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“As marcas que só pensam em atingir os objetivos mínimos nunca se irão destacar”

Americo Vizer é, desde o início do ano, diretor criativo da LLYC em Portugal e no Brasil. Em entrevista ao M&P, recorda o momento em que se apaixonou pela publicidade, analisa a fase de transformação que as agências de comunicação estão a viver e explica os desafios que o setor enfrenta

Luis Batista Gonçalves
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“As marcas que só pensam em atingir os objetivos mínimos nunca se irão destacar”

Americo Vizer é, desde o início do ano, diretor criativo da LLYC em Portugal e no Brasil. Em entrevista ao M&P, recorda o momento em que se apaixonou pela publicidade, analisa a fase de transformação que as agências de comunicação estão a viver e explica os desafios que o setor enfrenta

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Luis Batista Gonçalves
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Filho de publicitário, o brasileiro Americo Vizer divide o tempo entre São Paulo e Lisboa, desde que aceitou o convite para passar também a assumir a direção criativa da LLYC em Portugal. Em entrevista ao M&P, fala da experiência, analisa a fase de transformação que as agências de comunicação e relações públicas estão a viver e explica o impacto que a redução de orçamentos tem na criatividade e nas estratégias das insígnias.

É redator criativo há quase 20 anos. Como é que surgiu o interesse por esta área?

O meu pai é publicitário, foi diretor criativo da [J. Walter] Thompson no Brasil, há muitos anos. Tive o privilégio, quando era adolescente, de o acompanhar em filmagens de anúncios. Eram tempos gloriosos, com verbas infinitas, o que me atraiu desde logo. Com o passar do tempo, foi o lado cinematográfico das campanhas a despertar o meu interesse.

Quando chegou a altura de eleger um curso, no final da década de 1990, estava indeciso entre o cinema e publicidade, mas a publicidade parecia-me ter um campo de atuação mais abrangente. Além disso, estava numa fase mais avançada do que o cinema e a ganhar mais prémios internacionais. A influência do meu pai também foi determinante.

Na fase em que acompanhava o seu pai, lembra-se do momento exato em que se apaixonou pela publicidade?

Fascinou-me o facto de os anúncios serem vistos por muita gente, sobretudo os que eram exibidos em televisão. A ideia de passar um dia inteiro a filmar para gravar uma cena ou para fazer um pequeno anúncio que seria visto por milhões de espetadores entusiasmou-me.

Nos últimos anos, o mercado mudou muito. Hoje, está a colaborar com uma empresa que era inicialmente uma agência de comunicação e relações públicas e que evoluiu para uma ‘full communication store’, onde a componente criativa tem um peso maior. Como vê esta mudança?

Esta evolução está em linha com o meu próprio percurso. Ao longo destes 20 anos, não trabalhei só em agências de publicidade. Cheguei a trabalhar em estações de televisão e até num banco, para conseguir dinheiro para a universidade. Trabalhei em agências digitais, em agências de promoção e até em empresas de marketing direto. Sempre tive vontade de experimentar coisas novas. Nunca fiquei preso a nenhum tipo de trabalho.

É um homem sem amarras, tal como a LLYC de hoje?

A LLYC era reconhecida globalmente como uma das melhores agências de relações públicas do mundo. A resposta aos desafios do digital trouxe novas oportunidades. A estrutura digital da LLYC tem crescido nos últimos 10 anos. Hoje, as novas áreas de ação correspondem a praticamente 50% da faturação da empresa.

Atualmente, o ambiente digital e as relações públicas são ferramentas básicas para qualquer grande ideia. Como a LLYC já tem experiência nessas duas vertentes, comunicação e digital, tem tudo para desenvolver o negócio da publicidade. Estamos no processo de juntar essas áreas para entregar projetos com uma qualidade maior aos clientes.

Este paradigma acaba também por dar origem a um movimento de consultoras a adquirirem agências de publicidade para melhorar o serviço que oferecem, com o reforço de especialistas para se especializarem na criação publicitária. A Accenture fê-lo com a Droga5 e a Globant com a Gut.

A LLYC também está a seguir esse movimento?

Sim. Desde que a LLYC entrou na Bolsa de Madrid, adquiriu a China, uma agência criativa espanhola. Depois, comprou a Beso, uma das maiores e mais conceituadas agências do México. A minha chegada insere-se nesse movimento. Não sou uma agência, mas tenho comigo uma equipa de 14 pessoas em Portugal e uma de 10 no Brasil, pelo que podemos garantir aos clientes uma melhor entrega criativa.

Nos últimos três meses, a LLYC também tem tido uma atividade muito grande nos Estados Unidos. Comprou a Lambert Global, outra agência que começou na comunicação e nas relações públicas para se converter numa agência de publicidade. Hoje, o trabalho do Rafa Antón, o nosso diretor criativo global, é justamente o de integrar todos esses criativos para dar resposta às exigências dos clientes.

A explosão do digital é que tem levado empresas como a LLYC a evoluir neste sentido?

Todo o mercado publicitário está a evoluir nesse sentido, não é só a LLYC. Antes, haviam as grandes agências, eu trabalhei em várias no Brasil, e, depois, paralelamente, existiam as agências digitais. Com o crescimento das redes sociais e o aumento da importância dos influenciadores, as agências digitais foram crescendo e assumindo um papel que era das agências publicitárias internacionais.

Temos o exemplo da Thompson e da Wunderman. A Thompson era a agência mais antiga do mundo, a mais conceituada. Fundiu-se depois, em 2018, com a Wunderman, que, na sua essência, era digital. Houve também a fusão da VMLY&R com Wunderman Thompson [para dar origem à VML] o ano passado e da Grey com a AKQA, já este ano. A evolução do mercado criou esta necessidade. A operação da LLYC também é reflexo disso.

A sua contratação tem como missão aumentar a criatividade nas novas áreas que a LLYC está a trabalhar ou também está a ser aplicada nas atividades de relações públicas e assessoria de imprensa mais tradicionais?

O objetivo da LLYC é aplicá-la em todas as áreas. Dentro da de relações públicas, temos, entre outras, áreas de especialização em ‘health care’, infraestruturas e ‘public affairs’. O objetivo é entregar soluções de maior valor aos clientes.

