Pokémon Go foi a tempestade perfeita
Uma junção de factores distintos que criaram o melhor jogo do ano. Eu sei que ainda falta muito, mas quem causa tanto alarido em tão pouco tempo merece este título. […]
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Uma junção de factores distintos que criaram o melhor jogo do ano. Eu sei que ainda falta muito, mas quem causa tanto alarido em tão pouco tempo merece este título. Vamos por pontos:
1. Universo Pokémon
O laço emocional já lá estava antes do lançamento. Estamos a falar de um imaginário que na mente da geração de 1990 está bem presente, e mesmo para quem não jogou na sua infância, o universo é familiar. Qualquer miúdo que jogou Pokémon num Gameboy sempre quis poder apanhá-los no mundo real.
2. Cruzamento de dois universos
Foi este desejo de infância que motivou a criação de Pokémon Go. A Niantic e a The Pokémon Company sabiam que não podiam defraudar as expectativas de milhões e chegaram a algo único. Nunca tinha sido alcançada uma experiência tão seamless entre duas realidades distintas. A realidade aumentada tem sido um underdog das inovações tecnológicas sempre de mãos dadas com um “mas” até o Pokémon Go aliar este conceito ao da geolocalização. A geolocalização garante a ponte com o mundo real — a experiência muda completamente consoante a nossa localização e hora a que acedemos ao jogo.
3. A plataforma perfeita
O facto de o Pokémon Go ser jogado no smartphone abriu portas a todos os donos destes aparelhos, ou seja, quase toda a gente. A aposta poderia ter recaído numa consola, algo habitual para a Nintendo, mas sendo o utilizador cada vez mais Smartphone Centric, o passo dado foi o correcto. Podemos dizer que as consolas sempre estiveram nos nossos bolsos.
4. O jogo não exclui ninguém
Não existem mecânicas complicadas de aprender, todas as interacções com o smartphone são feitas de forma intuitiva, o jogo é freemium e o mais importante de tudo: não obriga os jogadores a jogarem da mesma forma. Se todo o jogo tivesse sido construído à volta de ser o treinador mais forte, a maioria desistiria logo, pois para chegar a tal estatuto seriam necessárias horas e quilómetros de jogo (para não falar de dinheiro real) que o jogador comum não está disposto a abdicar. Para os jogadores que apenas querem outra forma de preencher os tempos mortos, o lado de coleccionador do jogo é o mais atractivo. O coleccionismo não é uma corrida — a viagem e a descoberta são fontes de prazer.
5. FOMO (Fear of missing out)
Nunca tinham sido feitos tantos downloads de APKs de um jogo e criações de contas americanas na App Store. Ninguém quis ficar de fora da loucura que nos aparecia nas redes sociais. Também a visibilidade do jogo nas ruas foi determinante. O jogo obriga-nos a sair de casa com os smartphones colados à cara, afectando a nossa maneira de estar no mundo real, deixando quem vê de fora intrigado e a querer perceber o que leva uma pessoa a não conseguir desviar o olhar do smartphone.
E parece mesmo que o hype não vai terminar por aqui. A Niantic e a The Pokémon Company têm um roadmap bem definido com novas funcionalidades para o jogo que irão melhorar cada vez mais a experiência para os jogadores (troca de Pokémons, batalhas amigáveis, mais e melhor realidade aumentada) e também para as marcas (Sponsored Locations e até mesmo anúncios dentro do jogo). Esperemos para ver.
Artigo de opinião de Carlos Sousa Martins, strategist da ComOn