto sobre o qual falamos. Ainda não vimos que faça muito sentido, pelo menos fazendo de uma forma tradicional. Há um ou dois exemplos internacionais, por exemplo há uma edição desse género, mas é patrocinada, em que um grupo de empresários quis que houvesse isso do site americano Politico. Fazem uma edição dessas nos EUA. Mas houve um grupo de pessoas que disse “nós gostamos muito de vocês e somos um bocadinho antiquados, por favor façam-nos aqui uma coisa em papel todas as semanas que nós pagamos”. Se nos aparecer alguém que faça isso, estamos cá para as curvas. Mas como modelo de negócio… Nós olhamos para os números das vendas em banca e são tão pouco entusiasmentes.

M&P: Uma área em que o Observador tem apostado muito também é no vídeo. Há ano e meio, Rudolf Gruner, ao M&P, falava na possibilidade de se estabelecerem parcerias no sentido de ter esses conteúdos a passar em broadcast, o que até agora não se concretizou. Isso foi deixado de lado? Ainda pensam nisso?
JMF: Não foi deixado de lado, não conseguimos ainda concretizá-lo. Não tenho os números presentes mas temos alguns vídeos com sucesso significativo. É óbvio que não são vídeos que competem com os canais generalistas ou mesmo com os canais líderes de cabo. Mas temos programas que são mais vistos do que alguns programas de canais informativos da televisão por cabo.

 

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Marcas de fabricante fazem crescer retalhistas de sortido curto

“Uma marca consistentemente inovadora e atrativa aumenta mais rapidamente o seu alcance junto dos compradores e conquista a sua preferência”, diz Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca

As marcas de fabricante estão a contribuir para o crescimento do negócio dos retalhistas de sortido curto, avança um estudo da Kantar desenvolvido em parceria com a Centromarca. De acordo com a análise, a estabilização da inflação, a redução das taxas de juro e o aumento da taxa de emprego também estão a impulsionar o consumo fora de casa e os serviços de entrega ao domicílio.

“O consumo fora de casa tem vindo sempre a crescer acima do consumo para casa, nos últimos trimestres. No entanto, a percentagem do gasto que os portugueses dedicam ao consumo dentro de casa perdeu espaço, com uma diminuição de 1,2 pontos percentuais, face ao terceiro trimestre de 2023”, informa a Centromarca em comunicado de imprensa.

Além do tamanho das cestas ter diminuído, a maioria das categorias de produtos de grande consumo também regista um decréscimo em valor, nos primeiros nove meses do ano. No caso das bebidas, a redução atinge os 5%. No das limpezas caseiras, a quebra ronda os 3%. A venda de produtos de alimentação animal caiu 2%.

“No mesmo período, os números mostram também um avanço das marcas de distribuidor sobre as de fabricante, ainda que as segundas mantenham a maior quota de mercado, com 52,5% em valor. Apesar do decréscimo da quota, as marcas de fabricante contribuíram positivamente para o desempenho de alguns retalhistas de sortido curto”, refere o estudo.

Entre julho e setembro, o consumo em casa recuperou ligeiramente, com a dimensão da cesta de compras das famílias portuguesas a crescer, apesar da desaceleração da dinâmica de crescimento que as marcas próprias dos retalhistas registavam até então.

“Num contexto que se mantém desafiante, apesar dos números animadores da economia e dos mais recentes dados do mercado, as marcas continuam a ter de reforçar a relação com os consumidores, atrair novos públicos e reter compradores habituais. Uma marca consistentemente inovadora e atrativa aumenta mais rapidamente o seu alcance junto dos compradores e conquista a sua preferência”, afirma Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca, citado no documento.

O estudo da Kantar mostra ainda que 66% das marcas que conquistam novos compradores registam crescimento em volume de vendas. “As marcas que não recrutaram consumidores nos últimos dois anos decresceram 14,5% em valor entre janeiro e setembro de 2024, quando comparado com o período homólogo. Já as que conquistaram novos ‘targets’ em 2023 e 2024 cresceram 14,3% no mesmo período”, refere ainda a análise.