Havendo uma equipa criativa, que está habituada a pensar de forma criativa, trabalhando em sinergia com as equipas de assessoria dessas áreas, conseguimos o melhor dos dois mundos, seja através de um filme publicitário, do desenvolvimento de um novo produto ou de uma ação com influenciadores. A ideia é que vai acabar por decidir em que meio e de que forma é que vai ser divulgada. A ideia e o orçamento disponível.

Anteriormente não havia essa necessidade de criatividade nas relações públicas e na assessoria de imprensa?

As empresas procuram, cada vez mais, otimizar os investimentos que fazem através de novas soluções. Os próprios clientes estão a deixar de trabalhar dentro de caixinhas, o que também aumenta essa necessidade de sermos criativos em qualquer uma dessas áreas. Vemos isso a acontecer na LLYC e em todo o mercado.

É diretor criativo da LLYC em Portugal e no Brasil, dois mercados muito diferentes. Em termos de desafios, diferenças e semelhanças, o que é que os distingue?

Têm, desde logo, tamanhos totalmente diferentes. O Brasil é um país continental. Portugal é um país histórico, que tem uma grande influência na cultura brasileira. Sem os portugueses, o Brasil não existiria nos moldes em que existe hoje. Há muitas coisas que os brasileiros acabaram por absorver da cultura portuguesa.

O contrário também sucede. Mesmo tendo um oceano pelo meio, há uma ligação forte. Apesar de usarmos palavras diferentes em determinadas situações, a língua aproxima-nos e isso acaba por refletir-se nos trabalhos que desenvolvemos. Hoje, há brasileiros a fazer um excelente trabalho no mercado português, assim como o inverso.

A ideia é potenciar essas complementaridades?

O convite da LLYC para liderar os dois mercados veio da necessidade de integrar essas culturas, por causa dessa similaridade, que acaba por ser facilitadora. O pós-pandemia veio provar que não precisamos de estar fisicamente num determinado lugar para executar um trabalho relevante.

Hoje, a comunicação, como um todo, é inspirada globalmente, pelo que um criativo brasileiro e um criativo português acabam por ser influenciados pelas mesmas coisas, seja uma campanha que foi premiada na Austrália ou uma iniciativa diferente levada a cabo na Colômbia.

Entre as dificuldades e os desafios, o que é que é mais complicado de gerir?

Na maioria das vezes, acho que a maior dificuldade não se prende com a cultura, prende-se com o fuso horário e com a diferença de quatro horas que existe entre os dois países. Por vezes, temos que antecipar ou atrasar reuniões.

Pelo facto de serem mercados de dimensões diferentes, em estágios de evolução distintos, têm de ter abordagens diferencias. Como é que faz essa gestão no quotidiano?

A primeira coisa é perceber o público que temos à frente. Pela forma como crio, procuro colocar-me sempre no lugar das pessoas. Para isso, é necessário entender o comportamento e a cultura do público para chegar à melhor solução. Nesse aspeto, é indiferente se as pessoas estão no Brasil ou em Portugal.

A sua contratação potencia sinergias entre os dois países?

O modelo de negócio da LLYC implica sempre a existência de equipas multidisciplinares e multinacionais. Se o projeto que tem em mãos é uma campanha local em Portugal, ela vai ser feita por portugueses em colaboração com equipas de outros países. É assim que trabalhamos.

Fazemo-lo para conseguirmos ter um olhar mais global para uma necessidade, mesmo que seja local, conseguindo assim entregar mais valor aos clientes. Ter pessoas de outros contextos, com outras culturas, potencia uma visão que melhora a qualidade dos serviços prestados.

Numa entrevista, Marlene Gaspar, diretora-geral da LLYC em Portugal, afirmou que, apesar da sua contratação, a intenção era privilegiar, em 90% dos casos, os criativos locais. Isso está a acontecer?

Sim. Mas, apesar de contarmos com criativos locais, não vamos necessariamente excluir pessoas de equipas de outros países. A ideia é integrar forças, experiências e olhares diferentes na mesma solução. Desta forma, conseguimos apresentar trabalhos mais fortes.

O aporte criativo que veio trazer à empresa abrange todas as áreas da LLYC, que trabalha marketing, ‘up-tech’, ‘deep learning’ e até assuntos corporativos?

Sim, acaba por abranger todas as especialidades da LLYC. Para dar um exemplo, tenho em mãos um projeto de ‘health care’, que é uma das nossas áreas de atividade. Não vamos desenvolver uma campanha 100% para media ou para televisão, mas a equipa criativa está a fazer a diferença nesse projeto. Haverá momentos, e até clientes e/ou projetos, em que o meu trabalho não vai fazer a mínima diferença, mas, na grande maioria dos casos, vai ajudar.

A LLYC adquiriu, nos últimos tempos, uma série de empresas, como a China, a Apache, a Beso e até a Lambert Global. Estas aquisições acabam por gerar sinergias e intercâmbios entre as diferentes organizações?

Sim, geram. Há uma reunião semanal com os líderes criativos de cada país. Recentemente, o diretor criativo da Fairly Painless, agência de publicidade da Lambert Global, juntou-se a mim e a outros responsáveis nestes encontros, onde trocamos ideias e partilhamos dificuldades, acabando muitas vezes por encontrar soluções através dessa soma de forças.

Estes intercâmbios têm ainda a vantagem de nos permitirem perceber como é que os outros criativos pensam e chegam a determinada ideia, o que é construtivo. É também o que sucede em festivais como o da criatividade de Cannes, onde interagimos com criativos de outros países.

Ao conversarmos com diretores criativos de agências do Dubai, por exemplo, conseguimos extrair experiências e referências para o dia a dia. É o que acaba por suceder semanalmente naquelas reuniões.

Acaba também por ser uma forma de pôr em prática o pensar global e agir local, um conceito que tem vindo a assumir mais importância, até pela maior personalização que as marcas procuram?

Sim. E não deixa de ser curioso porque todos contribuímos com as nossas diferenças culturais, com vivências que estamos a ter naquele momento ou até com dificuldades que os clientes estejam a ter. Este tipo de experiência é muito enriquecedor.

A inteligência artificial (IA), uma das áreas onde a LLYC tem vindo a fazer um forte investimento, é uma coisa boa ou é uma coisa má?

