Os protagonistas da comunicação de festivais de música em Portugal e Espanha
Será que a comunicação de festivais de música em Portugal e Espanha enfatiza mais a experiência vivida pelo espectador do que a programação musical? Por outras palavras, quem são os […]
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Será que a comunicação de festivais de música em Portugal e Espanha enfatiza mais a experiência vivida pelo espectador do que a programação musical? Por outras palavras, quem são os verdadeiros headliners quando se comunica um festival de música: os artistas que compõem o cartaz ou o público que faz a festa? Responder a esta questão motivou a investigação que efectuei, há cerca de dois anos, no âmbito do Mestrado em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, e cujos resultados foram também apresentados no Talkfest de 2017.
A estratégia passou por analisar mensagens publicitárias – gráficas e audiovisuais – de seis festivais de música ibéricos de referência, durante as campanhas de 2014 e 2015, para comprovar se o foco estava no palco (line up, programação musical) ou no público (experiência do espectador). A análise, apoiada num enquadramento teórico multidisciplinar e em entrevistas a profissionais de comunicação do sector, detectou uma série de conceitos subjacentes às mensagens. No caso do NOS Alive e do Bilbao BBK Live, o protagonismo recaía na força do cartaz. Já a comunicação do festival murciano SOS 4.8, entretanto extinto, girava à volta da ideia de festa. Este conceito, aliado à ritualização, foi também encontrado no NOS Primavera Sound. Valores mais amplos e abstractos – diferenciação/identidade e escapismo/libertação – foram identificados no Primavera Sound de Barcelona. E, para o Vodafone Paredes de Coura, a relação entre música e natureza foi o conceito-chave detectado. Estes conceitos foram posteriormente agrupados em duas áreas, programação musical (palco) e experiência do espectador (público), permitindo extrair as conclusões do estudo.
Assim, foi possível responder afirmativamente à hipótese/pergunta central de investigação. Com efeito, a maioria dos festivais observados (quatro de seis) focalizava a sua comunicação na experiência vivida pelo espectador. Apenas dois eventos analisados (NOS Alive e Bilbao BBK Live) privilegiavam a programação musical, centrando a sua comunicação no destaque dos respetivos cartazes/alinhamentos de artistas.
Uma das metas da investigação foi também desenhar um mapa de tendências. Temos, por um lado, a experiência 360: comunicação circular, diversificada nos meios e envolvendo todos os stakeholders (organização, público, artistas, patrocinadores, influencers). Também, o protagonismo definitivo das redes sociais, numa lógica de maior implicação com o público – engagement, crowdsourcing, co-criação de conteúdos – onde importam as narrativas paralelas dos eventos, a “metafestivalização”. E encontramos estratégias cada vez mais inovadoras para a apresentação dos cartazes e importação de códigos e discursos de outras áreas para a criação das mensagens – ilustração, cinema, apps, gifs, memes, videoclipes, etc.
Mais de dois anos depois, olhando sobretudo para os festivais que jogam as cartas mais criativas – os filmes de apresentação dos cartazes dos dois Primavera Sound, verdadeiros happenings, ou os anúncios do NeoPop, que privilegiam a arte e o ritual do festival-goer ou do dancer – parece que se tem vindo a confirmar a mudança de foco anunciada. Isto porque, num mar ibérico de festivais com cartazes cada vez mais sólidos, destacam-se os que criam uma aura – personalidade, marca – à volta de tudo o que o público vive durante esses dias de celebração.
Artigo de opinião de Marco Silva, community manager e copywriter na Bee Social Media (Espanha)