Segundo o estudo, as marcas que angariaram mais clientes viram a fidelidade dos consumidores aumentar 57% e a taxa de repetição de compra subir 54%. “Recrutar consumidores em vários retalhistas pode ser difícil para as marcas, mas a diversificação dos locais de venda revela-se bastante vantajosa e fundamental para atingir o maior número de compradores possível”, defende Marta Santos, diretora de clientes e de análises da Kantar.

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Startup portuguesa ZeroPact quer descarbonizar ecommerce

A startup portuguesa está a lançar uma ferramenta gratuita, que permite às empresas de comércio eletrónico calcular e compensar automaticamente a pegada carbónica dos produtos, aumentando a transparência e a confiança junto dos consumidores

A ZeroPact, startup portuguesa de tecnologia focada na sustentabilidade, está a lançar uma solução alimentada por inteligência artificial que permite às marcas de comércio eletrónico integrar o cálculo e a compensação da pegada carbónica dos seus produtos, permitindo aumentar a transparência e a confiança junto dos consumidores.

A startup fundada por João Morgado, Luís Branco e João Matos ganhou o El Corte Inglés Retail Challenge, concurso de inovação no retalho que teve lugar durante a Web Summit, tendo agora a possibilidade de iniciar um teste piloto com o El Corte Inglés, reforçando a aplicabilidade da tecnologia em grandes marcas e antecipando-se às novas regulamentações do Digital Product Passport (DPP) previstas para 2027.

De acordo com o Barómetro Mastercard 2023 – Perceção da Sustentabilidade em Portugal, os consumidores portugueses estão cada vez mais atentos às práticas ambientais das marcas, sendo que 80% dos portugueses dão importância à política de sustentabilidade dos comerciantes ou fornecedores e que 52% já deixaram de comprar um produto devido à má reputação ambiental de uma marca.

“Estes números mostram a urgência das empresas em adotar práticas transparentes e alinhadas com as expectativas de um consumidor mais consciente”, sustenta João Morgado, CEO da ZeroPact, em comunicado de imprensa.

A análise da Mastercard revela ainda que 87% dos portugueses manifestam interesse em saber a pegada carbónica das suas compras, com esta percentagem a subir para 90% entre as mulheres. No entanto, apenas 15% conhecem a sua própria pegada carbónica, apesar de 74% já estarem familiarizados com o conceito.

“Este cenário evidencia uma grande oportunidade para as empresas liderarem na comunicação de sustentabilidade e oferecerem ferramentas que ajudem os consumidores a tomar decisões mais informadas e sustentáveis”, argumenta João Morgado.

De acordo com o CEO da startup, a ZeroPact tem planos de expansão para toda a Europa, focando-se em mercados europeus estratégicos devido à legislação emergente que, até 2027, obrigará as empresas a adotarem passaportes digitais de produtos e práticas de sustentabilidade mais rigorosas.

A tecnologia da ZeroPact já está disponível em vários sites portugueses, como Otherwise, Jakshoes, DCK, NAE-Vegan, 38 graus, Cool Mood Community, Arisca, Wheat&Rose, Le-mot, Mineral Fashion Store, Bordaleiras, Chulé, Pera Lima, Tribu, Cura, entre outros.

“A aplicação da tecnologia na área de sustentabilidade permite fornecer aos clientes informações claras e precisas sobre a pegada de carbono dos produtos que adquirem. Além disso, pode criar um modelo replicável para o setor como um todo, impulsionando uma transformação mais ampla em direção à sustentabilidade”, enfatiza Vasco Marques Pinto, gestor de relações externas do El Corte Inglés.

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Salvador Martinha protagoniza campanha da Revolut (com vídeo)

A campanha da agência criativa Nossa com o humorista (na foto) é a primeira da Revolut filmada em Portugal e faz parte de uma estratégia de marketing, que a marca tem vindo a desenvolver no mercado nacional

O humorista Salvador Martinha dá a cara na nova campanha digital da Revolut, que promove as funcionalidades do novo sistema de segurança financeira da empresa. A campanha, desenvolvida pela agência criativa Nossa, é a primeira da marca filmada em Portugal e faz parte de uma estratégia de marketing mais vasta, que a Revolut tem vindo a desenvolver no mercado português.