Acho que é as duas coisas, depende do uso que se faz dela. A IA tem ajudado muito a LLYC no desenvolvimento de dados. Temos uma ferramenta de IA que consegue analisar sentimentos de publicações, que abrange a internet, os blogues, os noticiários e as redes sociais como o X, que ajuda a prever crises. O Instagram e Facebook não são abrangidos porque são plataformas fechadas.

Como é que isso é feito?

Se estivermos a fazer uma escuta digital para um cliente, conseguimos, através da IA, perceber se existe um grupo de pessoas que está a dizer algo que pode gerar uma crise que afete a sua atividade. Isso é enriquecedor e fundamental para uma empresa que também trabalha a reputação das marcas.

Neste caso, a IA é uma coisa boa. Mas, ao mesmo tempo, é assustadora por causa das ‘fake news’ e da manipulação que permite. Não é mau desenhar em cima de uma foto nossa nem usar filtros de uma forma bem-humorada. O problema é quando isso é feito de forma maléfica, sem que existam mecanismos de controlo nem avisos.

O Instagram está a começar a avisar-nos das publicações que usaram recursos de IA. Esses avisos terão de se intensificar. Terão de ser tomadas atitudes, à semelhança do que foi feito com a promoção de bebidas alcoólicas. Além de horários reduzidos, foi restringida a idade dos que podem protagonizar as campanhas. O caminho terá de ser esse.

É utilizador regular de IA?

Sim. No meu dia a dia, a IA tem-me ajudado a desenvolver algumas ideias, a procurar ‘insights’, a buscar referências e, de alguma forma, a poder tangibilizar melhor para um cliente. Os criativos, de modo geral, sofrem quando um cliente não consegue ter a mesma visão criativa da ideia que lhes estão a propor. A IA ajuda-nos, muitas vezes, a simplificar esse processo.

É consensual que é preciso regular a IA. É a favor de uma regulação global, de uma regulação nacional ou da autorregulação?

Acho que conseguirmos uma regulação global é muito difícil, pelo que cada país deve ter a sua própria regulamentação. A autorregulação, de certa forma, já vai sendo feita.

Mas é preciso sinalizar o que foi produzido com recurso à IA. Na minha opinião, isso não desvaloriza um determinado trabalho, mas alerta as pessoas para o facto de parte dele ter sido feito por uma máquina. Tem que existir uma regulamentação que defina o que podemos e o que não podemos fazer com a recurso à IA.

Até para evitar que se manipule facilmente a opinião pública. Nos dias de hoje, esse risco é grande?

A IA, nas mãos de políticos, é um perigo, porque permite colocar na boca de um presidente um discurso que não foi ele que fez. A questão das ‘fake news’ é uma pólvora, porque essas notícias falsas espalham-se rapidamente.

A manipulação de imagens com recurso a IA é outro perigo?

Sim, daí a importância da clarificação que a LLYC defende. Um anúncio a uma cerveja é acompanhado da recomendação para beber com moderação ou da proibição de ingestão por menores. Estas recomendações não desvalorizam a bebida.

Nos últimos meses, falou-se muito no fim dos ‘cookies’ de terceiros. Entretanto, a Google fez marcha-atrás e suspendeu o processo. Em que medida é que esta eliminação afetava a criatividade, se é que a afetava?

Essa medida vinha aumentar a exigência criativa. Se deixássemos de ter ferramentas que nos permitissem rastrear e entender os comportamentos dos consumidores, teríamos de encontrar formas diferentes para chegarmos ao público e impactá-lo. Também considero que a IA acaba por aumentar a exigência criativa, pelos comandos que exige para conseguirmos chegar aos resultados que pretendemos.

No caso dos ‘cookies’, isso aconteceria pela exigência de termos de pensar de forma diferente para contornar a diminuição ou a falta de dados para obter mais informações para atingir a performance que pretendemos ou para perceber se a comunicação está potenciando resultados ou não. Acaba por aumentar a necessidade criativa, além de representar uma tarefa adicional para os criativos.

Não existe um botão em que um criativo possa carregar para ter ideias. O que é que faz para se inspirar quando elas não surgem naturalmente?

Para me inspirar, procuro o cinema, a arte e as vivências quotidianas. Estou muito atento aos festivais de criatividade, como o de Cannes, porque preciso de perceber os mercados que trabalho. Preciso de perceber tendências e comportamentos, de saber quais são as agências criativas que estão a obter melhores resultados porque, direta ou indiretamente, são elas que acabam por influenciar o mercado como um todo.

Para nos inspirarmos, temos de estar onde estão as pessoas, seja no metro, num local turístico ou até em sofrimento numa fila enquanto esperamos por qualquer coisa. É nessas circunstâncias que conseguimos observar os comportamentos dos outros. Nessas observações, conseguimos ver a forma como reagem perante as situações e apreender as diferentes perceções e linguagens.

Se estiver numa carruagem de metro cheia, há quem se irrite, quem se revolte, quem brinque com a situação e todos esses comportamentos acabam por ser inspiradores.

Mas, se lhe passarem um ‘briefing’ com um prazo muito curto e não lhe surgir nenhuma ideia, não tendo a possibilidade de ir para a rua observar, como é que reage? Entra em stresse? Vai apanhar ar? Tem algum ritual?

Revisito as minhas vivências profissionais. Procuro recuperar soluções que já me ajudaram a resolver outros projetos. Nas alturas em que já não consigo render mais, paro, vou beber uma água, comer um gelado, ver um vídeo no YouTube ou falar com alguém para esvaziar a cabeça.

Se não o fizermos, ficamos mais frustrados e, com os nervos, não conseguiremos produzir nada. Temos de saber em que momento é que devemos parar e respirar para afastar a ansiedade, para podermos continuar.

Das campanhas publicitárias que fez, qual é aquela de que mais se orgulha?

São três. Participei numa, desenvolvida pela BETC e pela Havas, que apela à adoção de crianças com mais de seis anos, no Brasil, chamada ‘O álbum nunca fotografado’. Fizemos um álbum de fotografias para pais que adotam filhos mais velhos. Durante o processo de produção, chorei em todas as fases, vendo o casting das famílias, lendo as histórias, gravando as cenas, editando-as e apresentando a campanha aos clientes.

Outra é um filme de fim de ano que fiz, na Publicis. Uma animação de três minutos, lançada em 17 canais em simultâneo, sobre inclusão e igualdade. Foi o primeiro anúncio que apresentou uma criança com síndrome de Down em ilustração animada. Um dos personagens era um pirilampo que não acendia. É um filme que procura combater preconceitos.

