IA beneficia negócios mas leva ao esgotamento, alerta investigação
Investir em inteligência artificial é vantajoso, porque aumenta o retorno sobre o investimento, apesar dos riscos para a saúde mental dos colaboradores. 63% sentem-se desmotivados com a redução do trabalho criativo, segundo o estudo da consultora EY, a que o M&P teve acesso
Luis Batista Gonçalves
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A utilização de inteligência artificial (IA) nas empresas tende a ser benéfica para a generalidade dos negócios, mas leva ao esgotamento dos colaboradores, alerta um estudo internacional da consultora EY, a que o M&P teve acesso, elaborado com base nas respostas de 500 executivos norte-americanos a um inquérito.
Embora estimule a inovação no desenvolvimento de produtos e serviços, aumente o grau de satisfação dos consumidores e amplifique o retorno sobre o investimento, o uso regular de IA generativa afeta a saúde mental dos colaboradores, aponta o estudo da empresa Upwork, feito junto de uma amostra de 2.500 colaboradores, que serviu de base à análise comparativa da EY.
Além de 73% dos inquiridos se sentirem frustrados por considerarem que não têm formação suficiente para trabalhar com os programas de IA, 63% sentem-se desmotivados com a redução do trabalho criativo. E 53% queixam-se do excesso de informação com que têm de lidar na sequência da utilização de IA. Este grau de insatisfação faz com que 54% dos executivos sintam que estão a falhar enquanto líderes.
“Pressionados para obterem resultados rapidamente, os inquiridos dizem estar menos confiantes nas suas capacidades de liderança, ao passo que os colaboradores se sentem-se sobrecarregados e preocupados com o impacto dessa utilização nos custos [para as empresas] e na sustentabilidade”, refere o estudo comparativo da EY.
Segundo o documento, as organizações onde 95% dos inquiridos trabalham já investem em IA, com 84% dos gestores a usá-la para aumentar a eficiência operacional, 82% para aumentar a produtividade, 77% para aumentar a vantagem competitiva, 75% para aumentar a satisfação dos clientes e 75% para aumentar a inovação de produto.
“Esta investigação confirma que a IA já está a acrescentar um valor substantivo que merece um investimento contínuo”, refere Dan Diasio, diretor global de consultoria em inteligência artificial da EY. Ainda que 90% dos inquiridos afirmem que são incentivados a utilizar regularmente a IA, 80% reclamam da falta de formação adequada para o fazer.
“À medida que o uso de IA generativa se intensifica, há executivos que se esquecem da gestão da mudança e do processo de transformações necessárias a uma evolução como a que está a acontecer”, critica Dan Diasio, que, além do aumento da formação em IA, também recomenda priorização da construção de infraestruturas de dados para agilizar processos.