Donativos já representam 12% das receitas do The Guardian
No The Guardian, as receitas de circulação, subscrições digitais e donativos totalizam já 55% do total, com as receitas publicitárias a representarem os restantes 45%.
Pedro Durães
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Após vários anos de prejuízos acumulados a alimentar uma dívida crescente, o The Guardian deverá alcançar o break-even no próximo mês de Março de 2019. A garantia é dada por David Pemsel, CEO do diário britânico, e para isso muito terá contribuído a estratégia desenhada pela equipa de gestão que lidera e que criou um modelo de negócio sustentado em parte pelo pedido de doações aos seus leitores, incentivados a contribuir para a produção de jornalismo de qualidade, e que, adiantou o responsável durante a sua intervenção na Web Summit, representa já 12% das receitas totais geradas pelo The Guardian, que nestes três anos recebeu donativos de cerca de um milhão de leitores.
“Normalmente quando o objectivo é reduzir dívida e evitar prejuízos, o que se faz de imediato é cortar custos e levantar uma paywall. A nossa estratégia foi um pouco mais sofisticada do que isso”, afirmou David Pemsel, sublinhando que o pedido de contribuições, entretanto seguido por outros meios de comunicação social, “não tem nada a ver com pedir esmolas nem estamos tão mal e tão perto de fechar que tínhamos de o fazer como se chegou a dizer”. O objectivo, resume, passa por “usar este tipo de financiamento que alguns leitores podem fornecer para tornar o nosso jornalismo de qualidade acessível a todos”. Três anos após ter dado início a esta estratégia, além do peso significativo que os donativos têm já nas receitas do diário britânico, David Pemsel destaca ainda o facto de que combinados, donativos e subscritores, fazem com que as receitas geradas pelos leitores sejam já maioritárias face às receitas publicitárias. No The Guardian, as receitas de circulação, subscrições digitais e donativos totalizam já 55% do total, com as receitas publicitárias a representarem os restantes 45%. Actualmente, dois terços do tráfego online do jornal é gerado fora do Reino Unido, com o mercado norte-americano a representar um terço do tráfego e o resto do mundo outro terço, sendo os donativos regulares mais comuns no mercado doméstico enquanto nos outros dominam os donativos pontuais.
Apesar de ser apontado como um case study ao nível da monetização de conteúdos e, por isso, seguido de perto pelos responsáveis de grupos de media e publishers de todo o mundo, o modelo de negócio do The Guardian não será, avisa David Pemsel, receita infalível para toda a imprensa, tal como não será um modelo sustentável no longo prazo. “Tem sido um modelo de sucesso mas não quer dizer que podemos parar de procurar outras oportunidades ou dizer que este modelo é o mais sustentável”, refere, considerando que “ainda não temos um modelo sustentável para o tipo de jornalismo que organizações como a nossa produzem, encontrámos um modelo que funciona no curto prazo mas temos de continuar a procurar um modelo sustentável no longo prazo”. Olhando para os grupos de media como existem hoje, ao contrário do The Guardian que é detido por uma fundação, David Pemsel, lembra que “se no final do dia tentamos trazer retorno aos nossos accionistas, vamos acabar por fazer compromissos ao nível da qualidade do nosso conteúdo e isso nunca será sustentável no longo prazo”.