E a terceira?

Essa já a fiz na LLYC, no Brasil. É uma ativação direcionada para pessoas que têm uma doença muito rara e que só podem ingerir entre 15 a 20 gramas de gordura por dia. Só para termos uma ideia, um ovo cozido tem cinco.

Fizemo-la num restaurante com estrela Michelin, todo decorado com o nome da doença [síndrome de quilomicronema familiar], proporcionando a um grupo de doentes uma experiência única, em segurança, uma vez que têm uma dieta tão restritiva, a comida tem de ser toda pesada, que não podem comer fora de casa.

Podem não ter sido as campanhas que venderam mais ou as que ganharam mais prémios, mas mudaram, nem que fosse um pouco, a vida de algumas pessoas.

Procura essa gratificação em todos os trabalhos que faz?

O papel da comunicação não é só potenciar vendas. A comunicação tem que criar empatia, porque, a partir do momento em que o conseguimos, conquistamos a pessoa que impactamos para sempre. Esse é o maior orgulho da minha carreira.

Numa perspetiva oposta, também existirão seguramente campanhas de outros que gostaria de ter feito. Lembra-se de alguma?

Sim, muitas. Gostava de ter feito todas as que, este ano, conquistaram Grandes Prémios em Cannes. Mas a primeira que me vem à cabeça é um SMS, uma ideia da Gut. Na final do campeonato mundial de futebol, o Brasil parou.

Durante o jogo, muitas pessoas começaram a receber uma mensagem que as avisava que o pedido que tinham feito estava a caminho. Como não tinham encomendado nada, estranharam. A ideia era, num gesto moralizador, avisá-los que o troféu vinha a caminho do país. É ridiculamente simples e profundamente impactante. Gosto de ideias de execução simples que causem um grande impacto.

Enquanto explicava como é que se começou a interessar pela publicidade, no início da entrevista, recordou que, nesses tempos, havia muito dinheiro para fazer anúncios. Em que medida é que a redução de orçamentos das últimas décadas condiciona a criatividade?

Condiciona muito, uma vez que a criatividade é muito relevante. É muito fácil ter uma ideia para um anúncio para o intervalo do Super Bowl se se tiver 10 milhões de dólares para gastar. No exemplo que dei antes, do SMS, o custo não foi dos maiores. É um desafio constante. Com reduções de orçamento, não podemos ter o Cristiano Ronaldo mas, em função dos valores de que dispomos, procuramos entregar a melhor proposta possível.

Isso obriga-nos a fazer adaptações e concessões para conseguir concretizar a criatividade sem que esta perca força. Temos de fazer ajustes e tirar partido do que temos à mão. Hoje, filmam-se campanhas com o telemóvel, com uma qualidade impressionante, com um custo que é um décimo ou um centésimo do orçamento de uma longa-metragem de Hollywood, mas a história que está a ser contada não é pior do que a do filme.

Vários profissionais do setor têm reconhecido publicamente que, como se está a investir menos em criatividade, é preciso repetir muito os anúncios para que os consumidores consigam reter. Também é essa a perspetiva que tem?

Sim. Há muitos clientes no mercado que preferem investir na segurança, na repetição, na informação e na performance, para garantir os resultados mínimos de que necessitam para atingir o seu objetivo.

Mas isso acaba por limitar o desempenho da marca e até do próprio cliente. As marcas que só pensam em atingir os objetivos mínimos nunca se irão destacar nem surpreender o consumidor.

Sente muito a pressão dos clientes para conseguirem essa diferenciação?

Como vem originalmente das relações públicas, a LLYC tem muitos clientes que sabem que as soluções básicas garantem resultados, apesar de não serem suficientes para garantir essa diferenciação. Mas, quando conseguimos apresentar uma ideia, uma ação ou uma campanha que faz aumentar a notoriedade das marcas, começam a confiar mais e a arriscar mais.

Em vez de investir 100% em segurança, começam a alocar 10% em criatividade e inovação e, com o tempo, essa percentagem sobe para os 20% e até passa a abranger outros canais, com os clientes a experimentar outras coisas, para aumentar a reputação, sem descurarem a tal segurança.

Também há, hoje, uma grande necessidade de métricas, de relatórios e de análises de dados. Isso também condiciona a criatividade?

Acaba por condicionar. Se apresentarmos uma ideia que não atinge os KPI [indicadores de desempenho] esperados, para o cliente a campanha não foi eficaz. Por mais que se ache que foi genial e até tenha ganho 50 prémios, não é considerada eficiente. Então, é preciso oferecer-lhe soluções e outros KPI, que podem ser tão importantes ou até melhores do que os que está a considerar.

No Brasil, um cliente recorria a um grande influenciador para promover a marca. No plano de meios que lhe elaborámos, colocámo-lo lá e o cliente ficou muito surpreendido. Mas a realidade é que, numa publicação ou num anúncio no Facebook, conseguimos obter métricas. Esta foi uma forma que encontrámos de aumentar os KPI do cliente, que só estava a contar com os gerados por ‘media display’.

Sente que se valorizam demasiado as métricas?

Varia muito de cliente para cliente. No Brasil, trabalhei com anunciantes que sabiam que uma determinada campanha não teria grande impacto em termos de vendas, mas investiam nela por uma questão de reputação e de notoriedade, com os sentimentos a sobreporem-se aos números.

Como é que vê o futuro mais imediato?

A LLYC está a estruturar-se cada vez mais, oferecendo na prática um serviço de ‘full communication store’, com a ambição de sermos vistos como um player que consegue entregar aos clientes a mesma qualidade que temos nos nossos serviços de relações públicas, assessoria de imprensa e digital na publicidade.

Não é fácil efetuar uma mudança de imagem, assim como mudar a imagem de um cliente também não é um processo simples nem rápido. Mas estamos com vários projetos em mãos e, ao longo dos próximos meses, esperamos que nos proporcionem grandes resultados.

“A multiculturalidade é um dos nossos maiores fatores distintivos”
–––

Foi contratado para aportar uma visão criativa e estratégica para a LLYC em Portugal. Como é que isso é feito em termos práticos?