No filme publicitário, presente nas plataformas digitais, Salvador Martinha mostra algumas das funcionalidades do novo sistema de segurança financeira da empresa, com o tom humorístico que o caracteriza. O anúncio salienta a destruição do cartão descartável digital após uso, o bloqueio automático do cartão se houver suspeita de atividade fraudulenta e o apoio da equipa de especialistas em crimes financeiros, que estão disponíveis para ajudar os clientes 24 horas por dia.

“Estamos entusiasmados por trabalhar com o Salvador Martinha nesta nossa campanha digital onde salientamos a segurança dos nossos sistemas financeiros. A sua influência e alcance no mercado português são extraordinários e acreditamos que esta parceria estratégica nos permitirá reforçar a nossa presença em Portugal e chegar a um público mais vasto”, sustenta Ignacio Zunzunegui, diretor de crescimento da Revolut para o sul da Europa.

O objetivo da campanha é reforçar a estratégia de posicionamento da marca que pretende se tornar o banco principal dos portugueses. Para além da campanha com Salvador Martinha, a empresa anuncia também uma ativação no aeroporto do Porto, com máquinas de dispensa de cartões gratuitos antes das viagens de avião, e a parceria com o festival Primavera Sound 2025, em Barcelona e no Porto.

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Concorrência aprova venda da Ritmos & Blues e da Arena Atlântico

A empresa compradora, a Live Nation Entertainment, aceita o compromisso de uma política comercial “aberta, transparente e não discriminatória” na Meo Arena, com a “redução imediata dos preços de acesso” e o seu “congelamento” nos próximos cinco anos

A Autoridade da Concorrência (AdC) deliberou não se opor à operação de concentração, que envolve a aquisição de uma participação de controlo indireto da Ritmos & Blues e da Arena Atlântico (na foto) pela empresa Live Nation Entertainment (LNE). “Esta decisão foi possível, após a LNE propor compromissos para resolver as preocupações jusconcorrenciais identificadas pela AdC na sua investigação”, informa a entidade reguladora em comunicado de imprensa.

As garantias oferecidas pela promotora de espetáculos, que detém uma participação no festival Rolling Loud e promove o festival Rock in Rio Lisboa, através da subsidiária Better World Comunicação, Publicidade e Entretenimento, foram suficientes para a AdC.

“A decisão agora adotada foi precedida de uma investigação aprofundada, depois de termos considerado que a operação de concentração poderia resultar em entraves significativos à concorrência efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste, resultantes de restrições, totais ou parciais, no acesso à Meo Arena por concorrentes no mercado de promoção de eventos ao vivo e no mercado de serviços de bilhética”, refere o regulador.

A fase de averiguações incluiu um teste de mercado, que contou com a participação dos dez maiores clientes da Meo Arena. As preocupações expressas foram posteriormente apresentadas à empresa norte-americana.

“No que respeita à tese de dificultar o acesso aos artistas, a AdC considerou que, mesmo sem a operação de concentração, a LNE poderia entrar como promotor direto de eventos no mercado nacional e que a possibilidade de o fazer com os artistas e digressões internacionais próprias será um facto normal face ao seu modelo de negócio verticalmente integrado, não constituindo um elemento específico da presente operação de concentração”, refere o documento.

Os compromissos assumidos pela LNE “reforçam também as condições que garantem a adoção de uma política comercial de utilização da Meo Arena aberta, transparente e não discriminatória, o que se traduz, entre outros, na redução imediata dos preços de acesso à Arena e no congelamento dos preços para os próximos cinco anos”, revela a AdC.

A implementação das medidas propostas é avaliada por um mandatário de monitorização e, sob a sua supervisão direta, por um gestor de informação independente, “que será selecionado e contratado pelo novo mandatário de monitorização e que, em última instância, reporta à AdC”, esclarece ainda o comunicado do regulador da concorrência.

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Bar Ogilvy cria anúncio para época de festas na Madeira (com vídeo)

A campanha produzida pela Bro, que aborda as atividades disponíveis na ilha, no Natal e fim de ano, é divulgada em suportes digitais, nas redes sociais da Meta, Google e YouTube

A campanha de Natal e fim de ano Madeira reforça o espírito de pertença e autenticidade com um novo apelo à vivência plena do destino. Dando continuidade à comunicação da iniciativa ‘Vive a Madeira por inteiro’ apresentada em 2023 para o mercado nacional e amplificada para o mercado externo com a designação ‘Experience Madeira for Yourself’, o filme publicitário promove as festividades natalícias do arquipélago.

