Morreu Oliviero Toscani, fotógrafo das campanhas provocadoras da Benetton
“Gostaria de ser lembrado pelo meu trabalho todo, não apenas por esta ou por aquela fotografia”, admitia o fotógrafo italiano ao Corriere della Sera, em agosto de 2024. ‘Padre e Freira’ (na foto) é uma das campanhas mais polémicas
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Morreu Oliviero Toscani, fotógrafo das campanhas mais provocadoras da United Colors of Benetton. Tinha 82 anos e sofria de uma doença rara incapacitante.
Nascido em 1942 em Milão, o filho do fotógrafo Fedele Toscani estuda em Zurique, na Suíça. Inicia a carreira em produções fotográficas para revistas de moda, fotografando modelos como Monica Bellucci. Em 1982, assume a direção criativa das campanhas da United Colors of Benetton, função que desempenha até 2000.
É durante esse período que ganha projeção internacional, com muitas das fotografias usadas para as campanhas da marca de moda italiana a causarem polémica, como é o caso de ‘Padre e Freira’, usada na campanha de outono/inverno 1991/92, onde se vê um padre e uma freira a beijarem-se.
A fotografia das roupas ensanguentadas de um soldado bósnio, uma das imagens fortes da campanha de primavera/verão de 1994, também deu que falar, tal como a que mostra as cruzes de um cemitério ou uma composição de preservativos (utilizadas na campanha de primavera/verão de 1991) ou a de um judeu a abraçar um palestiniano, em 1986.
“Gostaria de ser lembrado pelo meu trabalho todo, não apenas por esta ou por aquela fotografia, mas, sim, pelo meu compromisso com a fotografia”, admitia o fotógrafo italiano ao Corriere della Sera, em agosto de 2024, naquela que foi a última entrevista.
Apesar de não ter tirado duas das fotografias mais chocantes das campanhas da United Colors of Benetton, foi Oliviero Toscani que decidiu usá-las para promover a marca. A imagem de David Kirby rodeado da família antes de morrer vítima de sida, utilizada na campanha de primavera/verão de 1992, foi captada pela objetiva de Thérèse Frare. ‘Murder’, que mostra uma mãe prostrada ao lado de um cadáver ensanguentado, usada na mesma campanha, tem assinatura de Franco Zecchini/Magnum.
Em 2000, a polémica gerada por uma campanha que incluía imagens de prisioneiros norte-americanos no corredor da morte, leva ao fim da colaboração de Oliviero Toscani. “Exploro a roupa para levantar questões sociais”, justificava o fotógrafo na altura, em declarações à Reuters.
Em 2017, o fotógrafo volta a colaborar com a marca, mas em 2020 a administração da United Colors of Benetton cessa novamente a colaboração, na sequência das críticas públicas de Oliviero Toscani à queda de uma ponte em Génova, gerida pela Atlantia, uma das empresas do grupo Benetton.
O trabalho de Oliviero Toscani, que foi diagnosticado com amiloidose em 2022, foi exibido no Museum für Gestaltung, em Zurique, em 2024, numa exposição intitulada ‘Fotografia e Provocação’, onde estiveram patentes algumas das fotografias polémicas usadas para promover as coleções da United Colors of Benetton.