Com muita reunião, com muita referência, com muita inspiração e ouvindo muito também. Não é só o que eu digo que deve ser seguido. É preciso ouvir as equipas, perceber quais são as necessidades locais e estar atento aos movimentos culturais que acabam por exercer alguma influência. Como já estou habituado a trabalhar grandes contas, no Brasil e não só, consigo transmitir a minha visão. A equipa global de criação da LLYC também tem essa experiência.

A multiculturalidade é um dos nossos maiores fatores distintivos, porque conseguimos apresentar soluções locais em consonância com as necessidades de um determinado país, com uma visão internacional, fruto da integração de profissionais de diferentes origens e culturas nas nossas equipas. Isso dá-nos mais agilidade.

Como é que gere o facto de não conseguir estar em dois sítios ao mesmo tempo?

Superamos isso com a competência de uma equipa muito alinhada. Em Portugal, temos 14 pessoas na área de criatividade, todas a remar no mesmo sentido, em articulação com a equipa do Brasil, para fazer com que a LLYC seja mais relevante no setor da publicidade, sendo mais escolhida pelos diretores de marketing, para os ‘pitches’.

Como não consigo estar em dois lugares ao mesmo tempo, vamos contornando a situação de outras formas, delegando responsabilidades noutras pessoas, tentando ensinar metodologias de trabalho e de criação.

Vai alterando temporadas no Brasil com estadias em Portugal?

Sim. Também temos elementos da equipa portuguesa que vão ao Brasil e colaboradores da brasileira que vêm a Portugal. O Tiago Vidal, [sócio e diretor de talentos e tecnologia da LLYC], foi, no fim de julho, para o Brasil.

Sempre que não conseguimos resolver determinado assunto através de uma chamada telefónica, juntamo-nos presencialmente, aproveitando essas alturas para discutir questões que se prendem com o relacionamento com os clientes e para atualizar metodologias, referências e inspirações, para que possamos todos caminhar no mesmo sentido.

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INCM abre concurso para criação da imagem do novo passaporte

“O autor da ideia/conceito vencedor receberá um prémio no valor de €5.000 e será convidado a apresentar uma proposta de prestação de serviços, com o valor máximo total de €75.000, para execução do projeto de design”, anuncia a Imprensa Nacional Casa da Moeda

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A Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) abriu um concurso para a criação da imagem do novo passaporte eletrónico português. ‘Território Nacional’ é o tema escolhido para a apresentação de propostas, que devem ser entregues até 28 de fevereiro.

“O autor da ideia/conceito vencedor receberá um prémio no valor de €5.000 e será convidado a apresentar uma proposta de prestação de serviços, com o valor máximo total de €75.000, para execução do projeto de design do passaporte, no prazo não superior a 15 dias após a divulgação do resultado do concurso”, salienta a Imprensa Nacional-Casa da Moeda em comunicado de imprensa.

A nova versão do documento terá uma validade de dez anos, em vez dos atuais cinco, devendo os primeiros exemplares com o novo design começarem a ser distribuídos no primeiro semestre de 2026. “As propostas devem ser inéditas e incluir uma ideia/conceito de design para a caderneta como um todo”, esclarece o documento.

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Milk&Black comunica prémios Play

A agência de comunicação e marketing fundada por Diana Taveira e Diogo Dias, ex-apresentadores da MTV Portugal, é responsável pela assessoria de imprensa e pelo marketing de influência da sétima edição dos prémios da música portuguesa, que se realizam a 3 de abril

A Milk&Black é a responsável pela comunicação da edição deste ano dos prémios Play, substituindo a agência de comunicação You Only Live Once, mais conhecida no mercado pela sigla YOLO, que divulgou o evento em 2024.

A agência de comunicação e marketing fundada por Diana Taveira e Diogo Dias, ex-apresentadores da MTV Portugal, trata da assessoria de imprensa e do marketing de influência da edição de 2025 dos prémios que distinguem a música portuguesa, que se realizam a 3 de abril, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

“Desde a nossa fundação, a música sempre fez parte do ADN da Milk&Black e é uma honra colaborar com um evento tão emblemático na celebração do talento nacional e na promoção da música portuguesa”, refere Diana Taveira, CEO da agência, citada em comunicado de imprensa.

Organizados pela Audiogest – Associação para a Promoção da Música, organização sem fins lucrativos criada em 2019 pelos representantes das editoras discográficas multinacionais, nacionais e independentes, os prémios Play têm transmissão em direto, em horário nobre, na RTP1, na RTP Play, na RTP Internacional, na RTP África e na Antena 1.

“Acreditamos que trabalhar em conjunto com a Milk&Black será um passo importante para reforçar a presença e o impacto dos prémios PLAY. Estamos confiantes de que, com o seu profissionalismo e criatividade, conseguiremos comunicar de forma ainda mais eficaz e inspiradora”, salienta Tânia Lourenço, diretora de comunicação do certame.

A assinatura do contrato para a divulgação do evento é divulgada um mês e meio depois da Milk&Black ter anunciado a conquista de 11 novos clientes, incluindo marcas e empresas como Fidelidade, Merrell, Buffalo, Palladium, Mitsubishi Motors, Unicâmbio e Royal Canin, e eventos como o Festival F e o Blissfest.

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CES 2025: IA e a redefinição do futuro do marketing

No CES 2025, que termina a 11 de janeiro, o palco é dado à intersecção entre a IA e a publicidade, demonstrando como o futuro da IA enquanto agente transformador da relação das marcas com os consumidores e da formo como os marketers elaboram as estratégias

Já são conhecidas algumas das novidades do Consumer Electronic Show (CES) 2025, que termina este sábado, 11 de janeiro, em Las Vegas, direcionadas para profissionais de marketing, com o que a inteligência artificial (IA) reserva neste domínio. A Disney destaca-se com soluções baseadas em IA para publicidade direcionada e ‘insights’ orientados por dados, enquanto nos debates o mote é dado pelos agentes de IA e da presença de IA em dispositivos e em simulações, que podem ser oportunidades de marketing.

A apresentação da Disney revela a nova plataforma de streaming da ESPN, que contará com anúncios dinâmicos baseados em IA, adaptados a diferentes públicos no mesmo espaço publicitário, juntamente com a compra programática em tempo real. A empresa também anuncia, pela primeira vez, dados relativos ao número de subscritores dos pacotes de ‘streaming’ suportados por anúncios: as suas plataformas atingem 157 milhões de utilizadores por mês a nível mundial, dos quais 112 milhões estão nos Estados Unidos, segundos os dados citados na Ad Age.