Com criatividade da Bar Ogilvy e produção da Bro, o anúncio evidencia a oferta turística, cultural e gastronómica da região. Divulgada em suportes digitais, nas redes sociais da Meta, no Google e no YouTube, a campanha, promovida pela Associação de Promoção da Madeira (APM), volta a apresentar o arquipélago como destino de mar, montanha e tradições culturais.

“Reconhecendo que não é possível capturar toda essa experiência num simples anúncio, optámos por uma abordagem disruptiva, transmitindo a mensagem que estar fisicamente na região é a única forma de experienciar verdadeiramente tudo o que o destino tem a oferecer. A proposta é aproveitar ao máximo, vivendo cada momento por inteiro”, explica a APM em comunicado de imprensa.

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JMR Digital traz para Portugal plataforma de automação de marketing

A Deployteq (na foto) permite criar campanhas multimeios a partir de qualquer lugar, sem necessidade de códigos, e é alimentada por inteligência artificial. A apresentação pública da ferramenta é a 10 de dezembro

A agência de marketing digital e automação internacional JMR Digital disponibiliza em Portugal a plataforma de automação de marketing Deployteq. Através de um leque de ferramentas digitais, é possível criar e amplificar campanhas multimeios. Acessível a partir de qualquer lugar sem necessidade de códigos, a tecnologia é integrável noutras plataformas, permitindo uma abordagem de marketing unificada e centralizada.

Tirando partido de um modelo de dados estruturado para refinar estratégias e impulsionar o sucesso das campanhas, a Deployteq é alimentada através de inteligência artificial (IA). Além da gestão de dados sincronizados que possibilita, permite uma maior personalização e segmentação das comunicações. “Através de uma abordagem multicanal, garante um maior alcance através de diversos canais e plataformas, para um maior ‘engagement’ entre marcas e consumidores”, refere o documento de apresentação, a que o M&P teve acesso.

Fundada em 2017 pela portuguesa Joana Meireles e pelo neerlandês Mischa Rinck, a JMR Digital apresenta publicamente a plataforma, a 10 de dezembro, em Lisboa. De acordo com o site da Deployteq, a nova tecnologia já é utilizada por cerca de 4.700 profissionais de marketing, para construir segmentações dinâmicas em campanhas. Com uma taxa de entrega de 99,8%, a plataforma multiplica, em média, o retorno do investimento (ROI) por 2,5.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Luisa García e Tiago Vidal assumem novos cargos na LLYC

A profissional espanhola regressa à primeira linha do negócio, com a nomeação como CEO global de assuntos corporativos. O português, até agora diretor de talentos e tecnologia da agência de comunicação e assuntos corporativos, é o novo diretor de operações globais

Tiago Vidal (na foto, à dir.) é o novo diretor de operações globais da LLYC. Além de continuar a liderar as áreas de talento e tecnologia da agência de comunicação e assuntos corporativos, o anterior diretor de talentos e tecnologia passa a supervisionar o marketing, a comunicação, a governança ambiental, social e corporativa (ESG) e a equipa de integração, procurando maximizar os retornos dos investimentos em crescimento inorgânico.

“A nomeação de Tiago Vidal consolida a nossa estratégia de talento, tecnologias de informação, comunicação e integração numa mesma área, com o objetivo de continuar a impulsionar a nossa estratégia de crescimento e avançar no processo de transformação da empresa”, explica Alejandro Romero, sócio e CEO global da LLYC, citado em comunicado de imprensa.

A promoção do responsável português ocorre na altura em que a espanhola Luisa García (na foto, à esq.) regressa à primeira linha do negócio, com a nomeação como CEO global de assuntos corporativos. No novo cargo, irá focar-se na inovação e na integração da oferta de soluções de ‘corporate affairs’, num portefólio que já conta com uma componente de tecnologia e inteligência artificial (IA) aplicada.

“Esta área de atuação engloba serviços como reputação corporativa e liderança, comunicação financeira e operações corporativas, gestão de crises e riscos, ESG, pessoas, talento e cultura, bem como assuntos públicos, assuntos europeus, ‘advocacy’ e diplomacia corporativa, contribuindo com 60% do total das nossas receitas operacionais”, refere a LLYC no documento.

Luisa García, que acaba de ser considerada uma das mulheres mais influentes de Espanha pelas publicações espanholas Forbes e Yo Dona, continua a exercer o cargo que ocupava no conselho de administração da LLYC, que integra desde 2021.

“É com grande entusiasmo que lidero a melhor equipa de especialistas em comunicação e assuntos públicos em Espanha, Portugal, Bruxelas, América Latina e Estados Unidos. Acompanhados pelos melhores profissionais em criatividade e com toda a potencialidade dos desenvolvimentos da IA da LLYC, o nosso compromisso é ajudar os nossos clientes a tomar decisões conscientes e audazes num contexto cada vez mais desafiante, em que a incerteza veio para ficar”, afirma a nova CEO global de assuntos corporativos.

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‘Outlets’ superam retalho nas vendas de produtos de luxo

“O mercado de bens de luxo perdeu cerca de 50 milhões de consumidores nos últimos dois anos. Isto é um sinal de que as marcas precisam de reajustar as suas propostas de valor”, refere Clara Albuquerque, sócia da Bain & Company

Os ‘outlets’ já superam o retalho tradicional nas vendas de produtos de luxo, afirma um estudo internacional da consultora Bain & Company, realizado em parceria com a associação de marcas de luxo italiana Altagamma.

A base global de clientes de luxo está a encolher, face à contínua incerteza económica, ao aumento de preços e ao declínio na lealdade dos clientes às marcas, particularmente entre as gerações mais jovens, refere a Bain em comunicado de imprensa.

“Numa altura em que as lojas retalhistas de luxo estão a verificar uma queda acentuada do tráfego de visitantes, o canal de ‘outlet’ está a ter um desempenho superior, impulsionado pela busca dos consumidores por compras de valor. O canal está a ganhar popularidade como uma entrada preferida no mercado”, aponta o estudo.

À beira da primeira desaceleração desde a grande recessão de 2009, o mercado de bens pessoais de luxo deverá desvalorizar 2% em comparação com o ano passado. Ainda assim, deverá registar vendas a rondar os €1,5 mil milhões em 2024. “Este mercado permanece relativamente estável face a 2023, com uma taxa de crescimento anual estimada entre -1% e 1%”, revela o documento.

As áreas de crescimento identificadas no segmento do luxo são a hospitalidade e a gastronomia, apesar de a redução da procura por parte da geração Z, a menos leal às marcas, se estar a acentuar. “O mercado de bens de luxo perdeu cerca de 50 milhões de consumidores nos últimos dois anos, por opção ou por terem sido forçados a deixar de consumir estes bens. Isto é um sinal de que as marcas precisam de reajustar as suas propostas de valor”, refere Clara Albuquerque, sócia da Bain & Company, citada em comunicado de imprensa.

De acordo com o estudo, as experiências de luxo continuam a manter-se em alta, à medida que os consumidores transferem os gastos para experiências de viagem e eventos sociais, favorecendo tratamentos pessoais e bem-estar, em detrimento de bens tangíveis. A cosmética e o ‘eyewear’ são as exceções à regra.

“Os produtos de beleza, particularmente as fragrâncias, continuam a ter um bom desempenho, numa altura em que os consumidores gravitam em direção a pequenas indulgências. O mercado ótico também está a viver um momentum positivo, com os consumidores atraídos pela crescente criatividade das marcas e por marcas especializadas de alta qualidade”, salienta o estudo.

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Google Chrome pode ser vendido por 20 mil milhões de dólares

A Google utiliza os dados que obtém através do Chrome para direcionar os utilizadores para anúncios publicitários, que geram a maioria das receitas da empresa

O navegador de internet Chrome, da Google, pode ser vendido por até 20 mil milhões de dólares (€18,9 mil milhões) se Amit Mehta, juiz federal do distrito de Colúmbia, aceitar a proposta do Departamento de Justiça dos Estados Unidos de vender o navegador da Google, noticia a Bloomberg.