Ferramentas de IA como o Disney Compass, novo painel de controlo que permite acompanhar o desempenho das campanhas publicitárias em tempo real, o Disney Select AI Engine, que prevê segmentos de audiência para otimizar as campanhas, e os anúncios interativos Pause Plus, em que utilizadores interagem com conteúdos gamificados e compráveis, são outras das inovações que chegam em 2025.

O CES é também palco de discussões sobre tecnologias emergentes de IA. Os agentes de IA, capazes de realizar tarefas de forma autónoma com supervisão mínima, que estão a ganhar importância como ferramenta para profissionais de marketing, e é um dos destaques do evento.

A Accenture, consultora de gestão e tecnologia de informação, apresenta-se com um conjunto de 12 agentes de IA, concebidos para centralizar dados, identificar oportunidades de crescimento e otimizar campanhas publicitárias. Jill Kramer, diretora de marketing da Accenture, destaca a importância de compreender estas tecnologias para se manter competitivo. “Este é um momento em que é necessário compreender profundamente esta tecnologia”, argumenta à Ad Age.

A IA em dispositivos, incorporada diretamente nos ‘wearables’, por exemplo, é outro tema na ordem do dia. Esta tecnologia permite que as marcas acedam a dados contextuais mais detalhados, o que pode melhorar a personalização da publicidade. Cathy Hackl, CEO da Spatial Dynamics, empresa de soluções de computação espacial e IA, considera que “a IA em dispositivos está a tornar-se cada vez mais relevante, à medida que os dispositivos portáteis com IA ganham popularidade”. Para os marketers, isto abre portas a experiências imersivas, que ligam as marcas mais diretamente aos consumidores.

A IA de simulação acrescenta outra dimensão de interesse. Com base nas capacidades dos gémeos digitais, as marcas podem agora testar produtos e estratégias de marketing em ambientes virtuais, simulando interações dos consumidores e fornecendo informações que podem aperfeiçoar as campanhas no mundo real. Cathy Hackl destaca o potencial dos grupos de análise sintéticos alimentados por IA, que permitem às marcas “explorar o comportamento do consumidor de formas inéditas”.

Com avanços na personalização, na publicidade imersiva e nos ambientes de teste virtuais, a intersecção da IA com a publicidade posiciona-se como o impulso da inovação no setor em 2025.

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Comunicação

Garnier e Mixa entregam comunicação ibérica à Pin Up Comunicación

“Esta colaboração representa um marco significativo na nossa trajetória, assinalando a expansão dos serviços da Pin Up Comunicación em Portugal”, refere a agência responsável pelo desenvolvimento e implementação dos planos de promoção de ambas as marcas

A promoção da Garnier (na foto) e da Mixa está, a partir de janeiro, nas mãos da Pin Up Comunicación. A agência de comunicação sedeada em Madrid, e especializada em moda, beleza e ‘lifestyle’, expande-se para Portugal com a comunicação das duas marcas de cosmética do grupo L’Oréal.

“Ambas as marcas confiaram à nossa agência a gestão das estratégias de comunicação e relações públicas em Espanha e Portugal. Esta colaboração representa um marco significativo na nossa trajetória, assinalando a expansão dos serviços da Pin Up Comunicación em Portugal”, explica em comunicado de imprensa a empresa que a nível nacional se apresenta como Pin Up Comunicação.

Em Espanha, é o regresso da Garnier à agência que a comunica em território espanhol, entre 2010 e 2019, agora acompanhada pela Mixa, marca de cosmética que chegou ao mercado castelhano em 2024 e que é relançada em Portugal em 2025, após uma primeira introdução em 2015.

“A partir deste mês de janeiro, a Pin Up Comunicación será responsável pelo desenvolvimento e implementação dos planos de comunicação e relações públicas para ambas as marcas, com o objetivo de reforçar a sua posição nos meios de comunicação”, refere o documento.

Na Pin Up Comunicação, a gestão das contas da Garnier e da Mixa está a cargo de Ana Lago, que é apoiada por Ángela Martín na conta da Mixa em Espanha e por Alejandra García, que é responsável pelas contas das duas marcas em Portugal.

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Media

Anteprojeto em discussão autoriza RTP a lançar e encerrar canais

“A RTP1 deve dedicar, pelo menos, 75% das suas emissões, com exclusão do tempo consagrado à publicidade, à difusão de programas originariamente em língua portuguesa”, defende a versão preliminar do novo contrato de concessão, em consulta pública até 7 de fevereiro

O anteprojeto do novo de contrato de concessão de serviço público de media, que abrange televisão, rádio e digital, dá mais autonomia à administração da RTP, permitindo à empresa lançar e encerrar canais.

Em consulta pública até 7 de fevereiro, o documento pressupõe que a RTP “coloque o enfoque do desenvolvimento do serviço público de media no aumento da oferta de serviços ou conteúdos ou funcionalidades nos serviços audiovisuais a pedido e outros serviços digitais”.

Além de um canal informativo e de um serviço de programas elaborado com base nos arquivos da empresa, a proposta em discussão abrange seis rádios e três serviços audiovisuais, que complementem a programação linear.

Um deles deve apostar em “conteúdos diversificados de natureza informativa, educativa e de entretenimento”, o outro é descrito como “um serviço audiovisual a pedido ou um serviço digital, de natureza educativa, designadamente de natureza lúdico-pedagógica” e o terceiro deve disponibilizar “os documentos sonoros e audiovisuais de relevante valor histórico, sociológico, científico, educativo ou artístico, promovendo a salvaguarda da memória coletiva”.

O anteprojeto do novo de contrato de concessão de serviço público de media mantém a publicidade na RTP para além de 2027, como confirmou, a 7 de janeiro, Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, em entrevista à CNN Portugal.

“A RTP1 deve dedicar, pelo menos, 75% das suas emissões, com exclusão do tempo consagrado à publicidade, à difusão de programas originariamente em língua portuguesa”, refere ainda a versão preliminar do novo contrato de concessão de serviço público de media, que se procura adaptar à nova realidade do mercado nacional.