A situação surge no seguimento do juiz responsável pelo caso ter determinado, em agosto, que a Google violou as leis da concorrência ao construir um império de pesquisa na internet.

Na eventualidade de a venda se concretizar, a Google pode reeceber “pelo menos entre 15 a 20 mil milhões de dólares (€14,2 a €18,9 mil milhões), dado que tem mais de três mil milhões de utilizadores ativos mensais”, segundo avança Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence.

Deter o navegador de internet mais popular do mundo é fundamental para o domínio da publicidade da Google, devido ao facto de a empresa liderada por Sundar Pichai ter a capacidade de ver a atividade dos utilizadores registados e utilizar esses dados para direcioná-los mais eficazmente para anúncios publicitários, que são a principal fonte de rendimento da empresa.

A Google também tem utilizado o Chrome para encaminhar os utilizadores para o ‘chatbot’ Gemini. As autoridades da concorrência norte-americanas, juntamente com os estados norte-americanos que se juntaram ao processo, recomendam também, a 20 de novembro, que o juiz imponha à Google condições para o licenciamento de dados e restrições a nível do uso da inteligência artificial (IA), de acordo com a Bloomberg.

Lee-Anne Mulholland, vice-presidente de assuntos regulatórios da Google, afirma que o Departamento de Justiça “continua a promover uma agenda radical que vai muito além das questões legais do processo”, acrescentando que “o facto de o governo impor a sua posição desta forma vai prejudicar os consumidores, os programadores e a liderança tecnológica americana precisamente no momento em que é mais necessária”.

As propostas apresentadas têm o potencial de transformar o mercado da pesquisa e o setor da IA a nível mundial. O processo é a tentativa mais ambiciosa por parte do Governo norte-americano de regular uma empresa de tecnologia desde que Washington tentou, sem sucesso, dividir a Microsoft de Bill Gates em 1998.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Bolo-rei da Versailles é a estrela do anúncio natalício do Pingo Doce (com vídeo)

Com criatividade da BBDO Portugal, produção da Blanche Films e planeamento de meios da Initiative, o spot (na foto) foi realizado por Pedro Varela. Além da televisão e da rádio, a campanha é divulgada em digital e nos supermercados Pingo Doce

O bolo-rei da Versailles, que este an0 está à venda no Pingo Doce, é a estrela do anúncio de Natal da cadeia de grande distribuição da Jerónimo Martins.

Com criatividade da BBDO Portugal, produção da Blanche Films e planeamento de meios da Initiative Media, o filme publicitário, realizado por Pedro Varela, mostra um avô numa aldeia a recordar o período em que vivia em Lisboa e celebrava o Natal com um bolo-rei da Versailles. O septuagenário é surpreendido pela neta, que o informa que já não precisa de ir à capital para se voltar a deliciar com o bolo-rei da Versailles.

Além da televisão e da rádio, a campanha está a ser divulgada em digital e nos supermercados do retalhista. O filme terá declinações ao longo das próximas semanas, divulgando a oferta de produtos que o Pingo Doce tem para esta época.

“Esta campanha tem como protagonista o bolo-rei, criado em parceria com a Versailles, mas possui a elasticidade para conseguir abranger outros produtos tradicionais da época, como o bacalhau, o peru ou as iguarias de Natal da nossa marca. Acima de tudo, queremos reforçar que somos o supermercado de proximidade e que as famílias podem confiar em nós para encontrarem tudo o que necessitam para esta altura do ano, com produtos de qualidade e as melhores oportunidades de poupança”, explica Luís Lobato Almeida, diretor de marca do Pingo Doce, citado em comunicado de imprensa.

A edição especial do bolo-rei da Versailles está à venda, em exclusivo, nas lojas Pingo Doce desde dia 17. “Quando surgiu esta ideia de o criarmos em conjunto, fez-nos todo o sentido porque, desta forma, conseguimos levar um pouco da nossa história e da pastelaria tradicional a todo o país, em parceria com uma marca que partilha dos mesmos valores que nós”, refere Sérgio Nunes, sócio-gerente da Versailles.

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