“Tendo em conta as significativas e impactantes evoluções que o setor da comunicação social tem sofrido, muito por força do vertiginoso desenvolvimento tecnológico, torna-se imperioso e mesmo urgente adaptar a realidade da RTP à realidade presente e, não menos importante, preparar a RTP para os desafios futuros”, justifica o Governo na nota introdutória do documento.

Em vigor desde 2015, o atual contrato de serviço público de rádio e televisão, válido por um período de 16 anos, nunca foi revisto, apesar de prever revisões quadrienais. Após a consulta pública, serão pedidos pareceres à Entidade Reguladora para a Comunicação social (ERC) e ao Conselho Geral Independente da RTP.

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Marketing

EasyJet contrata FCB Lisboa para potenciar negócio

“A reputação criativa e o entendimento profundo da equipa da FCB ajudar-nos-ão certamente a reforçar a nossa marca e a conexão com os nossos clientes em Portugal”, frisa Noemi Frisoli, diretora de marketing da companhia para a região sul da Europa

A easyJet está a trabalhar com a FCB Lisboa. A colaboração entre as duas entidades marca um novo capítulo na abordagem de marketing da companhia de aviação, que pretende aumentar a visibilidade para potenciar o negócio, numa altura em que reforça o número de rotas em Portugal.

“O mercado português é uma prioridade para a easyJet, e estamos muito satisfeitos por colaborar com a FCB Lisboa. A reputação criativa e o entendimento profundo da equipa da FCB ajudar-nos-ão certamente a reforçar a nossa marca e conexão com os clientes em Portugal”, frisa Noemi Frisoli, diretora de marketing da easyJet para a região sul da Europa, citada em comunicado de imprensa.

A assessoria de imprensa e as relações públicas da easyJet continuam a ser asseguradas em Portugal pela Tinkle, com as campanhas de marketing de influência a serem distribuídas consoante as necessidades e os propósitos das comunicações, soube o M&P.

“A personalidade atrevida e a abordagem disruptiva da easyJet no setor aéreo ressoam perfeitamente com a nossa visão criativa. Este é um momento emocionante para criarmos histórias que voem alto e se conectem verdadeiramente com os consumidores”, refere Edson Athayde, CEO e diretor criativo da FCB Lisboa, citado no documento.

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Digital

Marketers e anunciantes preparam-se para proibição do TikTok

O YouTube Shorts emerge como alternativa, de par com o Reels do Instagram. O Supremo Tribunal dos Estados Unidos analisa hoje, 10 de janeiro, o último recurso da plataforma contra o projeto de lei que obriga a sua venda, para poder continuar a operar no país 

Com a possibilidade iminente de o TikTok ser proibido nos Estados Unidos a partir de 19 janeiro, alguns anunciantes têm esperança de que a plataforma continue a operar. Outros, por seu lado, já estão a preparar-se para a eventualidade da proibição, focando-se em alternativas como o YouTube Shorts, por exemplo, noticia a Ad Age.

O destino do TikTok está dependente do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, que analisa hoje, 10 de janeiro, o último recurso da plataforma contra o projeto de lei que obriga a proprietária chinesa ByteDance a vender a rede social nos Estados Unidos, para poder continuar a operar no país.

Alguns anunciantes estão a planear cautelosamente para esta eventualidade, com alguns publicitários a aconselharem uma interrupção nos investimentos no TikTok a partir de 18 de janeiro para evitar perdas de receitas, de acordo com Kerry McKibbin, presidente da agência norte-americana criativa Mischief, citado na Ad Age.

Apesar da incerteza, muitas marcas continuam a investir no TikTok, aproveitando o apelo à geração Z e as capacidades de marketing da plataforma. Outras estão a preparar planos de contingência, concentrando-se em formatos como o Reels do Instagram e o Shorts do YouTube. “As marcas mais experientes têm estado a migrar conteúdos e a testar alternativas há meses”, observa Kerry McKibbin.

“Enquanto o TikTok estiver operacional, as marcas devem aproveitar a oportunidade”, argumenta Ellie Bamford, diretora de estratégia da VML na América do Norte, acrescentando que, no entanto, as marcas “devem preparar-se e pensar de forma criativa sobre como criar conteúdos que funcionem em outras plataformas”.

O YouTube Shorts está a emergir como a alternativa preferida, oferecendo um formato e um alcance de público semelhantes aos do TikTok. Denis Crushell, diretor comercial da empresa de marketing contextual em vídeo Precise.TV, confirma que “as marcas estão a apostar cada vez mais nos Shorts como uma estratégia de ‘redução de riscos’. A ‘connected TV’ está também a ganhar força, devido ao crescente potencial comercial”.

Embora alguns anunciantes continuam otimistas quanto à possibilidade de o TikTok negociar uma solução, há quem acredite que é provável uma proibição, pelo menos temporariamente, enquanto Donald Trump tenta arranjar uma solução, o que pode demorar entre dias 0u meses.

As marcas com parcerias de longo prazo com o TikTok estão a exigir garantias de reembolso dos investimentos, algo a que a plataforma já se comprometeu, enquanto aquelas com planos mais flexíveis estão a adaptar as suas estratégias para aproveitar as oportunidades em plataformas alternativas.

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Colaboradores do Discovery Hotel Management protagonizam campanha de recrutamento (com vídeo)

No vídeo da campanha da Uzina, os colaboradores Bruno Anjo, Sofia Falcão (na foto), Micaela Arnejo e Vicelmo Massango usufruem de momentos de lazer proporcionados pela empresa. Facebook, Instagram, YouTube e Google Display são os meios abrangidos

A nova campanha de recrutamento do Discovery Hotel Management (DHM), grupo nacional de gestão hoteleira, é protagonizada pelos colaboradores do grupo. Com criatividade da Uzina, a campanha com o mote ‘Preparado para uma grande estadia?’ dá voz às histórias de quem faz parte da equipa e convida novos talentos a juntarem-se à DHM.

No vídeo da campanha, os colaboradores da DHM, Bruno Anjo, Sofia Falcão, Micaela Arnejo e Vicelmo Massango, celebram momentos de lazer proporcionados pela empresa nos seus dias de aniversário, como uma experiência de SPA, à prática de golfe ou um pequeno-almoço servido no quarto. A campanha está disponível nas plataformas da Meta (Facebook e Instagram), no YouTube e na rede de publicidade em ‘display’ da Google.

“Na DHM, acreditamos que o sucesso do nosso negócio assenta nas pessoas que fazem parte da nossa equipa. Esta campanha de recrutamento reflete o nosso compromisso em atrair e reter os melhores talentos, oferecendo-lhes não só oportunidades de crescimento profissional, mas também um ambiente de trabalho onde se sintam valorizados e felizes”, destaca Mara Leitão, diretora de recursos humanos da DHM, em comunicado de imprensa.

Com vagas em áreas como ‘housekeeping’, receção, restauração, SPA ou manutenção, a DHM procura, com esta campanha, “atrair profissionais que valorizam um ambiente de trabalho feliz, inspirador e repleto de possibilidades de crescimento”, lê-se no comunicado de imprensa. Os interessados podem consultar as vagas disponíveis no site da DHM e candidatar-se através da plataforma de recrutamento do grupo.

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Marketing

Criatividade e IA estão no centro do Boost 2025 sobre marketing de turismo

Roberto Antunes (na foto), diretor executivo do NEST, salienta que “o Boost vai levar-nos numa viagem pelos vários estágios de criação da experiência do consumidor, desde a ideação e comunicação, até à ativação de ‘touch-points phygitais’, pesquisa e relações com clientes”

O Centro de Incubação de Base Tecnológica do Turismo e a Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril recebem a 17 de janeiro o Boost – The Experience, evento promovido pelo Centro de Inovação do Turismo (NEST), que vai reunir líderes e especialistas para explorar o impacto da inteligência artificial (IA) no marketing e recursos humanos do setor do turismo, entre outros temas.

O tema central do Boost 2025 é o papel da IA na redefinição do turismo, na criação de experiências mais personalizadas para viajantes e na otimização de operações no setor, por exemplo, com destaque para as apresentações de Álvaro Meléndez, criativo, contador de histórias e fundador da startup de IA CRANT, que demonstrará como a IA pode ser uma poderosa ferramenta na construção de marcas e na criação de narrativas envolventes para estratégias de marketing. Duncan Wardle, antigo líder criativo da Disney, por seu lado, falará sobre formas de desbloquear a criatividade no trabalho e criar experiências memoráveis que inspiram colaboradores e clientes.

Entre os nomes internacionais que marcam presença encontram-se Barry Rogers, chefe da Unidade de Turismo da Cidade de Dublin, e Hany Abdelkawi, diretor de vendas de viagens e crescimento internacional da Google, entre outros. No que se refere a profissionais nacionais, participam António Sacavém e Ana Sacavém, parceiros e consultores da Leadership and Communication Academy e cofundadores da marca Linguagem Corporal, bem como Patrícia Araújo, representante da Biosphere Portugal, entre outros por anunciar.

“Com os olhos postos nas tendências atuais, o Boost pretende, mais uma vez, apoiar o progresso do setor do turismo através da aceleração e reinvenção, discutir caminhos de crescimento e captar bons exemplos nacionais e internacionais para aplicação no tecido empresarial português, afirmando-se como o maior fórum de discussão sobre inovação no setor alguma vez realizado em Portugal”, refere Roberto Antunes, diretor executivo do NEST, que acrescenta que “o Boost vai levar-nos numa viagem pelos vários estágios de criação da experiência do consumidor, desde a ideação e comunicação, até à ativação de ‘touch-points phygitais’, pesquisa e relações com clientes”.

Quanto à agenda, de manhã decorrem as sessões sobre tendências futuras, como o impacto da IA e da economia da experiência, com contributos de empresas globais como a Google e a Mastercard. Durante a tarde, há painéis sobre destinos sustentáveis, workshops de IA aplicados ao turismo e experiências imersivas promovidas pelo Centro Avançado de Saúde Mental e Investigação.

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Digital

IA beneficia negócios mas leva ao esgotamento, alerta investigação

Investir em inteligência artificial é vantajoso, porque aumenta o retorno sobre o investimento, apesar dos riscos para a saúde mental dos colaboradores. 63% sentem-se desmotivados com a redução do trabalho criativo, segundo o estudo da consultora EY, a que o M&P teve acesso

A utilização de inteligência artificial (IA) nas empresas tende a ser benéfica para a generalidade dos negócios, mas leva ao esgotamento dos colaboradores, alerta um estudo internacional da consultora EY, a que o M&P teve acesso, elaborado com base nas respostas de 500 executivos norte-americanos a um inquérito.

Embora estimule a inovação no desenvolvimento de produtos e serviços, aumente o grau de satisfação dos consumidores e amplifique o retorno sobre o investimento, o uso regular de IA generativa afeta a saúde mental dos colaboradores, aponta o estudo da empresa Upwork, feito junto de uma amostra de 2.500 colaboradores, que serviu de base à análise comparativa da EY.

Além de 73% dos inquiridos se sentirem frustrados por considerarem que não têm formação suficiente para trabalhar com os programas de IA, 63% sentem-se desmotivados com a redução do trabalho criativo. E 53% queixam-se do excesso de informação com que têm de lidar na sequência da utilização de IA. Este grau de insatisfação faz com que 54% dos executivos sintam que estão a falhar enquanto líderes.

“Pressionados para obterem resultados rapidamente, os inquiridos dizem estar menos confiantes nas suas capacidades de liderança, ao passo que os colaboradores se sentem-se sobrecarregados e preocupados com o impacto dessa utilização nos custos [para as empresas] e na sustentabilidade”, refere o estudo comparativo da EY.

Segundo o documento, as organizações onde 95% dos inquiridos trabalham já investem em IA, com 84% dos gestores a usá-la para aumentar a eficiência operacional, 82% para aumentar a produtividade, 77% para aumentar a vantagem competitiva, 75% para aumentar a satisfação dos clientes e 75% para aumentar a inovação de produto.

“Esta investigação confirma que a IA já está a acrescentar um valor substantivo que merece um investimento contínuo”, refere Dan Diasio, diretor global de consultoria em inteligência artificial da EY. Ainda que 90% dos inquiridos afirmem que são incentivados a utilizar regularmente a IA, 80% reclamam da falta de formação adequada para o fazer.

“À medida que o uso de IA generativa se intensifica, há executivos que se esquecem da gestão da mudança e do processo de transformações necessárias a uma evolução como a que está a acontecer”, critica Dan Diasio, que, além do aumento da formação em IA, também recomenda priorização da construção de infraestruturas de dados para agilizar processos.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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